quarta-feira, 8 de julho de 2009

Etanol, não é BomBril, mas tem mil e uma utilidades

07/07/09 - O etanol ainda desponta como a principal fonte de energia renovável no mundo, mas ainda há impasses que impedem a viabilização do combustível como uma mercadoria global. Em 2009, as exportações brasileiras devem cair 20%, para 4 bilhões de litros. Como o país se preparou para um boom de exportações nesta década, há excesso de capacidade instalada, grandes usinas de cana-de-açúcar em dificuldade, atraso no pagamento de fornecedores e muitas fusões e aquisições à vista.

A expectativa para o etanol no mercado interno, entretanto, é bem melhor. A quebra da safra de açúcar na Índia deve elevar os preços. Com isso, os usineiros brasileiros aumentarão a produção de açúcar e reduzirão a de etanol - beneficiando também os preços do combustível. No longo prazo, porém, o setor aposta nas exportações e também no desenvolvimento de novos usos para o etanol no mercado interno.

O setor de transporte é o que mais apresenta possibilidades de inovação. Hoje o país conta com cerca de 37 mil postos de abastecimento com ao menos uma bomba de etanol e 97% dos automóveis produzidos permitem o uso desse combustível. Os modelos flex fluel somarão 75% da frota em 2020. Mas aos poucos outros segmentos se rendem ao uso do etanol. Veja abaixo cinco novos usos do combustível:

Geração de energia

A principal novidade sobre o uso do etanol é uma iniciativa da Petrobras. No fim de junho, a empresa brasileira anunciou que iniciará em dezembro testes com o uso do combustível renovável em sua termoelétrica localizada em Juiz de Fora, Minas Gerais, para geração de energia. Será a primeira do mundo a apostar nessa tecnologia. A unidade - adquirida pela Petrobras em 2007 - é movida a gás e passa por um processo de conversão desde abril.

Para o projeto, foram destinados 11 milhões de reais na troca dos equipamentos que permitem o recebimento, o armazenamento e a movimentação do etanol. Por enquanto, apenas uma das duas turbinas em operação na termoelétrica vai funcionar com a nova tecnologia. Sozinha, ela deve gerar cerca de 42 megawatts de potência, o suficiente para abastecer uma cidade de 800.000 habitantes. O projeto de conversão de térmicas da empresa de gás natural para etanol começou a ser desenhado há dois anos pelo setor de abastecimento da Petrobras, que visava exportar etanol para o Japão utilizar em usinas térmicas.

"Plástico verde"

Um dos grandes vilões combatidos cada vez mais pelos ambientalistas é o plástico. Só no Brasil foram produzidos 5,14 milhões de toneladas de plástico em 2008 - 17,5% no setor alimentício, 15,6% na construção civil (PVC para tubos e conexões) e 14,5% em embalagens. Para a produção dessa quantidade de plástico foram necessários 36 milhões de barris de petróleo.

Para diminuir as emissões da queima de combustíveis fósseis utilizados na fabricação do material, a petroquímica brasileira Braskem, do grupo Odebrecht, surpreendeu quando começou a desenvolver um plástico com o etanol da cana-de-açúcar há dois anos. "O principal motivo é uma demanda crescente de mercado por materiais sustentáveis", diz Antônio Queiroz, diretor de competitividade e inovação da Braskem. A empresa já tem parceria com a marca de brinquedos Estrela.

O "plástico verde" é um polietileno de alta densidade - uma das resinas mais utilizadas em embalagens flexíveis. "Com o etanol, o nível de impurezas mais baixo melhora o processo de polimerização", explica Antônio. Apesar de haver um custo 30% maior na produção do novo plástico, a empresa espera, no longo prazo, recuperar os investimentos feitos agora.

A produção comercial do produto em escala industrial está prevista para o final de 2010, quando a planta industrial em Triunfo, Rio Grande do Sul, produzirá 200 mil toneladas por ano. A planta terá 500 milhões de reais em investimentos. A empresa também está desenvolvendo tecnologia para a produção de polipropileno a partir do etanol, que deve chegar ao mercado nos próximos três anos. O plástico rígido é largamento utilizado na indústria automobilística para a fabricação de parachoques e painéis.

Ônibus

A capital paulista conta com uma frota de quase 42 000 ônibus movidos a gasolina e diesel, responsáveis pela emissão de toneladas de gás carbônico. Mas isso pode mudar em breve. São Paulo será a primeira cidade a ter uma frota de ônibus movidos a etanol. Hoje, a cidade conta com apenas um veículo movido a etanol, homologado pela EMTU, que circula desde dezembro de 2007. Ele trafega no corredor entre os bairros de Jabaquara e São Mateus, que tem 33 quilômetros de extensão e transporta seis milhões de passageiros por mês. O segundo veículo começará a circular em agosto, pela SPTrans numa linha da Avenida Paulista, na região central da cidade.

"Outros estados como Recife e Rio de Janeiro já mostraram interesse pelo projeto", diz a engenheira Silvia Velázques, integrante da equipe do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), da Universidade de São Paulo, onde o projeto é testado desde 2005. Segundo ela, a prefeitura de São Paulo está cada vez mais envolvida nas negociações para ampliar a frota. A Cetesb e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente concordaram recentemente em realizar os testes de emissão e acompanhar o desenvolvimento do projeto.

A iniciativa faz parte do projeto Best - BioEtanol para o Transporte Sustentável - da União Europeia, coordenado pela prefeitura de Estocolmo, que destinou cerca de 230 mil reais para o projeto no Brasil. Além de São Paulo, pioneira nas Américas, o projeto funciona em outras locais: Estocolmo (Suécia), Madri e País Basco (Espanha), Roterdã (Holanda), La Spezia (Itália), Somerset (Reino Unido), Nanyang (China), Dublin (Irlanda).

Há dois anos o Cenbio firmou parceria com a Scania Latin América que importou o chassi e o motor da Suécia, com a Marcopolo que projetou o veículo e forneceu a carroceria, e com a Unica que fornece o etanol. A ideia, no entanto, é trazer a produção para a unidade brasileira da Scania.

O principal fator que levou a implantação do projeto na capital é a preservação do meio ambiente. De acordo com o Cenbio, o motor do novo ônibus reduz em 92% a de monóxido de carbono, e em até 100% a de óxido de enxofre e dióxido de carbono - um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. Além disso, a Câmara de São Paulo aprovou no início de junho a Política Municipal de Mudanças Climáticas, que estabelece como meta para 2012 a redução de 30% das emissões de gases de efeito estufa na cidade, o que incentivará o uso do transporte coletivo, entre outras medidas.

O principal problema é que o custo de operação do ônibus movido a álcool calculado pelo Cenbio é 6% a 7% mais alto do que os veículos que usam diesel. Essa variação ocorre porque, apesar de o etanol ser em torno de 50% mais barato (sem considerar a inclusão de aditivos), o consumo do combustível renovável nesse tipo de ônibus é cerca de 60% maior em relação ao derivado de petróleo. "O próximo passo é trabalhar para conseguir reduzir essa diferença de consumo, o que deixa mais caro o custo de operação", diz Silvia.

Etanol para duas rodas

Os carros flex não serão mais os únicos a contar com a tecnologia que permite optar entre gasolina e álcool. Agora, a frota de 11,6 milhões de motos no país também poderá ser substituída por modelos flex. A montadora japonesa Honda, líder no mercado brasileiro de motocicletas, lançou em março a primeira moto bicombustível do mundo. O desenvolvimento da CG 150 Titan Mix, voltada para o mercado brasileiro, acompanha a estratégia mundial da Honda voltada para a preservação do meio ambiente, com a criação de novas tecnologias ecologicamente responsáveis. A disponibilidade do etanol em todo o território nacional e a aceitação do público com os modelos flex foram fatores decisivos no desenvolvimento do novo modelo. As pesquisas, realizadas entre 2006 e 2009, foram uma parceria entre as unidades da Honda no Brasil e no Japão. A finalização do projeto aconteceu do Brasil, com o apoio da equipe brasileira.

De acordo com pesquisas realizadas pela montadora com proprietários da CG 150 Titan, a maioria dos entrevistados compraria uma motocicleta bicombustível. Entre as vantagens citadas pelos usuários, as principais são a possibilidade de escolha do combustível e a economia de dinheiro. A moto flex custa 300 reais a mais que a versão gasolina, mas o proprietário economizaria cerca de 1 000 reais por ano abastecendo com álcool. Por isso outros fabricantes poderiam seguir a tendência da Honda. Desde o lançamento em março, foram vendidas 53 547 motos flex e a montadora espera fechar o ano com vendas de 164 000 unidades.

A Honda, que não divulgou a quantia investida no projeto, disse que o custo de produção é maior devido à presença de oito itens específicos não presentes na versão a gasolina como bico de injeção com mais furos, gerador mais potente, bomba de combustível com tratamento anti-corrosão e tela anti-chama no tanque.

Voando a álcool

Nem as aeronaves escaparam do uso do etanol como combustível. Porém, a utilização para voos transatlânticos ainda está distante. O que se tem hoje é um uso em larga escala na agricultura. O mercado de aviação agrícola brasileiro é o segundo maior do mundo e cerca de 75% da frota de aeronaves é do modelo Ipanema - desenvolvido há 37 anos pela Neiva, subsidiária da Embraer localizada no município de Botucatu, no interior de São Paulo. Do total de 1.000 unidades da aeronave em operação, 257 são movidas a etanol.

A ideia surgiu por conta de uma demanda de mercado por combustíveis renováveis. O modelo movido a etanol começou a ser planejado em 2002 e foi concluído dois anos depois. A Ipanema é a primeira aeronave do mundo certificada para voar com etanol. A equipe técnica da Neiva também converte o motor das aeronaves movidas a diesel para o etanol - já são 183 convertidas. A Embraer espera entregar até o final do ano mais 32 modelos - cada unidade avaliada em 642 000 reais - e 30 kits de conversão.

Além de ser utilizada na indústria agrícola, principalmente na pulverização de defensivos, a Ipanema também pode ser usado no combate a incêndios e a vetores e larvas. O menor preço do álcool reduz os custos de operação e manutenção e tem um impacto muito menor sobre o meio ambiente. O motor movido a álcool permite um aumento de cerca de 5% na potência, melhorando o desempenho geral do avião.

A grande desvantagem do avião da Embraer é que o volume de etanol consumido é muito superior ao do querosene de aviação. Ficaria inviável construir um tanque maior para compensar a diferença. "Ainda é preciso desenvolver tecnologias para voos mais longos. Em grandes altitudes o etanol pode congelar e há também a baixa autonomia do combustível", diz Almir Borges, diretor da unidade de Botucatu da Embraer.

O Ipanema, de apenas 7,43 metros de comprimento, pode voar numa altitude de até 1.800 metros. O tanque de 264 litros permite apenas uma viagem de pouco mais de duas horas. O Airbus, modelo mais utilizado para viagens transatlânticas, tem capacidade de voar por quase 12 horas antes de precisar abastecer. Porém, a tecnologia do Ipanema já é um passo de aprimoramento. Resta saber quando haverá tecnologia para permitir que grandes aeronaves utilizem o etanol em voos de grande distância.


Marcio Orsolini
Fonte:

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Braskem inicia obra da fábrica de plástico de etanol

A Braskem lançou hoje a pedra fundamental do Projeto de Polietileno Verde no Pólo Petroquímico de Triunfo (RS). O evento simboliza o início das obras da primeira unidade industrial do mundo a utilizar etanol de cana-de-açúcar para a produção em escala comercial de eteno e polietileno de origem 100% renovável
O investimento total será de aproximadamente R$ 500 milhões. O projeto prevê a construção de uma planta de eteno (matéria-prima para o polietileno) a partir do etanol. A unidade terá capacidade para produzir 200 mil toneladas/ano de eteno, que serão transformadas em volume equivalente de polietileno em unidades industriais já existentes no próprio Pólo de Triunfo. A partida da nova planta está prevista para o quarto trimestre de 2010 e o início da operação comercial, para o começo de 2011.

O projeto do Polietileno Verde consumirá cerca 470 milhões de litros de etanol/ano, volume que inicialmente será adquirido em outras regiões, transportado por cabotagem até o terminal Santa Clara, em Triunfo, e dali transferido para a fábrica por dutos. O investimento no Projeto de PE Verde integra um novo ciclo de investimento da Braskem no Rio Grande do Sul de cerca de RS 1 bilhão nos próximos três anos.

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Mais álcool, menos vinhaça

Pesquisadores da academia e da iniciativa privada descobriram uma maneira de reduzir pela metade a quantidade de vinhaça resultante da produção de etanol. A vinhaça é o principal resíduo da indústria da cana - uma mistura de água com matéria orgânica e sais que não pode ser despejada nos rios. A solução desenvolvida pelos cientistas foi duplicar o teor alcoólico dos tanques de fermentação, o que permite produzir mais álcool (e menos vinhaça) de um mesmo volume de açúcar.

Hoje, a maioria das usinas trabalha com um teor alcoólico de 8% nos tanques. Mais do que isso e as leveduras responsáveis pela fermentação morrem intoxicadas no tanque. O resultado é que para cada 1 litro de álcool são produzidos até 12 litros de vinhaça.

Como a vinhaça é rica em potássio - e como a legislação proíbe o despejo no meio ambiente -, as usinas reaproveitam o líquido como adubo, que é lançado sobre as plantações de cana em sistemas de irrigação. O problema é que, como a quantidade de vinhaça é muito grande, o custo de dispersão no campo torna-se também muito alto. Para evitar esse custo, muitas empresas acabam lançando a vinhaça sobre áreas menores, mais próximas da usina. Isso causa uma concentração elevada do resíduo, que pode contaminar águas subterrâneas.

Pelo novo processo, o teor alcoólico da fermentação chega a 16%.

Assim, é possível injetar um caldo de cana mais concentrado (com mais açúcar) nas dornas, sem matar as leveduras. O resultado final da fermentação é mais álcool e menos vinhaça no tanque.

O volume do resíduo cai pela metade - 6 litros de vinhaça por litro de álcool -, com o dobro da concentração de potássio. Assim, torna-se economicamente viável transportar e espalhar a vinhaça por uma área maior, com menos impacto sobre o meio ambiente.

"Em vez de dez caminhões, você precisa de cinco", resume Luiz Carlos Basso, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). Ele é um dos cientistas parceiros da consultoria Fermentec, que financia e coordena a pesquisa.

O presidente da empresa, Henrique Amorim, disse que a economia para a indústria - se todas as usinas do País adotassem a tecnologia - poderia passar de R$ 1 bilhão por ano, somadas as reduções de custo no setor agrícola (R$ 670 milhões) e industrial (R$ 425 milhões). Como há menos água misturada ao álcool no final da fermentação, explica ele, as usinas gastam menos para evaporar o combustível e separar uma coisa da outra.

A principal adaptação para trabalhar com o teor alcoólico de 16% é o controle da temperatura de fermentação. "Descobrimos que a levedura tem um sinergismo com a temperatura. Para compensar o efeito do teor alcoólico maior, reduzimos a temperatura (de 33°C para 27°C)", diz Amorim. O processo requer a instalação de máquinas de resfriamento.

A pesquisa é feita há quatro anos em escala piloto na Usina da Pedra, em Serrana (SP). Mais três cientistas da USP e da Universidade Federal de Santa Catarina participam do projeto. O processo não pôde ser patenteado, segundo Amorim, porque já foi apresentado em uma reunião aberta em 2008.
Herton Escobar

Fonte:

Da:

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Álcool de cana lança 73% menos CO2 que a gasolina

Na corrida mundial pelos biocombustíveis, o etanol brasileiro ganha mais alguns pontos. Pesquisa da Embrapa revela que o álcool de cana-de-açúcar emite menos 73% de dióxido de carbono (CO2) do que a gasolina, como mostra matéria de Carlos Albuquerque publicada nesta quarta-feira no jornal O Globo. O trabalho, que analisou todas as etapas de produção dos dois combustíveis, com clara vantagem para o etanol, mostra também que, se a queima do solo fosse eliminada do processo de colheita de cana, a diminuição das emissões do principal gás causador do efeito estufa, seria ainda maior.

- Como não adianta termos uma fonte de energia renovável se emitirmos grandes quantidades de CO2 no processo, decidimos aprofundar o estudo do balanço energético em torno dessa produção e calcular o seu custo ambiental. E ele mostrou-se bastante favorável ao etanol brasileiro - explica Segundo Urquiaga, um dos quatro pesquisadores da Embrapa Agrobiologia que realizaram o estudo..

Os pesquisadores avaliaram a quantidade de gases de efeito estufa produzida desde a preparação do solo para o plantio da cana-de-açúcar até o transporte do etanol produzido para o posto e a queima do combustível.

- Para isso, contamos com dados obtidos junto às usinas e empresas que produzem o etanol, que nos informaram os custos de materiais como cimento e ferro cromado, por exemplo, além de quanto gastam com máquinas e para transportar o produto.

A mesma avaliação foi feita com a gasolina: os pesquisadores da Embrapa consideraram a emissão dos gases do efeito estufa, desde a extração do petróleo até a combustão do produto nos motores dos veículos.

Na parte final do estudo, já de posse desses dados, foram avaliados os desempenhos de dois carros, um movido à gasolina pura e outro movido a álcool, num percurso de 100 quilômetros.

O resultado da comparação - levando em conta os custos da produção - mostrou que houve redução de 73% das emissões de CO2 com o carro a álcool em comparação com o veículo que usava gasolina pura.

Fonte: Da:

sexta-feira, 27 de março de 2009

Preço de exportação de etanol supera o do mercado interno

Os preços do álcool no mercado interno caíram tanto nesta entressafra, que desde o final da semana passada está compensando às usinas venderem ao recessivo mercado americano do que no Brasil. Depois de meses sem negócios, foram fechadas exportações de cerca de 30 milhões de litros aos Estados Unidos entre a última sexta-feira e ontem, a US$ 315 o metro cúbico, o equivalente a R$ 0,708 por litro (ao câmbio de R$ 2,25).

O valor é, pelo menos, 5% maior do que o valor que vinha sendo negociado no mercado interno (R$ 0,67). Mas se considerar o preço da última sexta-feira do indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) (R$ 0,6396), exportar aos Estados Unidos está 10% mais vantajoso do que vender no mercado brasileiro.

A mudança de rumo no mercado de curto prazo do álcool se deveu a uma série de fatores. Segundo Tarcilo Rodrigues, da Bioagência, tradings que realizou as operações de venda aos EUA, a combinação de preços baixos no Brasil com a recuperação das cotações da gasolina nos Estados Unidos, foi decisiva para a abertura antecipada da "janela de exportação", que normalmente ocorre no verão americano, a partir de maio. "Se essa condição persistir, há potencial de exportação de 200 milhões de litros no mês de abril", acrescenta Rodrigues.

Miguel Biegai, da Safras & Mercado, explica que o galão de gasolina (3,785 litros) foi negociado ontem a US$ 1,60 no mercado americano (Nymex), valor 6% acima de 6 de março. Com isso, o etanol também reagiu. De US$ 1,32 na primeira semana do mês, o preço do galão de etanol na Bolsa de Chicago (CBOT) fechou ontem em US$ 1,49, alta de 12,8%.

Apesar da melhora no mercado americano, as expectativas são de menor exportação de etanol neste ano. A estimativa da Bioagência é de cerca de 3,3 bilhões de litros sejam embarcados na próxima safra para Estados Unidos, Ásia, Europa e África.

Por outro lado, em plena entressafra no Centro Sul do Brasil, o álcool no mercado cai interno pela sexta semana consecutiva, queda que só se equipara aos níveis da entressafra de 2004, quando o litro do hidratado chegou a valor R$ 0,32. "Naquele ano, havia uma forte expectativa de que a produção de álcool na safra seguinte seria muito grande, e as usinas começaram a vender o produto com receio de os preços despencarem mais à frente", recorda Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

Com quatro usinas em recuperação judicial e mais de uma dezena em dificuldades financeiras, o setor sucroalcooleiro do Brasil vive séria crise de crédito. Para fazerem caixa, muitas eliminaram a entressafra, não pararam para manutenção e continuaram a moagem de cana e a produção de álcool. Outras anteciparam em mais de um mês o início da nova safra. A estimativa do mercado é de que 16 usinas sequer pararam de moer e outras 20 já iniciaram a safra 2009/10, com mais de um mês de antecedência. A primeira usina do Centro Sul do País a iniciar a safra 2009/10 foi a Pau D‘Alho, de Ibirabema (SP). A usina começou a moer cana em 13 de fevereiro, antes do carnaval, após 45 dias de manutenção em seus equipamentos, tempo que normalmente é de 100 a 120 dias.

Mas, Marcos Jank, presidente da Unica, pondera que, apesar da queda do preço, os fundamentos para o etanol continuam positivos, pois não há um excesso de oferta do produto, mas uma venda excessiva para fazer caixa. Ele espera que a distorção seja corrigida na próxima safra, com a liberação de recursos para estocagem. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou no início do mês a aprovação de uma linha de R$ 2,5 bilhões de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estocagem de 5 bilhões de litros na safra 2009/10. A expectativa do setor é que os recursos estejam disponíveis a partir de maio deste ano. A medida pode até refletir em um equilíbrio maior no mix de produção da próxima safra, que tende a ser mais açucareiro, por conta das altas cotações internacionais desta commodity. "A medida permitirá que a próxima safra não seja tão açucareira, pois passa a ser interessante a estocagem do etanol com financiamento público", diz Jank.

Ainda não foram definidas quais as instituições financeiras que vão operar a linha, mas a expectativa do setor é que não seja somente o Banco do Brasil.


Fonte:

União Européia investirá 1,6 milhões de euros em pesquisa de bioetanol no Brasil

A Novozymes Latin America, fabricante de enzimas industriais, instalada em Araucária – PR, juntamente com a Universidade Federal do Paraná e o Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba – SP, faz parte de um grupo de cinco parceiros que receberão 1,6 milhões de euros para a pesquisa e desenvolvimento do bioetanol de segunda geração. O álcool fabricado a partir do bagaço de cana-de-açúcar, hoje usado somente na produção de energia elétrica. O projeto, que envolve a Novozymes da Dinamarca, dos Estados Unidos e a Universidade de Lund, na Suécia, incluem a construção de um novo laboratório de pesquisa e desenvolvimento na Novozymes de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. O objetivo do contrato de dois anos com a UE é desenvolver uma tecnologia de biocombustível limpo e com boa relação custo-benefício. Esta é a maior ação em pesquisas já feita pela Novozymes, com a participação de cerca de 150 funcionários trabalhando em várias partes do mundo para a conversão da biomassa em etanol.

“Até 2010 a Novozymes vai disponibilizar em grande escala enzimas para fazer a conversão da biomassa obtida de resíduos agrícolas em etanol” declarou Steen Skjold-Jørgensen, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da Novozymes na Dinamarca. “Já estamos bastante adiantados, mas com este apoio da UE iremos trabalhar para obter mais usando menos. Com o atual bioetanol, obtido da cana-de-açúcar nós podemos reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 90%, comparado com a gasolina. Ao utilizarmos o derivado de bagaço, podemos aumentar o rendimento por acre em cerca de 50%”, afirmou Jørgensen.

“Estamos satisfeitos com o interesse e o apoio que a União Européia está dando para este projeto, o que seguramente irá acelerar as nossas metas para a conversão do bagaço de cana-de-açúcar em etanol a preços competitivos”, disse Nilson Boeta, diretor do CTC. “Com o apoio de 160 usinas sucroalcoleiras e 20 mil plantadores de cana-de-açúcar, o projeto pretende desenvolver um processo integrado às plantas existentes já em funcionamento em todo o Brasil, e alavancar o enorme potencial energético que já está disponível naqueles locais”, explicou Boeta.

No ano passado o Brasil produziu 23 bilhões de litros de bioetanol derivado de cana-de-açúcar. Cerca de 3,8 bilhões de litros foram exportados e os 19,2 bilhões restantes foram usados para abastecer o setor de transporte brasileiro. Noventa por cento dos carros novos no Brasil utilizam o sistema flex que permite que os veículos funcionem com misturas que contêm até 100% de bioetanol.

Fonte: Portal Paranashop

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Elogios externos ao etanol brasileiro

Em novembro, a cidade de São Paulo foi palco da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, promovida pelo governo federal. Com a presença de delegados de 92 países, o encontro teve como meta a promoção dos benefícios do etanol e a quebra de barreiras internacionais para a comercialização do combustível. Desta forma, caminha-se rumo à transformação do etanol em uma commodity mundial.

O interesse de diversos países em nosso combustível não é novidade. No final de 2008, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para Luiz Inácio Lula da Silva e elogiou o programa de biocombustíveis do Brasil. Os Estados Unidos são o maior mercado brasileiro para a exportação do etanol. Na ocasião, a menção quase tímida de Obama à nossa energia renovável foi encarada como um grande avanço nas negociações para a quebra de barreiras internacionais ao etanol do Brasil, além de sinalizar uma disposição dos norte-americanos em rever as políticas de comércio exterior entre os dois países.

Com diferenciais competitivos de alto valor agregado, o etanol brasileiro representa a possibilidade de distribuir ao mundo uma fonte limpa, sustentável e economicamente viável. Vale ressaltar ainda que o resíduo do processo das usinas sucroalcooleiras ainda reforça a matriz energética brasileira, com a possibilidade de gerar energia elétrica, por meio do bagaço e da palha da cana-de-açúcar.

Os pontos positivos do etanol do Brasil despertam ainda o interesse de países como Japão, Suécia, Arábia Saudita, Holanda, Alemanha, México e Estados Unidos. Este ano, as usinas brasileiras receberam diferentes delegações internacionais, que vieram conhecer o processo produtivo aplicado na área agrícola e industrial.

Exemplo deste potencial e reconhecimento foi a distribuição para a Suécia, em julho, do primeiro embarque de etanol com a verificação de importantes critérios de sustentabilidade. A operação comercial foi resultado de um contrato pioneiro firmado entre as usinas brasileiras Alcoeste, Cosan, Guarani e NovAmérica com a empresa sueca Sekab - a maior compradora de etanol brasileiro na Europa.

O acordo demonstrou a iniciativa das companhias envolvidas no contrato em dar um primeiro passo para um processo de melhoria contínua para atender a um dos mais exigentes consumidores do mundo. É importante notar que as usinas foram capazes de atender às exigências do consumidor europeu sem alterar as práticas correntes de operação.

Todos esses atributos do etanol brasileiro devem ser valorizados não apenas na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, mas, principalmente, no dia-a-dia do nosso presidente Lula - caso queira continuar ressaltando nossas potencialidades.

No momento em que se encontra a economia atual, serão necessários fortes investimentos no setor para que ele não perca a competitividade e seu desempenho frente ao mercado externo.

A morosidade na homologação e repasse dos recursos financeiros por parte do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - irá implicar tanto em descrédito como na baixa contribuição para a economia nacional.

Um dos pontos mais carentes de investimento do governo está na ampliação da matriz energética nacional por meio do setor sucroalcooleiro. Com a crescente demanda do País por energia elétrica, as usinas surgem como importante alternativa para garantir o desenvolvimento e equilíbrio brasileiro na co-geração de energia.

Além de ser renovável, a energia produzida pelo bagaço e palha da cana-de-açúcar tem a virtude de ampliar o fornecimento de eletricidade justamente num período de escassez de chuvas, quando os reservatórios das hidrelétricas e represas alcançam seus níveis mais baixos. Caso houvesse incentivo do governo, as usinas brasileiras poderiam gerar energia equivalente à hidrelétrica de Itaipu.

Com os devidos repasses, o setor ganha fôlego para dar andamento aos projetos de construção, ampliação e manutenção das usinas, além de gerar novas e boas oportunidades de comércio no exterior e no País. O governo federal também sai ganhando, porque pode potencializar sua liderança regional e global e firmar-se como exportador de know-how e tecnologia de produção.


Pedro Mizutani é vice-presidente geral da Cosan, que recentemente adquiriu a Esso, tornando-se a maior produtora e processadora de cana-de-açúcar do mundo e uma das maiores produtoras de etanol.

Fonte: Gazeta

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Mandioca-doce vai virar etanol em escala industrial, diz Embrapa

09/01/09 - É esbanjando glicose e sacarose que a mandioca açucarada entrou para a lista de matérias-primas que podem ser convertidas em etanol. A variedade da raiz está na mesa de poucos brasileiros - vira mingau e xarope de glicose no Norte do País onde é conhecida como mandiocaba - e nos laboratórios da Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) de Brasília.

O pesquisador Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho redescobriu o tubérculo, antes usado pelos indígenas na alimentação e produção de cachaça, há dez anos. De lá para cá desenvolve estudos para a produção de etanol a partir da mandioca-doce. Segundo Carvalho, é possível encontrar 25% de glicose e pelo menos 10% de sacarose nessa raiz. "O açúcar que tem na cana é só sacarose, e apenas 12%", compara.

Castelo explica que a "composição de açúcar dessa planta confere uma rapidez ao processo de conversão em álcool", já o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado. Além de dispensar o processo de hidrólise e adição de enzimas (importadas), o que pode reduzir o custo energético em até 40%.Cada hectare de mandiocaba rende 14 metros cúbicos (m3) de álcool. Pelo processo convencional de hidrólise de amido da mandioca o rendimento é em torno de 6,4 m de álcool por um processo de fermentação que dura até 70 horas, enquanto o processo tradicional da cana-de-açúcar chegou a 8 m em 48 horas.

Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, a mesma quantidade de mandioca pode produzir 211 litros do combustível. Porém, os custos de produção da cana-de-açúcar são menores em cerca de 50% quando comparados aos da mandioca.
A variedade, até então privilégio da região Norte do País, está sendo cultivada pelos técnicos da Embrapa no cerrado. Lá a produtividade é até quatro vezes menor, mas melhoramentos genéticos estão sendo realizados para se colher mais mandioca-doce no meio-oeste do País. É dos hectares de testes plantados em Brasília que vão sair as toneladas a serem processadas em escala industrial.

Em parceria com a Usinas Sociais Inteligentes, de Porto Alegre (RS), será montada em março um complexo de destilaria na capital do País para produzir etanol a partir de mandioca-doce em escala industrial, 400 litros por dia, e experimental. "Precisamos conhecer ao certo a viabilidade econômica para levar a tecnologia até o Pará", diz Castelo.

Não existe um levantamento sobre a quantidade de mandioca açucarada produzida no Brasil, mas é certo que é no solo paraense que se concentra o maior número de plantas, principalmente na região nordeste do estado e na ilha de Marajó.

O pesquisador da Embrapa Pará, Edson Sampaio, explica que o consumo é doméstico e está concentrado no interior. "São produtores pequenos e eles estão espalhados. Ainda falta material genético para desenvolvermos etanol a partir de mandioca aqui".
O agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Abaetetuba (PA), Flávio Ikeda relata que já foram implantados dois campos de multiplicação de material genético para distribuição de mudas. "Se precisasse plantar em larga escala não haveria mudas suficientes", situação que deve ser revertida com os campos.

Brasil Ecodiesel questionada

As últimas oscilações registradas com as ações emitidas pela Brasil Ecodiesel na Bovespa levaram a Comissão de Valores Mobiliários a questionar a empresa solicitando justificativa para a valorização superior a 53% registrada só na última quarta-feira. A Brasil Ecodiesel alegou desconhecer o motivo.

Fonte: