terça-feira, 6 de abril de 2010

Petrobras começa a produzir etanol

A Petrobras vai começar a produzir etanol neste mês de abril de 2010 na Usina de Bambuí, na cidade mineira do mesmo nome. Essa é a primeira usina produtora de etanol do Sistema Petrobras, que adquiriu 40,4% do capital da unidade da Total Agroindústria Canaviera, por meio de sua subsidiária Petrobras Biocombustíveis.

O investimento é de R$ 150 milhões e integra o Planejamento Estratégico da Petrobras para a produção de biodiesel e etanol até 2013 que soma R$ 5 bilhões. Com o aporte de capital, a capacidade de produção da usina passará de 100 milhões de litros para 204 milhões de litros de etanol por ano, já em 2012.

A meta da Petrobras é chegar ao fim do ano com uma produção de 750 milhões de litros de etanol, volume que deve passar para 4 bilhões de litros em 2013. "O crescimento será com a participação em empreendimentos já em operação e em novos projetos que a empresa pretende desenvolver nos próximos meses", disse o presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rosseto.

A unidade de Bambuí será modernizada e vai duplicar a sua capacidade de estocagem e deve aumentar a área plantada dos atuais 8 mil hectares para 30 mil hectares, além de contratar aproximadamente 1 mil novos funcionários até 2012.

ELEVAÇÃO NA PRODUÇÃO

Com a conclusão das obras de duplicação da Usina de Biodiesel de Candeias, na Bahia, prevista para agosto de 2010, a Petrobras aumentará em 33% a capacidade de produção de biodiesel de suas três unidades: a de Montes Claros (MG), a de Quixadá (CE) e a de Candeias.

A capacidade de produção conjunta das três usinas passará dos atuais 326 milhões de litros para 434 milhões de litros por ano, até o final de 2010, após a conclusão das obras na Bahia. A outras duas usinas produzem, cada uma, 108 milhões de litros anuais.

O Planejamento Estratégico da Petrobras prevê ainda a construção de uma usina de grande porte na Região Norte do Brasil até 2012, que poderá para processar 120 milhões de litros de biodiesel por ano – o que vai dobrar a capacidade de produção da estatal nos próximos três anos. Para isso, a estatal vai transformar uma das suas duas unidades experimentais localizadas em Guamaré, no Rio Grande do Norte, em usina industrial.

Para os próximos cinco anos, já foram aprovados pela companhia investimentos de R$ 1 bilhão, destinados ao desenvolvimento de tecnologias em biocombustíveis, a serem implementadas pelo Centro de Pesquisas da estatal, na Ilha do Fundão, e também por outras instituições de pesquisa.

A intenção da estatal brasileira de energia de se tornar uma das cinco maiores produtoras de biodiesel do mundo levou a estatal a concluir, em novembro do ano passado, o primeiro negócio para produção em parceria com a iniciativa privada, com a aquisição de 50% da Usina de Marialva, em Maringá, no norte do Paraná, do grupo BSBios.

O início da produção, que será de 120 milhões de litros por ano, está previsto para o segundo semestre de 2010. Esse volume representa 60% da demanda atual do estado do Paraná, que é de 200 milhões de litros por ano.

A produção de biodiesel da Petrobras em 2009 evitou a emissão na atmosfera de 320 mil toneladas de dióxido de carbono.

FONTE: Agência Brasil
Nielmar de Oliveira - Repórter
Rivadavia Severo e Juliana Andrade - Edição

Links referenciados

Petrobras Biocombustíveis

Petrobras

Agência Brasil

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Usina poderam comprar produtos de outras usinas

A partir da safra 2010/11, os produtores brasileiros de etanol poderão comercializar sua produção entre si, de acordo com resolução da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o que deve contribuir para reduzir a volatilidade de preços do produto junto ao consumidor final.

De acordo com o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, esta medida vai permitir que empresas mais capitalizadas comprem o produto das empresas menores para armazenar para a entressafra.

Oferta

Desta forma, estas empresas maiores poderão evitar uma oferta expressiva de etanol durante a safra, fazendo com que os preços caiam para abaixo do custo de produção, e forte alta na entressafra. “Esta medida será mais eficaz que os programa de armazenagem do governo para equilibrar o mercado e reduzir a volatilidade”, explica Pádua.

Fonte:

terça-feira, 23 de março de 2010

Cana e soja atraem a alemã Lanxess para a co-geração

A alemã Lanxess investe em co-geração de energia no Brasil, na Índia e na Bélgica. No exterior, os projetos envolvem soja e gás natural ecológico. No Brasil, o grupo instalou em Porto Feliz, no interior paulista, uma usina com capacidade de gerar, a partir do bagaço da cana-de-açúcar, 4,5 megawatts. Ao todo, a empresa deve injetar 25 milhões de euros (US$ 33,8 milhões). Só no País já foram investidos 8 milhões de euros (US$ 10,8 milhões).

Segundo Marcelo Lacerda, Chief Executive Officer (CEO) da Lanxess, a quantidade de dióxido de carbono (CO2) emitida é igual à absorvida pelas plantações de cana durante o cultivo. "Nossa meta é reduzir até 2012 em 80% as emissões de gases causadores do efeito estufa", diz.

De 2007 a 2009, de acordo com levantamento realizado nas 43 unidades do grupo, espalhadas por 23 países, as emissões anuais das plantas já foram reduzidas em quase 60%. Na usina brasileira, a redução será de 44 mil toneladas métricas de gás carbônico por ano. Segundo Lacerda, esse volume deve diminuir a praticamente zero as emissões da planta. "O que sobra é uma cinza irrisória que vira adubo para a própria cana", afirma o executivo.

A energia ecológica será destinada à própria produção de pigmentos de óxido de ferro, comercializados mundialmente como bayferrox ou pó xadrez, como é conhecido na região de Porto Feliz. "A ideia não é vender energia. Mesmo a folga de 20% será usada na planta", afirma.

Além da fábrica em Porto Feliz, segundo Lacerda, a Lanxess possui mais três usinas no País.

Dados da companhia apontam que os volumes da principal unidade da empresa, localizada em Krefeld-Uerdingen, na Alemanha, o qual possui a maior planta mundial de produção de óxido de ferro, com as plantas de Jinshan, na China, e de Porto Feliz somam uma produção de 350 mil toneladas métricas do pigmento por ano. O produto é enviado a indústrias do ramo da construção civil e automotivo, além de fábricas de tintas e revestimentos, e linha industrial de plástico e papel. "O óxido de ferro também é utilizado em pastilhas de freio e airbags", afirma Lacerda.

Das novas usinas, duas serão implantadas na Índia, uma em Nagta, a base de soja, que deve entrar em operação no segundo semestre deste ano, e outra em Jhagadia, com inauguração prevista para o fim do ano. Esta última produzirá resinas de troca iônica, a partir de energia gerada com gás natural ecológico. Em Nagta, a planta gera 4 megawatts e até 45 toneladas métricas de vapor por hora.

Na Bélgica, o fornecimento de energia da unidade, localizada em Zwijndrecht, será realizado, também este ano, em cooperação com o fornecedor belga Electrabel. O objetivo da parceria é colocar em funcionamento uma usina de co-geração para fornecer eletricidade para as fábricas de borracha da Lanxess.

De acordo com Lacerda, a previsão de redução de dióxido de carbono gira em torno de 80 mil toneladas métricas por ano, e como no site brasileiro, deve operar com eficiência de 90%.

Na Antuérpia já funciona uma das primeiras plantas de co-geração da área portuária da empresa. A Lanxess foi fundada em 2005.

Além do Brasil, Índia e Bélgica, a empresa atua também na Austrália, Espanha, Reino Unido, Rússia e Estados Unidos.

Avanço

De acordo com Lacerda, a Lanxess estima um crescimento anual de pelo menos 10%. Os países que mais estão rendendo frutos são o Brasil, Rússia, Índia e China, que juntos foram responsáveis por 20,1% do faturamento do grupo em 2009, um aumento de 16,1% se comparado a 2008. O faturamento combinado atingiu 1,02 bilhão de euros (US$ 1,38 bilhão). "A previsão é de avançar dois dígitos por ano", diz.

Segundo Axel Heitmann, presidente do Conselho de Administração da empresa, o grupo também sofreu com a crise econômica mundial em 2009, devido a fraca demanda global.

No ano passado, a Lanxess somou um faturamento global da ordem de 5,06 bilhões de euros (US$ 6,8 bilhões), 23,1% menor que no acumulado do ano anterior, e um lucro líquido de 40 milhões de euros (US$ 54,1 milhões), ante os 183 milhões de euros (US$ 247,7 milhões) de 2008.

A região da América Latina computou 515 milhões de euros (US$ 697,1 milhões), 28,9% a menos que em 2008, o que responde por 10,2% do faturamento total do grupo.

Em 2009, a Lanxess também reduziu custos, com o programa Challenge 09-12, na ordem de 170 milhões de euros (US$ 230,1 milhões). A líder em especialidades químicas computou um volume de vendas de 6,58 bilhões de euros (US$ 8,91 bilhões em 2008).


Alécia Pontes
Fonte:
Da Agência

Queda acelerada por conta de especulação

O mercado de açúcar em NY fechou a semana registrando queda nos meses que servem de fixação para a safra 2010/2011. O maio/2010 teve queda de 22 dólares por tonelada na semana, enquanto o julho e outubro de 2010, tiveram quedas de 12 e 7 dólares por tonelada respectivamente. A partir do último, todos os demais meses fecharam em alta comparativamente à semana anterior. Houve uma inflexão acentuada da curva de preços. A diferença entre o maio de 2010 e o maio de 2011 baixou de 251 para 115 pontos, ou seja, 30 dólares por tonelada. A pressão, como demonstram os números, ocorreu principalmente nos meses de vencimento mais curto. Isso se deve à demanda apenas? Vejamos.

Em 1º de fevereiro passado, quando o contrato de açúcar em NY com vencimento para maio/2010 atingiu a máxima de 29 centavos de dólar por libra-peso, havia uma posição de contratos de opções em aberto nas puts (opções de venda) de 116.000 lotes entre os preços de exercício de 16 e 27 centavos de dólar por libra-peso. Esse volume equivale a 6.000.000 de toneladas. Muitas dessas puts vendidas faziam parte de uma das pontas de operação especulativa de compra de açúcar quando o mercado futuro estava apontando para o alto.

Os especuladores compravam as calls (opções de compra) financiando a operação com a venda das puts (opções de venda). Essa estratégia funciona razoavelmente bem se as coisas caminharem para a direção imaginada, ou seja, com o mercado subindo. Se o mercado continuasse a subir, os especuladores ganhariam com a valorização das calls compradas, enquanto as puts vendidas perderiam seu valor. Quando ocorre um desarranjo como o visto nos últimos pregões, ou seja, com o mercado despencando, o especulador se vê com o risco de ser exercido na put vendida, isto é, ficar comprado num mercado em queda acelerada. Para estancar ou limitar esse prejuízo iminente ele tem que vender futuros. Ao fazê-lo, empurra as cotações mais para baixo ainda, numa bola de neve.

Só para se ter uma idéia do tamanho da encrenca, nas puts com preço de exercício de 23 centavos de dólar por libra-peso para vencimento maio/2010, havia uma posição em aberto de 10.500 lotes (533.000 toneladas), desencadeando vendas de futuros quando o mercado se aproximava dos 23 centavos de dólar por libra-peso em 1º de março; depois, no preço de exercício de 22 havia mais 13.000 lotes (660.000 toneladas); e no preço de exercício de 20, mais 18.500 lotes (940.000 toneladas) e assim vai. Cada nova queda alimentava novos ajustes de posição pelo delta e conseqüentemente pressionava mais o mercado, obrigando a novos ajustes, que continuavam pressionando o mercado, e assim vai. Enquanto esse expurgo não terminar, o mercado não vai retomar a alta.

Os fundamentos do açúcar teriam mudado tanto assim? Assumindo uma simetria nos exageros altistas que fizeram o mercado de açúcar negociar acima dos 25 centavos de dólar por libra-peso que era considerado o topo (no maio), e chegou a 29 centavos, se a oscilação do pêndulo for a mesmo para a recente baixa, de 17,66 podemos inferir que o mercado deve voltar ao nível de 20,50. Acho palatável ainda, pelas seguintes razões: não sabemos como a safra do Centro-Sul vai iniciar, se teremos chuvas iguais ao do ano passado, se a extensão da produção indiana vai se confirmar, enfim, muitas questões sem resposta. Uma coisa parece consenso: os 29 centavos que vimos no maio ficarão mais distantes, como o sonho de uma noite de verão.

John Arnold, considerado um dos mais brilhantes traders de energia, e o segundo mais jovem bilionário americano, responsável pelo sucesso do seu fundo Centaurus, cuja posição especulativa no mercado de energia fez com que a Amaranth desaparecesse, tem uma frase básica para explicar seu sucesso: "Eu tento comprar as coisas sempre que elas negociam abaixo do preço que nossa análise considera justo e vende-las sempre que nossa análise mostra que a curva de preços no futuro está acima do valor que consideramos justo". Simples assim.

Agora compare essa análise com uma recente que circulou nas agências de notícias, acerca de um fundo que busca recursos de pessoas físicas no Brasil cujo gestor afirma que quem decide quando e onde aplicar o dinheiro é o computador, que analisa e dispara as ordens de compra, sem interferência dos humanos. O fundo opera também nas commodities agrícolas. Imagino que deva ter um robô vestido de bispo para quem o investidor insatisfeito possa fazer suas reclamações. Pode escrever aí. Ainda vamos ouvir muito falar dessas operações. Para o bem e para o mal. Quando os derivativos de crédito surgiram, ai de quem falasse contra. Deu no que deu.

Rumores de mercado na semana deram conta que uma trading que apostava suas fichas na ascensão do mercado de açúcar, teria perdido dezenas de milhões de dólares em suas posições compradas no físico e no futuro. O mercado dá, o mercado tira.

Com a queda do etanol no mercado interno, a margem líquida (depois do custo financeiro) tanto do anidro quanto do hidratado já está no território negativo, com ambos negociando abaixo do custo de produção estimado em R$ 0,9021 e 0,8660 respectivamente. A estimativa de margem operacional líquida para as usinas, baseada no fechamento, é de US$ 7,80 por tonelada de cana moída, antes do custo financeiro.

No Fundo Fictício da Archer Consulting, zeramos a posição do straddle de 27,50 no maio, recomprando 1.360 lotes da call (opção de compra) pagando 4 pontos e 1.000 da put (opção de venda), pagando 783 pontos. Também compramos 744 lotes nos futuros ao preço de 19,71, zerando a posição. Iniciamos uma nova posição vendendo 1.000 lotes de straddle do julho, coletando um prêmio de 3,46 centavos de dólar por libra-peso. Encerramos a semana com mais um prejuízo de US$ 177.195,97 e um ganho acumulado de US$ 4.178.947,82, com retorno anualizado de 289,24 %. Vamos zerar o delta da posição, vendendo na segunda-feira 636 calls (opções de compra) de preço de exercício 20,00 centavos de dólar por libra-peso no julho/2010.


Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting
Fonte: Da Agência

segunda-feira, 22 de março de 2010

Soro do leite pode se transformar em etanol

18/03/10 - O soro de leite pode se transformar em etanol, de acordo com um estudo que está adiantado na Universidade Norte do Paraná, em Londrina. Os pesquisadores trabalham na avaliação do teor de álcool que o soro produz e esperam ativar um projeto piloto com o produto no ano que vem. Veja aqui a reportagem completa.



Fonte: Canal Rural

Biocombustíveis: Alavanca para o desenvolvimento

Argumentamos neste espaço que a agroindústria brasileira é muito mais sofisticada do que geralmente se pensa, utilizando o caso da cadeia da cana-de-açúcar como exemplo. O olhar antigo que vê no setor apenas pobreza e baixa produtividade foi e continua sendo superado pelo desenvolvimento de um complexo produtivo único, tropical, de grandes proporções, inovador, dinâmico e fortemente integrado às áreas industriais e de serviços.

Essa construção demandou quatro décadas.

O ponto de partida foi a existência de uma farta disponibilidade de terra. Estima-se que, mesmo hoje, exista uma área a ser aproveitada superior a 100 milhões de hectares na região do Cerrado (fora da região da Floresta Amazônica, portanto), além de uma enorme área de pastagens de baixa produtividade, que já estão sendo convertidas para lavoura. Sobre essa base, o avanço da pesquisa consolidou-se pelo desenvolvimento generalizado do Sistema de Plantio Direto.

Tecnologia. Clima tropical requer proteção do solo; entretanto, o cultivo tradicional e o modelo de mecanização a ele atrelado mostrou-se inadequado nesse regime climático. O plantio direto, juntamente com nutrição de plantas e desenvolvimento genético garantiu um expressivo aumento da produtividade da agricultura na região central do País.

O domínio tecnológico da agricultura, em ambiente tropical, permitiu que a natural abundância de solo, luminosidade, temperatura e água fossem utilizadas para elevar a produtividade da agricultura. Além disso, novas tecnologias continuam a ser desenvolvidas, tanto pelo setor público como pelo setor privado.

Como resultado do plantio direto, duas safras passaram a ser cultivadas no mesmo ano; foi também possível desenvolver sistemas de integração de lavoura e pecuária, alternando verão e inverno ou fazendo rotação entre anos.

Nesses sistemas há um impacto direto na qualidade da produção de carne, pois o processamento da safra resulta em subprodutos que podem ser utilizados em rações de confinamento, semiconfinamento ou suplementação a pasto o que amplia a produtividade da pecuária junto com técnicas de melhoramento genético, liberando áreas para a agricultura. Por exemplo, a expansão da cana-de-açúcar na região noroeste do Estado de São Paulo tem sido feita, essencialmente na área de antigos pastos. Milhões de hectares adicionais de pastos serão liberados nos próximos anos.

Qualificação. Em paralelo a esse avanço tecnológico, o setor agropecuário e o Estado investiram fortemente no desenvolvimento de recursos humanos tanto em nível médio como superior. Em meio a uma escassez generalizada de mão de obra qualificada, que se observa no País, o setor agropecuário é, talvez, o mais bem servido.

Diversificação. Um aspecto interessante do agronegócio brasileiro é o amplo número de produtos estruturados em uma cadeia completa. Açúcar e álcool, laranja, café, soja, algodão, madeira, frutas, tomate, carnes, leite, ovos, flores e hortaliças encontram-se presentes no País. Essa diversificação garante estabilidade ao sistema.

Demais nota-se que o Brasil tem, além da diversificação das exportações, um grande mercado interno para esses produtos. Apenas no caso do trigo ainda dependemos de grandes volumes de importação, o que joga a favor da segurança alimentar.

Queda de preços. O mais espetacular resultado dessa evolução foi uma queda persistente no custo real da alimentação. Juarez Rizzieri e eu mostramos, em pesquisa para a Embrapa, que o custo no varejo de São Paulo de uma ampla cesta de alimentos caiu pouco mais de 5% ao ano, em termos reais, entre 1975 e 2005.

Essa situação perdura até hoje, reforçando a capacidade de compra das populações de baixa e média renda, em termos de produtos industriais de consumo. No caso brasileiro é falso que exista uma dicotomia entre a produção de alimentos e de energia. Artefatos como deserto verde, "não como eucalipto", etc. são apenas pobres argumentos ideológicos, úteis apenas para certos grupos extorquirem dinheiro público. Ademais, o setor não deve e não precisa destruir a floresta tropical para crescer e produzir.

Fertilizantes. O tamanho do sistema agropecuário brasileiro implicou também o desenvolvimento de uma significativa indústria de insumos como fertilizantes, defensivos, sementes, suplementos, rações, produtos veterinários e outros. Assim como uma indústria de equipamentos, tratores e implementos de grande proporção.

Nessas áreas também nota-se um fluxo de inovações tecnológicas muito significativas que permitem projetar continuidade da elevação da produtividade do sistema como um todo.

Inovação. Finalmente, assim como mostramos no caso da cana-de-açúcar na última coluna aqui publicada, essas cadeias produtivas estão cada vez mais longas, integrando agricultura, indústria e serviços. Novos produtos seguem sendo pesquisados e lançados.

Apenas como exemplos recentes lembro aqui os aviões movidos a etanol e lançamentos próximos na área de motores (a MWM e a AGCO/Delphi trabalham independentemente para lançar motores que combinam etanol e biodiesel e etanol e diesel), a utilização de biodiesel em locomotivas (Vale) e em plásticos (além daqueles oriundos da cana) biodegradáveis, como o Ecobrás, um copolímero obtido de um poliéster biodegradável certificado e fabricado pela Basf e um polímero vegetal desenvolvido pela Corn Products e produzido no Brasil. Este pode ser usado para produção de peças injetáveis, filmes, bobinas e sacolas plásticas.

Em resumo, a expansão do conhecimento e da inovação, de um amplo setor industrial e de serviços sofisticados é parte integrante, e não antagônica, do crescimento do agronegócio.

Ademais, o Brasil é o único país do mundo que pode elevar de forma significativa a produção de alimentos, energia e fibras em prazo relativamente curto.

Exportações. Existe hoje uma grande oportunidade para o agronegócio brasileiro que decorre de três fatores: da entrada no mercado de consumo de alimentos de centenas de milhões de pessoas na Ásia; da demanda de biocombustíveis e, finalmente, da crescente demanda por parte da indústria química (plásticos, solventes, especialidades). Apenas para lembrar, a rede de supermercados Carrefour pretende abolir as sacolas plásticas de sua operação mundial em pouco mais de três anos.

Embora não tenha sido tratado aqui, é sabido que a evolução da renda real dos consumidores brasileiros, nos últimos anos, tem sido positiva em todas as faixas de renda, levando a uma crescente massificação do mercado interno de produtos industriais.

O aproveitamento das oportunidades de exportação abertas ao agronegócio e aquelas dadas pelo mercado doméstico de produtos industriais são duas alavancas fundamentais do desenvolvimento brasileiro. Cabe a nós aproveitá-las.

Para tanto é fundamental reverter a perda de competitividade que vem ocorrendo pela deterioração da infraestrutura, pela escassez de mão de obra qualificada, pela elevação dos custos da energia elétrica e do gás natural para a indústria, pelas disfunções do sistema tributário, pela piora na regulação econômica, e etc.

Câmbio. Pedir uma intervenção que coloque o dólar a R$ 2,40 é uma solução aparentemente fácil, mas que alterna o impossível (imaginar que podemos nos transformar numa China) e o fracasso, como no caso da Argentina.

Voltaremos a isso no nosso próximo encontro.


Economista da MB Associados

Fonte: - José Roberto Mendonça de Barros

quinta-feira, 18 de março de 2010

Bertin vai assumir o controle da Infinity Bio-Energy

Produtora de açúcar e álcool está em recuperação judicial, com dívida de mais de R$ 700 milhões

O Grupo Bertin vai assumir o controle da produtora de açúcar e álcool Infinity Bio-Energy Brasil, que está em recuperação judicial. O acordo, assinado há alguns dias, deve ser divulgado hoje. A Infinity tem atualmente cinco usinas em operação, e sua dívida supera os R$ 700 milhões. O plano de recuperação judicial da empresa, aprovado em dezembro, já previa a entrada de novos sócios ou a venda de ativos.

O Bertin fundiu no ano passado suas operações de alimentos e lácteos com a JBS Friboi, criando a maior empresa de carnes do mundo. Mas manteve algumas operações separadas, como a área de biodiesel, a de construção e a de infraestrutura. Com a Infinity, a produção de álcool ganha mais força dentro do grupo, que já é sócio da Usina São Fernando, em Mato Grosso do Sul.

No final de fevereiro, a Agência Estado informou que a Infinity preparava um aumento de capital de R$ 180 milhões, operação que seria avaliada em uma assembleia geral extraordinária de acionistas marcada para 22 de março. Os R$ 180 milhões de aumento de capital correspondem exatamente ao valor líquido que a companhia pretendia receber pela venda da Usina Naviraí (Usinavi), em Mato Grosso do Sul, ou ainda a ser obtido por meio de um empréstimo, pelo qual a usina seria dada como garantia. A Usinavi foi a única das cinco usinas controladas pela Infinity que não foi dada como garantia aos credores que aprovaram o plano de recuperação.

A usina tem capacidade de moagem de 3,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, é a maior unidade industrial da Infinity no País e foi a primeira adquirida pela companhia, em setembro de 2006. Antes mesmo da aprovação da recuperação judicial, a Infinity já negociava a venda da usina.

POLO

Além da Usina Naviraí, a Infinity criou um polo nas divisas de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, com três unidades em operação ? Alcana, Cridasa e Disa ? e ainda possui a Usina Paraíso, em São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas.

O plano de recuperação judicial da previa, além de uma reestruturação e da venda de ativos, o pagamento de dívidas de valores iguais ou inferiores a R$ 1,5 mil logo após a homologação do acordo. Os credores com garantias reais serão pagos em dez anos, com o desembolso previsto para começar cinco anos após a homologação judicial. Os credores trabalhistas devem ser pagos em até um ano. Para os credores que não possuem garantias está previsto um desconto de 50% no valor de seus créditos e opção pelo recebimento em dez anos e meio, ou em cronograma de pagamentos mensais.

Fonte:

Produtores ouvem propostas da Embrapa e Petrobras para darem guinada em produção agrícola

40 produtores da região de Aracaju/SE ouvem propostas de empresas como Embrapa e Petrobras para darem guinada em produção agrícola no município.

No último dia 5 aconteceu no Auditório do Conselho Tutelar de Divina Pastora o 1° Workshop de Agricultura Familiar e Produção de Biocombustível. A Prefeitura Municipal através da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Abastecimento realizou um debate entre a comunidade de agricultores e instituições como Petrobras, Instituto de Tecnologia e Pesquisa – ITP – e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Idealizado pelo secretário da pasta, Heldimar Bezerra, o Workshop visou apresentar à população quais culturas tem a possibilidade de serem plantadas com sucesso e, desta forma, gerar renda. O ITP foi a primeira instituição a se apresentar, representada pelo professor e sociólogo Geraldo Viana que mostrou a opção de se trazer uma usina de biocombustível para o município produzido a partir do plantio de sorgo sacarino, uma espécie similar à cana-de-açúcar.
A vinda de tal usina já está sendo negociada, num investimento de cerca de R$ 400 mil, orçamento considerado baixo para a quantidade que será produzida diariamente e para a renda mensal que cada trabalhador receberá, algo estimado em torno de R$ 600. A Usina produzirá dois tipos de álcool, o hidratado a 94°, utilizado para limpeza e o de 55°, para combustíveis.
Após a fala de Geraldo, o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros Alexandre Tommasi afirmou que Sergipe é um dos 43 centros de pesquisas ecorregionais do Brasil, caracterizadas por oferecer potencial para a geração de tecnologias, adaptadas a cada região. Reforçou a conexão entre as pesquisas feitas com o meio produtivo onde estavam para que, desta forma, pudessem chegar ao mercado e ao produtor rural. E, somente depois da apresentação da missão e objetivos da Embrapa é que Alexandre entrou no assunto de real interesse da comunidade presente.
Foram apresentados à comunidade de agricultores alguns projetos com oleaginosas como Girassol em Sergipe, cuja adaptabilidade à região nordeste é grande e tem se tornado a menina dos olhos de produtores rurais Brasil afora. É um excelente produto para ser transformado em biodiesel, combustível ambientalmente correto e em alta.
Além do Girassol, uma das propostas da Embrapa é reativar o plantio de mandioca incentivando a caracterização e o desenvolvimento de técnicas de cultivo. Também serão identificadas outras culturas que mais se adequam à região para, a partir daí, se iniciar o plantio como por exemplo, de variações da mandioca de polpa amarelada, mais rica em vitamina A e milho.
Ashton Vital, assessor técnico da Petrobrás Biocombustível, tomou a palavra logo ao final da palestra de Tommasi para falar sobre o programa desenvolvido por esta empresa na área de Agricultura Familiar, embasada por lei no tripé das responsabilidades social, ambiental e mercadológica. Produtores rurais que fizerem acordo com a Petrobras, terão seus produtos comprados por ela. A empresa petrolífera já contempla seis mil famílias em 33 municípios sergipanos com esta ideia de alto rendimento e cultivo rápido (100 dias).
Ao final das apresentações, as empresas convidadas e os agricultores presentes iniciaram um debate para determinar quais culturas seriam implantadas no município. Decidiram, entusiasmados com a iniciativa da Secretaria de Agricultura do Município, pelo plantio de mandioca, aipim, feijão, milho, sorgo sacarino, hortaliças, girassol e cana-de-açúcar. “Ver as instituições e a Prefeitura se articulando já é animador e traz esperança de uma produção agrícola que traga mais desenvolvimento para o município”, disse Reginaldo Almeida, representante do assentamento do MST em Divina Pastora.
Os agricultores José de França e José Rodrigues não negam a grande disposição que possuem em rever as terras locais produzindo várias culturas. “Estamos endividados e não tivemos sucesso no plantio de mandioca no passado. Mas a história agora é diferente. Queremos plantar e estamos com saúde e disposição”, comemoram.

Fonte: Plenaria

segunda-feira, 15 de março de 2010

Baixa do petróleo faz etanol perder espaço

A queda acentuada dos preços do petróleo acendeu uma luz amarela para a competitividade do álcool combustível em relação à gasolina. Os vários projetos de novas usinas no Brasil, a grande maioria deles sustentados pela crescente demanda global por álcool, poderão ser colocados em xeque, caso as cotações do petróleo recuem ainda mais ou persistam nesses atuais patamares. Nos últimos sete dias, o barril do petróleo caiu abaixo de US$ 50 duas vezes. O consenso no mercado é de que os projetos de álcool no país são viáveis economicamente com o barril até US$ 40.

Fonte:

Brasil em duas rodas com etanol

A Honda reunirá em Brasília concessionários do país inteiro para apresentar um lançamento que vinha sendo mantido em segredo: o primeiro modelo de moto movida a etanol e a gasolina.

Fonte:

ADM negocia a compra da Unialco

A ADM, gigante americano do setor agrícola, negocia a compra das usinas da Unialco, de Luiz Guilherme Zancaner. O grupo tem interesse especial na unidade de Guararapes, no interior de SP, que está avaliada em R$ 310 mi, e na de Aparecida do Taboado, em MS, estimada em R$ 170 mi. O sucesso da operação depende da avaliação das dívidas da Unialco e da capacidade de Zancaner de convencer seus sócios a também vender suas participações para a ADM. Oficialmente, as empresas não se manifestam sobre o assunto.

Fonte:

IBAMA cria uma “nota verde” para os carros

A Nota Verde, criada pelo Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, varia numa escala de 0 a 10. Quanto maior a nota de um carro, menor o seu índice de emissão de CO, hidrocarbonetos e NOx. Os dados disponíveis referem-se a modelos produzidos em 2008 e estão de fora os carros a álcool. O site Lista10 publicou o Top 10:

  1. Ford Focus – 9,4 pontos
  2. Honda New Fit EX – 9,2
  3. Nissan Tiida – 9,2
  4. Honda New Fit LXL – 9,1
  5. Ford Edge – 9,1
  6. Honda New Fit LX – 9,1
  7. Chrysler PT Cruiser – 9
  8. Fiat Uno – 9
  9. Fiat Uno Way – 8,9
  10. Honda Civic LXS – 8,8

Carros Flex-Fuel reduz a emissão de CO2 no Brasil em 35 milhões de ton

De 2003 até 2008 os carros deixaram de emitir na atmosfera 35 milhões de toneladas de CO2, graças ao uso do álcool nos carro flex. Os dados foram apresentados em São Paulo pelo governador José Serra na abertura do Ethanol Summit, um dos principais encontros sobre o etanol no mundo. O evento foi organizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Se 10% da gasolina do mundo tivesse álcool em sua formulação, deixariam de ser emitidos por ano 530 milhões de toneladas de CO2. O Brasil é o único país a misturar até 25% de etanol à gasolina, além de produzir 90% dos carros com motor flex.

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Exportação de álcool seria o novo café do Brasil?

As exportações brasileiras totais de álcool cresceram 70,9% em volume e 98,7% em faturamento no primeiro semestre de 2007, informou o Departamento de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura. Os Estados Unidos seguem como o principal destino do álcool brasileiro, sendo responsável por 29,6% do total exportado. As exportações para a Europa subiram 119,5% em volume, se comparados os dois primeiros semestres de 2006 e 2007. Para o Japão as exportações subiram quase 30%.

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Abastecer com gasolina ou álcool?

Para usuário de carro flex, abastecer com álcool só tem vantagem se o preço corresponder a no máximo 70% do valor da gasolina. Isso porque o álcool faz com que o carro tenha um rendimento, em média, 30% menor. Para saber se é vantajoso abastecer, o motorista deve dividir o preço do álcool pela gasolina e o resultado não pode ultrapassar 0,7.

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Investimento em álcool chegará a US$ 19 bi até 2012

Com o \”boom\” do álcool no mundo, o setor sucroalcooleiro do Brasil recebe novos investimentos, que contarão com forte financiamento estatal. Serão aplicados US$ 19 bilhões até 2012 em pelo menos 86 novas usinas e ampliações; já os empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) somarão até R$ 10 bilhões no período.

De 2002 a 2005, o setor investiu menos de um terço do valor previsto para os próximos anos, US$ 6,2 bilhões. Se saírem do papel, os projetos vão gerar 400 mil empregos e aumentar em 114% a produção de álcool até 2012.

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quinta-feira, 4 de março de 2010

Bagaço de cana vira matéria-prima para etanol de segunda geração


Grupo de pesquisa na Unicamp desenvolve equipamento para fazer a separação das partes do bagaço de cana-de-açúcar, facilitando a obtenção do etanol celulósico.

O bagaço da cana-de-açúcar, um subproduto do processo de produção do açúcar e do etanol, é reaproveitado principalmente para gerar energia elétrica, por meio de sua queima nas próprias usinas.

Mas pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo novos usos para o resíduo, abrindo caminho para sua utilização com uma finalidade ainda mais nobre - na produção de biocombustíveis de segunda geração.

Matéria-prima nobre

O potencial para o uso do bagaço de cana para produzir o chamado etanol de segunda geração é enorme, especialmente por causa da grande disponibilidade desta matéria-prima. O volume desse subproduto representa cerca de um terço da produção de cana-de-açúcar no Brasil, que vem batendo recordes a cada ano.

A safra de 2009, anunciada este mês pelo Ministério da Agricultura, ultrapassa 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que representa em torno de 200 milhões de toneladas de bagaço.

Melhorias genéticas obtidas em laboratório também contribuem para aumentar a biomassa do vegetal. Isso refletirá em plantas de maior porte e, consequentemente, com mais bagaço no fim do processo convencional de produção de açúcar e de etanol.

Hidrólise da celulose

Foi pensando em dar um tratamento preliminar a esse rejeito que pesquisadores da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenados pelo professor Luis Augusto Barbosa Cortez, desenvolveram um equipamento capaz de separar esse material heterogêneo em partes semelhantes.

Após a última moenda da cana, o bagaço torna-se praticamente um pó formado de partículas e fibras de vários tamanhos. A porção mais dura dessa mistura é rica em lignina e oriunda da parte externa do caule, sendo praticamente seca. Já o material mais mole é úmido e deriva do interior da planta. Essa é a melhor parte para entrar no processo de produção de etanol, por ser rica em celulose.

"A lignina é mais difícil de degradar, por isso a parte de dentro, com menor teor de lignina, é a ideal para ser submetida à hidrólise", explicou Cortez, referindo-se ao processo que quebra o açúcar da celulose e o transforma em álcool.

"A lignina é um agregador que oferece resistência à quebra das moléculas. Quanto menos lignina contiver o material, mais fácil é o processo de obtenção do álcool celulósico", explicou.

Por isso, a classificação do bagaço obtida por meio da tecnologia desenvolvida pelo grupo da Feagri tende a ganhar cada vez mais importância à medida que avançam as pesquisas sobre a nova geração do etanol.

Classificador pneumático

O desafio dos pesquisadores foi criar uma tecnologia para classificar de maneira contínua e automática essas diferentes partes do bagaço da cana.

Para isso, o grupo contou com a participação do professor Guillermo Roca, da Universidade de Oriente, em Cuba, que veio ao Brasil para participar do projeto.

Foram os trabalhos de Roca que estabeleceram os princípios gerais para construção do invento, um tipo de classificador pneumático. Nele, o bagaço é inserido por um orifício diagonal, localizado em sua parte superior, e empurrado por uma válvula rotativa sobre um fluxo constante de ar.

"As partículas grossas são então depositadas no fundo, as de tamanho médio ficam em um coletor na parte intermediária do dispositivo e as menores e mais leves são levadas pelo ar por um tubo curvo até um depósito mais alto", explicou Cortez.

"Não é preciso preparar o bagaço antes de colocá-lo na máquina", ressaltou. Isso faz seu custo operacional ser interessante à indústria. Mesmo antes de se começar a produção do etanol de celulose, a separação do bagaço pode melhorar a qualidade dos vários destinos que esse subproduto tem recebido. A parte seca do bagaço, por exemplo, proporciona uma queima mais uniforme e eficiente para produzir energia termelétrica.

Outras aplicações do homogeneizador

Enquanto a tecnologia não estiver pronta para a indústria, o bagaço continuará sendo empregado na produção de ração animal, fertilizante e, principalmente, de material de queima para alimentar caldeiras geradoras de energia elétrica dentro das usinas. Para isso, ele não recebe nenhum tratamento. "Ele não é sequer secado antes de ser queimado, o que diminui a eficiência da queima", disse Cortez.

Quando se iniciar a segunda geração do etanol, a parte mais valorizada do bagaço será retirada do depósito inferior do classificador desenvolvido na Unicamp. Por meio de análises, o grupo averiguou que a fração mais grossa tem maior teor de celulose e quantidades menores de lignina, sendo a mais apropriada para a produção do álcool.

Além da indústria sucroalcooleira, o homogeneizador poderá ser útil em qualquer ramo de atividade que necessite separar materiais sólidos granulados heterogêneos. Por exemplo, grãos moídos na indústria alimentícia, hidrato de cal, na área de mineração, e o pó resultante da moagem de pedras, na construção civil.

A eficiência e a versatilidade do equipamento motivaram o depósito do pedido de patente por meio da agência de inovação Inova Unicamp.

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Laboratório de bioetanol de segunda geração é inaugurado em Campinas


O novo laboratório visa resolver os gargalos com o objetivo de tornar o Brasil capaz de fornecer, em 2025, etanol para substituir 10% da gasolina utilizada no mundo.

Etanol de celulose

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura nesta sexta-feira (22), às 15h30, no Polo II de Alta Tecnologia, em Campinas, o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).

O novo laboratório trabalhará focado na pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) do ciclo cana-de-açúcar/etanol para a produção, em larga escala, do chamado álcool de 2ª geração ou etanol celulósico.

Com a nova unidade, o Brasil entrará definitivamente na corrida mundial em busca do etanol de celulose, considerado o combustível do futuro.

Patrocinado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o empreendimento conta com recursos iniciais de R$ 69 milhões e será coordenado pelo professor Marco Aurélio Pinheiro Lima, do Departamento de Eletrônica Quântica do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp.

Ambiente industrial de pesquisa

A missão do CTBE, detalhada por Marco Aurélio em coletiva à imprensa nesta quinta-feira (21), será desenvolver um pacote tecnológico que não apenas seja capaz de extrair o combustível da biomassa de cana-de-açúcar, mas que também seja viável economicamente.

"O Centro quer criar um ambiente industrial de pesquisa, um ambiente que possa trazer processos de sucesso da universidade para uma escala intermediária entre o laboratório e a indústria", explica.

A criação do CTBE surgiu a partir de estudo iniciado em 2005 a pedido MCT e coordenado por Rogério Cezar Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Planejamento Energético da Unicamp (Nipe). O trabalho detectou os gargalos em um cenário que projeta o país para fornecer, em 2025, etanol para substituir 10% da gasolina utilizada no mundo.

Demanda de ciência

"Há alguns anos foi feito um estudo sobre a possibilidade de o Brasil fazer o escalonamento de produção de etanol. E a pergunta feita na época é se seria possível o Brasil substituir 10% da gasolina mundial por álcool brasileiro. O estudo apontou que sim, mas existem gargalos no ciclo que demandam ciência para resolver. E por essa razão a ideia de trazer um laboratório como esse para dentro dessa estrutura. Essa estrutura tem capacidade para fazer o aprofundamento científico necessário para vencer esses gargalos", contextualizou Marco Aurélio Pinheiro.

O CTBE desenvolverá, ainda de acordo com ele, tecnologia eficiente e sustentável de conversão da biomassa da cana-de-açúcar em energia química renovável. Para isso, contará com uma ampla infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento (P&D), com destaque para a Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP). A PPDP permitirá o escalonamento de tecnologias relacionadas à produção de etanol a partir do bagaço de cana.

Centro multidisciplinar

Marco Aurélio Pinheiro ressalta que o CTBE insere-se no cenário de P&D como um Centro que abre as portas para outras instituições, convidando pesquisadores de diversos setores a encontrar soluções para o desenvolvimento do bioetanol de cana-de-açúcar em todo seu ciclo produtivo.

Haverá também interface com a indústria que poderá desenvolver pesquisa no ambiente do laboratório com todos os direitos garantidos e sustentados pela Lei de Inovação. "Esse é um projeto com as características de uma política de estado", afirmou.

Após a coletiva, o diretor científico do CTBE, Marcos Silveira Buckeridge, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), apresentou a cadeia de produção do etanol de 2ª geração nos laboratórios científicos do novo centro.

Sobre o Etanol de Celulose

O etanol de celulose é produzido a partir da transformação de biomassa em açúcar.

Toda matéria vegetal é constituída de lignocelulose, um conjunto de polímeros formado por celulose, hemicelulose e lignina.

A celulose e a hemicelulose podem gerar etanol celulósico. Antes da fermentação, porém, é preciso quebrar suas cadeias químicas para obter o açúcar.

As duas técnicas mais conhecidas são as hidrólises enzimática e ácida. Na primeira, mais lenta, uma enzima faz a quebra; na segunda, a tarefa fica a cargo de um ácido.

Localização privilegiada

Com a criação deste novo laboratório nacional com foco no ciclo cana-de-açúcar/etanol, o MCT decidiu reestruturar o campus de pesquisa, situado ao lado da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), criando o Centro Nacional de Pesquisa em Energia de Materiais (CNPEM).

O CNPEM passa a abrigar, além do CTBE, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e o Laboratório de Nanotecnologia Cesar Lattes.

O CTBE conta com a parceria científica do LNLS e do LNBio. O LNLS é pioneiro no Hemisfério Sul e único na América Latina a possuir uma Fonte de Luz Síncrotron, tecnologia que permite conhecer a estrutura tridimensional e química da matéria.

Já o LNBio atua no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação em biociências. Na interação com o CTBE, desenvolve pesquisas avançadas em estrutura e função de biomoléculas, como as enzimas necessárias ao processo de produção de etanol de 2ª geração.

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quarta-feira, 3 de março de 2010

EUA reconhecem etanol brasileiro como biocombustível avançado

Biocombustível Avançado

A Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) anunciou que o etanol brasileiro de cana-de-açúcar reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 61% em relação à gasolina – o que o caracteriza como um “biocombustível avançado”.

O reconhecimento da EPA abre o mercado norte-americano e mundial para o etanol brasileiro e deverá contribuir para a redução das tarifas de importação impostas ao produto pelo governo dos Estados Unidos.

Mais pesquisas

Segundo os pesquisadores, isso aumenta ainda mais a necessidade de investimentos em pesquisas relacionadas ao biocombustível no Brasil.

“O governo dos Estados Unidos reconheceu algo que já estava bem claro para a comunidade científica. Trata-se de uma excelente notícia para o etanol brasileiro porque a disponibilidade de um biocombustível avançado e comercialmente viável é um elemento importante para a estratégia norte-americana de redução de emissões de GEE [gases de efeito estufa],” disse Luís Augusto Barbosa Cortez, professor Engenharia Agrícola da Unicamp.

“No entanto, a provável abertura do mercado criará uma demanda que só poderá ser suprida se tivermos um grande avanço tecnológico”, complementa ele.

Mais álcool com a mesma cana

Segundo Cortez, a necessidade de aumento da produção poderá ter tal magnitude que somente seria possível de ser realizada com investimentos em pesquisa para o aprimoramento do etanol de primeira geração e para o desenvolvimento da produção de etanol celulósico – que deverá aumentar a produtividade sem expansão da área plantada de cana-de-açúcar.

“Essa boa notícia precisa ser acompanhada de investimentos para que o etanol tenha melhores indicadores, como custo de produção, redução de consumo de fertilizantes, produtividade agroindustrial, condições de trabalho no campo e redução de queimadas. A sustentabilidade do etanol tem que ser considerada em suas dimensões ambientais, sociais e econômicas”, disse.

Consumo mínimo de biocombustíveis

De acordo com avaliação feita pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a decisão da EPA abre o mercado para a entrada de 15 a 40 bilhões de litros de etanol brasileiro nos Estados Unidos até 2022. A nova legislação norte-americana estabelece que o consumo mínimo de biocombustíveis deve ser de mais de 45 bilhões de litros anuais e, até 2022, esse volume deverá ser elevado para até 136 bilhões de litros.

“A decisão não abre o mercado apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, porque a EPA é reconhecida em todos os países e o etanol brasileiro provavelmente ganhará importância nas estratégias de redução de emissões de todos eles”, disse Cortez.

O pesquisador também coordena estudos sobre expansão da produção de etanol no Brasil visando à substituição de 10% da gasolina no mundo em 2025 por etanol de cana-de-açúcar, feitos pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Unicamp.

O que é um biocombustível avançado?

Para ser considerado um biocombustível avançado, o etanol deve reduzir as emissões de GEE em pelo menos 40% em relação à gasolina. Artigos científicos indicaram que a redução do etanol brasileiro variava entre 60% e 90%, dependendo da metodologia de estudo. O etanol de milho norte-americano, em comparação, produz redução de cerca de 15%.

“Que eu saiba, por esse critério, não há nenhum outro biocombustível avançado comercialmente viável. O biodiesel europeu, que tem melhor desempenho, proporciona reduções na faixa de 20% a 30%. Os norte-americanos têm esperanças de conseguir essa classificação para o etanol de segunda geração, mas ele ainda não é comercial e quando estiver sendo produzido ainda será muito caro”, afirmou Cortez.

Protecionismo incoerente

O professor da Unicamp explica que o reconhecimento da EPA certamente ajudará a derrubar a tarifa de importação do etanol brasileiro nos Estados Unidos, que está estabelecida até o fim de 2010 em US$ 0,54 por galão.

A tarifa, estabelecida para proteger os produtores de etanol de milho nos Estados Unidos, é considerada um grande obstáculo para o produto brasileiro. Mas, segundo o cientista, o ideal é que elas sejam diminuídas gradativamente, com a criação de tarifas diferenciadas.

“Com essas tarifas eles protegem os fazendeiros, mas não reduzem as emissões o suficiente. Esse protecionismo é incoerente com as estratégias ambientais e deverá ser revisto. Mas é preciso que essa redução aconteça paulatinamente para que a indústria brasileira tenha tempo para se preparar para a imensa demanda que será gerada. Se a redução for repentina, isso poderá levar ao desabastecimento”, disse.

Desproporção

O reconhecimento da EPA do etanol brasileiro como biocombustível avançado não basta para que ele seja integrado à estratégia norte-americana, segundo Cortez.

“Para optar de fato pelo nosso etanol, eles precisarão analisar se o Brasil é um fornecedor seguro. O único jeito de garantir isso é aumentar a produção. Hoje, sabemos que uma simples alta na exportação do açúcar já é capaz de afetar o fornecimento de etanol no Brasil”, afirmou.

Cortez ressalta que hoje os Estados Unidos consomem cerca de 560 bilhões de litros de etanol por ano, enquanto o Brasil consome aproximadamente 40 milhões de litros.

“Se o mercado norte-americano começar a demandar uma quantidade importante como 5 ou 10 bilhões de litros por ano, isso vai afetar significativamente o mercado brasileiro. Esse mercado é muito sensível ao preço do açúcar em nível internacional e ao consumo de álcool em nível interno”, destacou.

Fábio de Castro – Agência Fapesp – 05/02/2010