quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Elogios externos ao etanol brasileiro

Em novembro, a cidade de São Paulo foi palco da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, promovida pelo governo federal. Com a presença de delegados de 92 países, o encontro teve como meta a promoção dos benefícios do etanol e a quebra de barreiras internacionais para a comercialização do combustível. Desta forma, caminha-se rumo à transformação do etanol em uma commodity mundial.

O interesse de diversos países em nosso combustível não é novidade. No final de 2008, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para Luiz Inácio Lula da Silva e elogiou o programa de biocombustíveis do Brasil. Os Estados Unidos são o maior mercado brasileiro para a exportação do etanol. Na ocasião, a menção quase tímida de Obama à nossa energia renovável foi encarada como um grande avanço nas negociações para a quebra de barreiras internacionais ao etanol do Brasil, além de sinalizar uma disposição dos norte-americanos em rever as políticas de comércio exterior entre os dois países.

Com diferenciais competitivos de alto valor agregado, o etanol brasileiro representa a possibilidade de distribuir ao mundo uma fonte limpa, sustentável e economicamente viável. Vale ressaltar ainda que o resíduo do processo das usinas sucroalcooleiras ainda reforça a matriz energética brasileira, com a possibilidade de gerar energia elétrica, por meio do bagaço e da palha da cana-de-açúcar.

Os pontos positivos do etanol do Brasil despertam ainda o interesse de países como Japão, Suécia, Arábia Saudita, Holanda, Alemanha, México e Estados Unidos. Este ano, as usinas brasileiras receberam diferentes delegações internacionais, que vieram conhecer o processo produtivo aplicado na área agrícola e industrial.

Exemplo deste potencial e reconhecimento foi a distribuição para a Suécia, em julho, do primeiro embarque de etanol com a verificação de importantes critérios de sustentabilidade. A operação comercial foi resultado de um contrato pioneiro firmado entre as usinas brasileiras Alcoeste, Cosan, Guarani e NovAmérica com a empresa sueca Sekab - a maior compradora de etanol brasileiro na Europa.

O acordo demonstrou a iniciativa das companhias envolvidas no contrato em dar um primeiro passo para um processo de melhoria contínua para atender a um dos mais exigentes consumidores do mundo. É importante notar que as usinas foram capazes de atender às exigências do consumidor europeu sem alterar as práticas correntes de operação.

Todos esses atributos do etanol brasileiro devem ser valorizados não apenas na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, mas, principalmente, no dia-a-dia do nosso presidente Lula - caso queira continuar ressaltando nossas potencialidades.

No momento em que se encontra a economia atual, serão necessários fortes investimentos no setor para que ele não perca a competitividade e seu desempenho frente ao mercado externo.

A morosidade na homologação e repasse dos recursos financeiros por parte do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - irá implicar tanto em descrédito como na baixa contribuição para a economia nacional.

Um dos pontos mais carentes de investimento do governo está na ampliação da matriz energética nacional por meio do setor sucroalcooleiro. Com a crescente demanda do País por energia elétrica, as usinas surgem como importante alternativa para garantir o desenvolvimento e equilíbrio brasileiro na co-geração de energia.

Além de ser renovável, a energia produzida pelo bagaço e palha da cana-de-açúcar tem a virtude de ampliar o fornecimento de eletricidade justamente num período de escassez de chuvas, quando os reservatórios das hidrelétricas e represas alcançam seus níveis mais baixos. Caso houvesse incentivo do governo, as usinas brasileiras poderiam gerar energia equivalente à hidrelétrica de Itaipu.

Com os devidos repasses, o setor ganha fôlego para dar andamento aos projetos de construção, ampliação e manutenção das usinas, além de gerar novas e boas oportunidades de comércio no exterior e no País. O governo federal também sai ganhando, porque pode potencializar sua liderança regional e global e firmar-se como exportador de know-how e tecnologia de produção.


Pedro Mizutani é vice-presidente geral da Cosan, que recentemente adquiriu a Esso, tornando-se a maior produtora e processadora de cana-de-açúcar do mundo e uma das maiores produtoras de etanol.

Fonte: Gazeta

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Mandioca-doce vai virar etanol em escala industrial, diz Embrapa

09/01/09 - É esbanjando glicose e sacarose que a mandioca açucarada entrou para a lista de matérias-primas que podem ser convertidas em etanol. A variedade da raiz está na mesa de poucos brasileiros - vira mingau e xarope de glicose no Norte do País onde é conhecida como mandiocaba - e nos laboratórios da Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) de Brasília.

O pesquisador Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho redescobriu o tubérculo, antes usado pelos indígenas na alimentação e produção de cachaça, há dez anos. De lá para cá desenvolve estudos para a produção de etanol a partir da mandioca-doce. Segundo Carvalho, é possível encontrar 25% de glicose e pelo menos 10% de sacarose nessa raiz. "O açúcar que tem na cana é só sacarose, e apenas 12%", compara.

Castelo explica que a "composição de açúcar dessa planta confere uma rapidez ao processo de conversão em álcool", já o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado. Além de dispensar o processo de hidrólise e adição de enzimas (importadas), o que pode reduzir o custo energético em até 40%.Cada hectare de mandiocaba rende 14 metros cúbicos (m3) de álcool. Pelo processo convencional de hidrólise de amido da mandioca o rendimento é em torno de 6,4 m de álcool por um processo de fermentação que dura até 70 horas, enquanto o processo tradicional da cana-de-açúcar chegou a 8 m em 48 horas.

Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, a mesma quantidade de mandioca pode produzir 211 litros do combustível. Porém, os custos de produção da cana-de-açúcar são menores em cerca de 50% quando comparados aos da mandioca.
A variedade, até então privilégio da região Norte do País, está sendo cultivada pelos técnicos da Embrapa no cerrado. Lá a produtividade é até quatro vezes menor, mas melhoramentos genéticos estão sendo realizados para se colher mais mandioca-doce no meio-oeste do País. É dos hectares de testes plantados em Brasília que vão sair as toneladas a serem processadas em escala industrial.

Em parceria com a Usinas Sociais Inteligentes, de Porto Alegre (RS), será montada em março um complexo de destilaria na capital do País para produzir etanol a partir de mandioca-doce em escala industrial, 400 litros por dia, e experimental. "Precisamos conhecer ao certo a viabilidade econômica para levar a tecnologia até o Pará", diz Castelo.

Não existe um levantamento sobre a quantidade de mandioca açucarada produzida no Brasil, mas é certo que é no solo paraense que se concentra o maior número de plantas, principalmente na região nordeste do estado e na ilha de Marajó.

O pesquisador da Embrapa Pará, Edson Sampaio, explica que o consumo é doméstico e está concentrado no interior. "São produtores pequenos e eles estão espalhados. Ainda falta material genético para desenvolvermos etanol a partir de mandioca aqui".
O agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Abaetetuba (PA), Flávio Ikeda relata que já foram implantados dois campos de multiplicação de material genético para distribuição de mudas. "Se precisasse plantar em larga escala não haveria mudas suficientes", situação que deve ser revertida com os campos.

Brasil Ecodiesel questionada

As últimas oscilações registradas com as ações emitidas pela Brasil Ecodiesel na Bovespa levaram a Comissão de Valores Mobiliários a questionar a empresa solicitando justificativa para a valorização superior a 53% registrada só na última quarta-feira. A Brasil Ecodiesel alegou desconhecer o motivo.

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