sexta-feira, 27 de junho de 2008

O porquê de Obama defender o Etanol de milho

O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, já deixou clara sua defesa ao etanol de milho, muito menos competitivo que o nosso álcool de cana. O que não se sabia era a forte ligação de alguns de seus mais importantes assessores com esse setor. Uma reportagem do The New York Times cita dois exemplos: um ex-senador que acompanha Obama em suas agendas com produtores faz parte da diretoria de três usinas de etanol de milho. Outro conselheiro do candidato democrata tem fortes vínculos com o gigante ADM, a maior produtora de etanol dos EUA. Aliás, o próprio Obama já havia usado um jatinho da ADM durante a campanha.

Fonte: O filtro

'Economist' defende fim da tarifa dos EUA ao etanol do Brasil

A revista britânica The Economist traz na edição que chega às bancas nesta sexta-feira um artigo em que elogia o etanol brasileiro, dizendo que o combustível é alvo de críticas injustas, e defende o fim da tarifa imposta pelos Estados Unidos à importação do combustível produzido no Brasil.

Intitulado Lean, green and not mean (Enxuto, verde e bom, em tradução livre), o texto disse que os argumentos em favor do fim da tarifa de US$ 0,54 por galão (cerca de R$ 0,22 por litro) “foram fortalecidos pela alta no preço do petróleo e pelas enchentes que destruíram as lavouras de milho no Meio Oeste” dos Estados Unidos, usadas para produzir etanol no país.

“Isso fez com que os preços do milho subissem muito e tornou a idéia de subsidiar a lavoura para produzir etanol uma idéia ainda pior do que era antes, visto que, em vez disso, há um etanol mais verde e barato que os Estados Unidos poderiam comprar do Brasil.”

A revista defende o etanol brasileiro das críticas mais comuns feitas a ele, como a de que a produção do biocombustível teria colaborado para o aumento mundial no preço dos alimentos e incentiva produtores a devastar trechos de floresta amazônica para aumentar sua área para plantação.

“Tais preocupações são aparentemente prematuras”, diz o artigo, argumentando que a área reservada para produção extensiva de gado é muito maior que a dedicada à cana e que a lavoura pode aproveitar áreas de pasto degradadas com “pouco ou nenhum efeito sobre o preço da carne”.

“Protecionistas hipócritas”

Além disso, a revista diz que a maior parte do etanol brasileiro é produzida em canaviais “a milhares de quilômetros da Amazônia, no Estado de São Paulo ou no Nordeste”.

A Economist reconhece que, no Brasil, os trabalhadores que atuam na colheita da cana enfrentam condições duras e que houve casos de pessoas sendo submetidas a condições de semi-escravidão – outra crítica feita à produção do etanol no Brasil.

“O corte da cana é um trabalho de quebrar as costas, e todo ano algumas pessoas morrem durante a colheita”, diz o artigo, que ressalta, entretanto, que outros tipos de lavoura matam mais trabalhadores rurais no Brasil.

O texto conclui dizendo que, para os brasileiros, os estrangeiros que defendem barreiras ao etanol em nome do meio ambiente ou da alta dos alimentos são “protecionistas à antiga em um disfarce hipócrita” e que a tarifa “deve acabar”.

Fonte:

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Etanol: Relação Custos X Benefícios

Por Mauro Kahn

Os biocombustíveis encontram-se hoje no centro da discussão energética global, especialmente o programa brasileiro para a produção de álcool – criticado e defendido com o mesmo fervor por diversos especialistas e integrantes do setor energético. Deste debate, muitas vezes desviado pela desinformação do público, decorre uma série de mitos.

Dentre eles, resolvi selecionar três que julgo essencialmente importantes para levar esta discussão adiante. São eles:

Mito 1 – O Brasil poderá ser responsabilizado pelo aumento dos alimentos no mundo.

Mito 2 - O álcool é um combustível de extrema eficiência e capaz de substituir o petróleo com o espetacular aumento no preço do barril.

Mito 3 - O álcool é um combustível ecológico e o planeta será favorecido por seu uso intensivo.


Analisando o mito 1

O argumento é exagerado, uma vez que o aumento dos alimentos decorre de uma serie de fatores que independem do Brasil. Por outro lado, é possível afirmar que esta demanda crescente por alimentos não deixa de ser uma ótima oportunidade para que o país venha a se tornar o maior exportador de alimentos do mundo. É possível visualizar o problema quando projetamos o avanço dos canaviais através dos estados do Paraná, Matogrosso, Goiás e Minas Gerais. É certo que o Brasil necessitará de uma organização e controle agrários acima daquele que dispomos hoje para impedir que essa expansão prejudique a pecuária e culturas geradoras de grãos.

Sem dúvida alguma, a plantação da cana-de-açúcar é bastante rentável, apresenta resultados rápidos e demanda investimentos relativamente menores do que outras atividades substitutas. A cana-de-açúcar é - de fato - uma monocultura com expressivas “barreiras de saída”. Por outro lado (ou justamente por isso), torna-se quase inviável o retorno para a atividade anterior. E, destarte, não é recomendável colocarmos todos os nossos os ovos em uma única cesta.


Analisando o mito 2

Esse é um aspecto raramente colocado em xeque, no entanto de máxima importância. Ao contrário do que pode parecer a princípio, a cana-de-açúcar não produz tanta energia quanto setores interessados parecem sugerir.

Lembremos que um hectare (10 000 m²), caso totalmente plantado, produz em média cerca de 7 000 litros de álcool. Levando em consideração que um carro movido a álcool consome, também em média, cerca de 3 500 litros por ano, pode-se calcular que será necessário meio hectare para abastecê-lo.

A título de exemplo, os jardins do Aterro do Flamengo - no Rio de Janeiro - possuem uma dimensão estimada em 120 hectares. A partir daí, não fica difícil imaginarmos que, se transformássemos a região em um extenso canavial, iríamos atender ao consumo de uma frota com apenas 250 automóveis (aproximadamente).

Observe que, para atendermos ao consumo da frota de automóveis da cidade do Rio de Janeiro - estimada em 2,5 milhões de veículos - seriam necessários cerca de 10 mil Aterros!

Naturalmente, estes dados não excluem o valor do álcool como combustível complementar ao petróleo e ao gás natural. Quem viveu a década de 80, ainda se recorda da ajuda que o álcool nos proporcionou em plena crise do petróleo. Entretanto, cabe ressaltar que, naquela época, nossas reservas petrolíferas eram infinitamente inferiores às atuais, e que o GNV nem sequer era cogitado no Brasil. Hoje, não se pode mais colocar a questão sob a mesma perspectiva e nem o mesmo contexto. Não se pode olhar para trás.


Analisando o mito 3

Não há qualquer dúvida de que o álcool propriamente dito seja um combustível muito mais limpo do que os derivados do petróleo. No entanto, ao aprofundarmos a questão, este suposto ganho ecológico não se sustenta da mesma maneira.

Em primeiro lugar, o álcool não evita o consumo do óleo diesel, consideravelmente mais poluente do que a gasolina (muito pelo contrário: na realidade, ele indiretamente estimula este consumo, uma vez que o combustível é utilizado no transporte do álcool para os grandes centros). Além disso, não podemos ignorar as queimadas realizadas antes da colheita, outra fonte expressiva de poluentes.


A conclusão a que se chega, após todas as questões expostas, é de que o álcool surge ideal para metrópoles como São Paulo, onde uma frota incrivelmente grande acaba por gerar uma poluição insuportável. Já para uma cidade como Manaus - que por muito tempo poderá contar com as expressivas reservas de petróleo e gás de URUCU - o consumo de álcool não encontra justificativa razoável.


Mauro Kahn é analista da geopolítica do petróleo e do meio ambiente, e foi o fundador do Clube do Petróleo

Brasil vai fornecer etanol para a Suécia

As usinas brasileiras Cosan, Alcoeste, Guarani e Nova América firmaram contrato com a sueca Sekab, para a vender 115 milhões de litros de etanol à Suécia. A Sekab controla cerca de 90% do mercado de etanol utilizado em veículos no país europeu.

O contrato de cerca de R$ 107 milhões, considera o preço médio de exportação do biocombustível, R$ 0,85 por litro, e mais um prêmio de 5% a 10%, referente ao nível de pureza do etanol enviado ao país.

O primeiro embarque ocorreu na semana passada. A Suécia optou pelo negócio depois de comprovar a sustentabilidade do álcool brasileiro. Só este ano, o país europeu deve consumir 800 milhões de litros de etanol, sendo a metade importada do Brasil.

Fonte:

Shell na cana

A Shell vai investir em etanol de cana-de-açúcar. “Quando se analisa a produção no Brasil, está claro que é atrativo e achamos que esse modelo é sustentável em termos ambientais”, afirmou o chefe do departamento de tecnologia da Shell, Jan van der Eijk.

Fonte:

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Etanol padronizado

EUA, Brasil e União Européia aceleram medidas para criar padrões mundiais para tornar o etanol uma commodity internacional, o que ampliará seu uso, disse Gregory Manuel, do Departamento de Estado dos EUA, à Bloomberg. Dirigentes do governo e do setor devem finalizar os métodos de padronização, como teor de água e de energia, até dezembro.

Fonte:

Da Agência

Etanol: Barack Obama e John McCain falam sobre relações com o Brasil

Barack Obama defende cópia nos EUA de modelo do Brasil, que implantou sua política do álcool há mais de 20 anos, com grandes subsídios governamentais. Candidato só acabará com sobretaxa ao produto brasileiro depois que a produção americana estiver bem estabelecida

John McCain quer acabar com os impostos sobre as importações de etanol e defende diminuição de subsídios agrícolas, para que a competição diminua o preço dos alimentos. O candidato propõe ainda um grupo – como o G8 – só de potências econômicas democratas, que incluiria o Brasil

veja integra da matéria aqui.

Veja Também:

McCain critica subsídios agrícolas e elogia o etanol

Osmar Freitas Jr.
Fonte:

Da Agência

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Demanda fortalece álcool combustível

Relegado a segundo plano durante toda a década de 1990 e início dos anos 2000, o mercado de álcool combustível encontrou novamente seu rumo e engata uma vigorosa rota de crescimento no Brasil, sustentado, sobretudo, pelo aumento do consumo do combustível no país, com as vendas dos carros flex. E as exportações do etanol, que eram praticamente traço nas estatísticas dez anos atrás, dão sinais de recuperação, puxadas pela demanda americana, mesmo com forte lobby internacional contra os biocombustíveis.

"Os EUA são, pelo segundo ano consecutivo, o principal destino do álcool brasileiro", diz Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro. A expectativa é de que as usinas exportem 4,8 bilhões de litros na safra 2008/09, alta de 39% sobre o ciclo anterior. O mercado americano deverá absorver dois terços deste volume. União Européia e Ásia, sobretudo o Japão, que tem interesse em produzir o álcool em parceria com o Brasil, respondem pelo restante.

Apesar de serem os maiores produtores mundiais de etanol, os EUA não devem conseguir suprir sua demanda interna, estimada em 34 bilhões de litros. A produção naquele país está estimada em cerca de 30 bilhões de litros. A escalada dos preços do milho, principal matéria-prima para o etanol americano, tornou o álcool brasileiro super competitivo naquele mercado, mesmo com a tarifa de US$ 0,54 por galão e 2,5% de tarifa ad valorem. O álcool chega nos EUA a US$ 2,67 por galão. É praticamente mesmo valor que os americanos gastam para produzir o álcool deles, em torno de US$ 2,70 por galão. Os custos vão subir ainda mais lá, com as fortes chuvas inundando as lavouras de milho.

Nastari não acredita que o governo americano derrube a tarifa de importação do etanol, pelo menos no curto e médio prazos. Mas considera que os EUA poderão estimular a entrada de álcool de outros mercados, com a criação de salvaguardas, para acirrar a competitividade naquele mercado.

Mas, apesar da combinação de fatores positivos para o mercado brasileiro de álcool - consumo aquecido no país e recuperação das exportações -, as usinas operam atualmente no vermelho. Os custos de produção do álcool hidratado estão em R$ 0,7126 (o litro). No mercado paulista, o produto está cotado a R$ 0,63.

Para Nastari, há falhas na comercialização do produto no país, que vão desde a oferta maciça do combustível durante os sete meses de safra, a falta de infra-estrutura para armazenagem do álcool durante a entressafra, além da necessidade de criação de liquidez para o mercado futuro do etanol na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). "Há um cenário ajustado de oferta e demanda para o álcool no país. Mas essas deficiências na comercialização respondem pela forte sazonalidade dos preços ."

Para esta safra, a Datagro estima uma produção de álcool de 26,71 bilhões de litros no Brasil, aumento de 19,2% sobre o ciclo anterior. O consumo no mercado interno está estimado em 21 bilhões de litros. Há dois anos, o consumo era de 1 bilhão de litros mensais. Neste ano, gira em torno de 1,8 bilhão de litros, um salto de 80%.


Mônica Scaramuzzo
Fonte:

terça-feira, 17 de junho de 2008

Prêmio Nobel defende benefício do etanol ao planeta

O integrante do grupo que recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2007 e também responsável pelo primeiro ônibus movido a etanol do Brasil, José Roberto Moreira, defendeu ontem, em Curitiba, o uso do álcool combustível e descreditou ao seu uso o aumento do preço dos alimentos.

Moreira esteve na capital para participar do I Seminário Internacional Sobre Aquecimento Global nas Cidades, promovido pelo Instituto Superior de Administração e Economia/Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV).

Doutor em Física pela Universidade de São Paulo (USP), o estudioso aponta o etanol como grande colaborador para frear o aquecimento do planeta. De acordo com Moreira, trata-se de combustível que não emite gases que provocam o efeito estufa, poluindo até 70% menos do que o óleo diesel.

Além disso, defende, o etanol é uma fonte energética segura. O pesquisador diz que os países poderiam produzir “em casa” o que precisam ou adquiri-lo de países mais estáveis politicamente do que os que vendem combustíveis fósseis.

No Brasil, a cana-de-açúcar é a grande fonte de matéria-prima deste tipo de combustível. Aumentar sua produção, para Moreira, também seria uma forma de criar mais empregos no campo.

Além disso, complementa, por trás das críticas ao aumento da produção de etanol escondem-se interesses de empresas ligadas ao petróleo e alimentícia. E ele vai além, defendendo que o aumento mundial dos preços dos alimentos não pode ser creditado ao etanol, já que representa apenas 1% dos combustíveis usados no planeta.

O governo brasileiro está para lançar o zoneamento agrícola para cana, dentro do Programa Brasileiro de Desenvolvimento de Biocombustíveis. O Brasil já tem um bom mercado para o etanol, mais ainda há muito para crescer. Hoje, a metade dos veículos são a álcool. No entanto, o combustível ainda representa 14% do utilizado, se comparado com os derivados de petróleo usados em outras áreas.

Elizangela Wroniski
Fonte: Paraná OnLine

Cana-de-açúcar deverá ficar fora da Amazônia

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, disse nesta segunda-feira que o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar é o mais completo estudo já feito no Brasil sobre o produto. O estudo deve ser concluído em 31 de julho.

De acordo com o ministro, já estão mapeadas as áreas de pastagens, que têm preferência para a expansão da cana-de-açúcar. ´Ainda estão em elaboração os critérios para estabelecer as áreas de restrição que dependem de decisão de governo.

O zoneamento em estudo vai determinar onde será possível plantar cana-de-açúcar no Brasil, as áreas que terão incentivo do governo para o plantio, principalmente a degradadas como as de pastagens, e onde será totalmente proibido o cultivo do produto.

O bioma amazônico deverá ser uma das áreas de restrição total para expansão da cana-de-açúcar, que serão definidas pelo zoneamento agroecológico da cultura. A informação foi dada nesta segunda-feira pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que anunciou para 31 de julho a apresentação do mapeamento.

- Como princípio inicial, a Amazônia está fora - afirmou Stephanes, após participar de reunião para discutir o zoneamento. No entanto, disse ele, o acordo final sobre a possibilidade de utilização de áreas de floresta para plantio de cana-de-açúcar será “uma decisão de governo”, e não só do ministério.

O zoneamento agroecológico definirá em que áreas a cana-de-açúcar poderá ser produzida. O mapa valerá apenas para expansão da cultura, sem afetar os atuais produtores.

O Ministério da Agricultura já concluiu o mapeamento das áreas aptas a produzir cana-de-açúcar, o das áreas proibidas, como unidades de conservação e reservas indígenas, e o das áreas degradas e de pastagem, que, de acordo com Stephanes, serão utilizadas preferencialmente. Somente na Região Centro-Oeste, foram identificadas mais de 50 milhões de hectares de áreas aptas.

- Falta definir os critérios para estabelecer outras áreas de restrição. Por exemplo, se o bioma amazônico será todo ou não-todo, definir eventuais exceções - afirmou.

Atualmente, a produção de cana-de-açúcar no bioma amazônico (que não inclui estados como Mato Grosso e Maranhão, que fazem parte da Amazônia Legal) está restrita a poucos núcleos – cerca de cinco – segundo Stephanes, entre eles áreas de usinas já desativadas no Amazonas e no Acre.

O ministro ressaltou que outras culturas poderão ser substituídas pela da cana-de-açúcar “se o planejamento envolver essa necessidade”.

- Em principio, não se deseja a substituição de cultura. Mas se você tem uma usina com uma área de pastagem ao lado, e logo em seguida, uma de cultura e novamente uma de pastagem, não se poderá ‘pular’ a área de cultura.

Após a apresentação em julho, o zoneamento da cana-de-açúcar “vai ser entregue ao governo, que vai tomar decisões de governo”, afirmou Stephanes. Depois de finalizada pelo Executivo, a proposta deverá ser encaminhada ao Congresso Nacional.


Fonte:

Etanol para o transporte de massa

Especialistas propõem nova agenda para o planejamento urbano, que privilegie o desenvolvimento sustentável

O transporte coletivo é a fonte mais importante de poluição nas grandes cidades. Essa é uma das argumentações do pesquisador José Roberto Moreira para defender o uso do etanol nos veículos de transporte de massa. Nesta segunda-feira (16), ele participou, em Curitiba, do I Seminário Internacional sobre Aquecimento Global nas Cidades, apresentando a tecnologia para substituir o diesel pelo álcool. Nos debates, que prosseguem até o final da tarde hoje, especialistas propõem uma nova agenda para o planejamento urbano, que privilegie o desenvolvimento sustentável. O evento é promovido pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV).

Moreira é coordenador de vários relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) e está envolvido em projetos de vários países que estão mais avançados no uso do etanol como substituto do diesel no transporte coletivo. A Suécia que, há 16 anos, adotou o álcool em sua frota de ônibus, lidera a aplicação do combustível renovável. "O desafio era a barreira econômica, pois, há 16 anos, o etanol era mais caro que o diesel. Mas, para eles (o governo sueco) o valor da saúde da população era maior e, por isso, decidiram subsidiar o produto para competir com o diesel", avaliou o pesquisador. Moreira preside o Conselho Gerenciador do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio). Itália, Inglaterra e China, também estão substituindo o diesel por etanol.

Se na Suécia - que não produz nenhuma gota de etanol e importa o produto brasileiro - a experiência foi bem-sucedida, não haveria por que não dar certo no Brasil: maior produtor mundial de álcool a partir da cana-de-açúcar. "É uma questão quase que, exclusivamente, de decisão política", ponderou Moreira. Os ônibus movidos a etanol têm motor "ligeiramente diferente" dos veículos convencionais e, segundo o pesquisador, é cerca de US$ 10 mil mais caro porque ainda não é fabricado em grande escala.

No Brasil, um ônibus a álcool está em teste em São Paulo, desde dezembro de 2007, como parte das pesquisas da USP financiadas pela União Européia. Moreira contou que o veículo rodará por mais um ano e meio. A expectativa é que governos municipais, inclusive Curitiba, despertem para essa alternativa.

Moreira tem suas ressalvas sobre a aposta do governo federal no programa de biodiesel. Ele explicou que, por enquanto, a mistura de óleos vegetais no diesel está limitada a 2%, o que representa uma redução de 30% a 40% na emissão de particulados (poluentes). A queima do etanol como combustível (95% álcool e 5% aditivo), além de não liberar enxofre como o diesel, não emite partículas poluentes.

Uma boa notícia, de acordo com Moreira, é que a tendência é de expansão no uso do etanol na frota geral de veículos do Brasil. Atualmente, o etanol já representa 51% do consumo de combustíveis no País, superando o uso da gasolina.

Fonte: Andréa Lombardo - Folha de Londrina

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Cana: Safra recorde

A safra de cana-de-açúcar deve atingir o recorde de 511 milhões de toneladas em 2008/9 na região centro-sul. É o que mostra o primeiro levantamento da FCStone, que conferiu o desempenho do setor em área que compreende 42% da cana a ser moída na região, segundo Marcos Escobar.

OS NÚMEROS

Os dados da FCStone indicam evolução de 18,5% no total de cana a ser moída nesta safra em relação à anterior. A produção de açúcar sobe para 29,3 milhões de toneladas (alta de 12%), enquanto a de álcool soma 25 bilhões de litros (mais 23%). A estimativa indica 16,3 bilhões de litros de hidratado e 8,8 bilhões de anidro.

Fonte:

terça-feira, 10 de junho de 2008

UE impõe nova barreira comercial ao etanol

As exportações para a União Européia (UE) estão sujeitas a mais um obstáculo desde o começo do mês, com a entrada em vigor da exigência de pré-registro de 30 mil substâncias químicas usadas nos produtos comercializados no mercado comunitário. Produtos brasileiros, de etanol a minério de ferro e artigos de consumo, serão diretamente atingidos pela nova barreira não tarifária.

O Registro, Avaliação e Autorização de Substancias Químicas (Reach, na sigla em inglês) é um monstro burocrático de mil páginas, sem equivalente no mundo, resultado de batalha de vários anos entre consumidores, ecologistas e industriais na Europa. O Reach impõe aos industriais, e não mais às autoridades públicas, avaliar os riscos toxicológicos decorrentes do uso de seus produtos. Cada substância fabricada ou importada em quantidade superior a uma tonelada deverá ser pré-registrada na Agência Européia de Produtos Químicos, em Helsinque (Finlândia).

A regulamentação alcança ácidos, metais, solventes e uma grande quantidade de bens de consumo como perfumes, xampus, têxteis, cosméticos, detergentes, pinturas, vernizes, adesivos etc. O etanol, já alvo de barreiras, terá de provar que não causa prejuízos à saúde. Se um fabricante brasileiro de calçados exportar produtos usando no conjunto mais de uma tonelada de cola, por exemplo, terá de pré-registrar o adesivo na agência.

Até agora, os governos deveriam provar a existência de risco para proibir a importação de uma substância. Com a inversão do ônus, a UE espera frear o desenvolvimento galopante de patologias, em particular cânceres, provavelmente ligados ao contato com produtos químicos.

A Vale será atingida em cheio com a classificação de seis compostos de níquel como substâncias perigosas para a saúde humana, numa decisão que a UE deve adotar nos próximos dias. A medida implica que a importação e a comercialização vão depender de autorização no sistema Reach.

Fonte:

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Etanol vira moeda de troca brasileira em Doha

A derrubada de barreiras, pelo mercado americano, para o etanol foi a condição imposta pelo Brasil para um acordo na Rodada de Doha.

O Brasil passou a cobrar mais por um acordo em Doha e isso deve se refletir em reunião de mais de 30 ministros de Comércio, organizada pela Australia, hoje em Paris. Para o Brasil, o mercado está dando ao agronegócio do país o que se esperava da rodada, como a queda de subsídios e redução de tarifas de importação. Nesse caso, os ganhos por Doha serão " sistêmicos " , com disciplinas para consolidar a situação atual.

A questão do etanol é a mais politicamente sensível, já que os EUA mantêm uma posição que, na prática, ameaça fazer o produto ser o único excluído de liberalização em Doha, o que é inaceitável para o Brasil. Washington recusa-se a negociar a taxa de US$ 0,54 por galão que impõe na importação, considerada proibitiva, para preservar o mercado para seus próprios produtores de biocombustíveis.

Representantes do Ministério da Agricultura consideram importante pressionar Washington, mas admitem que se os EUA derrubassem a taxa agora, seria complicado para o Brasil. "Todo mundo iria querer exportar para lá e teríamos de frear ou proibir a exportação", disse um técnico do ministério.

Fonte: (Assis Moreira) do

Da Agência