terça-feira, 30 de setembro de 2008

Etanol brasileiro pode chegar aos EUA via Colômbia

O governo brasileiro e o setor privado vêem chances de o Brasil começar a fornecer para a Colômbia equipamentos para a produção de etanol. E, a exemplo do que já acontece com outros países, como a Jamaica, o governo brasileiro quer que o país colombiano se torne uma base exportadora para o etanol brasileiro chegar aos Estados Unidos sem a tarifa de importação.

A Colômbia tem tratado de livre comércio (TLC) com os americanos. É de olho nisso que a Apex Brasil busca fechar acordos com o governo colombiano e com a embaixada dos Estados Unidos para facilitar o trabalho das empresas brasileiras e aumentar a participação das exportações de produtos com maior valor agregado na balança comercial brasileira, principalmente de médias e pequenas empresas.

Na Jamaica estão sendo montadas unidades industriais para desidratar o álcool hidratado adquirido do Brasil e depois exportado para os Estados Unidos. A Colômbia quer se tornar uma fonte de exportação para os Estados Unidos, mas através de produção própria, segundo revelou o presidente da Petrobrás na Colômbia, Abílio Paulo Pinheiro Ramos.

Empresas brasileiras do ramo estão interessadas em fazer negócios na Colômbia. Um deles é a venda de destilarias para produção de etanol. Outra possibilidade é a exportação do combustível já fabricado.

Paralelamente as empresas colombianas demonstram interesse de fechar negócios com as empresas brasileiras, conforme observou o gerente de Projeto do Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool da Região de Piracicaba), Flávio Castelar, durante o evento "Brasil Tecnológico", promovido pela Apex Brasil na semana passada, na capital colombiana. Porém, empresários locais revelaram que os colombianos têm interesse de exportar álcool hidratado do Brasil para desidratar na Colômbia, o que não é permitido pela legislação local.

Castelar vê chances de as brasileiras venderem apenas destilarias para os colombianos. No país existem 14 engenhos para a produção de açúcar, enquanto que para a produção de álcool existem apenas cinco destilarias. O gerente avalia que o parque industrial colombiano é insuficiente para atender a demanda por álcool no país que há pouco tempo adotou o programa de adicionar 10% de álcool desidratado na gasolina para incentivar a produção de etanol local, percentual que deve ser elevado para 20% em 2012.

Conforme dados do setor colombiano, a produção atual de etanol no país é de 290 milhões de litros por ano. E o governo colombiano prevê aumentar essa produção para algo entre 11 bilhões e 15 bilhões de litros nos próximos anos, sendo que boa parte do volume será para exportação.

Apesar de o setor ter potencial de crescer na Colômbia, o presidente da Petrobras da Colômbia, Abílio Ramos, admite a possibilidade de as empresas brasileiras venderem apenas equipamentos para as empresas locais produzirem o combustível, pois a "Colômbia tem planos de se tornar uma exportadora de etanol, através de produção própria".

"Nesse caso poderia haver um intercâmbio de empresas brasileiras que detêm a tecnologia de produção de etanol com as empresas colombianas", disse Ramos. "Vejo potencial para as empresas brasileiras realizarem negócios aqui (Colômbia), porque as empresas colombianas necessitam de capital e de equipamentos", acrescentou o presidente da Petrobras em solo colombiano.


Viviane Monteiro
Fonte: Gazeta Mercantil

Brasil testa certificação do etanol em outubro

O Brasil vai fazer o primeiro teste de certificação do álcool produzido a partir de cana-de-açúcar na segunda quinzena de outubro. O programa está a cargo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), instituição subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De acordo com o diretor de Qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo, participarão do projeto piloto usinas de São Paulo, do Centro-Oeste, do Nordeste e do Paraná. "Os nomes dos produtores deverão estar fechados nos próximos dias", disse. O programa deverá ser avaliado até novembro e, em seguida, apresentado ao ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge.

De acordo com o diretor de Qualidade do Inmetro, a certificação tem por objetivo atestar que o etanol brasileiro atende aos requisitos de sustentabilidade, reduzindo, com isso, os argumentos usados internacionalmente contra os biocombustíveis.

Segundo Lobo, o programa de certificação está focado em três pontos. "Nós avaliamos se o etanol de cana atende a requisitos físico-químicos de qualidade, se atende às questões socioambientais, como, por exemplo, o respeito à legislação trabalhista, e se é fator de redução das emissões de gases de efeito estufa. Enfim, se é produzido com o menor impacto possível." A certificação engloba toda a cadeia de custódia. A verificação vai da usina até o ponto de destino do biocombustível. De acordo com Lobo, as certificadoras já foram, inclusive, cadastradas.

Ofensiva - Na elaboração do programa, Inmetro levou em conta a necessidade de desenvolvimento de padrões metrológicos, com obtenção de material de referência, levando em conta os padrões já existentes em outros países, como os Estados Unidos, e o estabelecimento de norma técnica. "Mas, o programa foi desenvolido totalmente no Brasil", afirmou.

"Com a certificação, o Brasil deixa de estar a reboque da discussão sobre etanol. Como principal ator nesse segmento, o País não pode abdicar de seu papel de pautar as discussões sobre a sustentabilidade dos biocombustíveis", disse Lobo. Mas, apesar de o trabalho já estar pronto, não está assegurada a implementação da certificação. Há uma corrente que acredita ser melhor adiar o processo, pois ele poderia excluir, no momento, alguns produtores nacionais.

A maior dificuldade dos especialistas do Inmetro, explica Lobo, foi estabelecer um nível de equilíbrio entre as exigências técnicas e as de caráter social e ambiental do programa para que ele fosse o menos excludente e respeitado internacionalmente. Os princípios socioambientais são: respeito à legislação, ao solo, a água e ao ar, à biodiversidade e racionalidade na exploração dos recursos ambientais. O dirigente do Inmetro acredita que, quando adotado, o programa, cuja adesão é voluntária, deverá atrair primeiramente o setor exportador.

Parcerias - Na construção do programa brasileiro de certificação, o Inmetro interagiu com instituições de vários países. Lobo conta que essa relação foi altamente benéfica ao País. "Ao constatar o grau de desenvolvimento de nosso conhecimento, as trocas se tornavam mais ricas e, invariavelmente, vários aspectos colocados por nós passavam a ser levados em conta e incorporados pelas instituições, especialmente as alemãs, o que é muito bom para o País no plano externo", explica.

O dirigente do Inmetro acredita que a relação construída com as instituições internacionais ao longo da elaboração do programa brasileiro assegura a incorporação de vários aspectos defendidos por técnicos brasileiros à base que deverá servir para a criação na Europa de um fórum internacional para certificação de programas nacionais.

Fonte: 24HorasNews

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

No Brasil, etanol é 'jóia da coroa', ao lado do pré-sal

O Brasil vai viver um "boom" de etanol nos próximos dez anos, quando a demanda pelo produto vai crescer 150%, passando de 25,5 bilhões de litros, em 2008, para 63,9 bilhões de litros, em 2017.

Para atender a demanda, serão necessárias 246 novas usinas, sendo que 46% já estão em construção, e um investimento de US$ 20 bilhões a US$ 25 bilhões. O cenário foi traçado nesta quarta-feira (24) pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, que classificou o etanol como uma "jóia da coroa", ao lado do pré-sal.

"O Brasil está caminhando para ser uma potência do ponto de vista energético porque tem o pré-sal que vai tornar o Brasil um grande exportador de petróleo e o etanol que faz dele um exportador e um produtor de combustíveis limpos. Então, sem dúvida alguma, o etanol é uma ‘jóia da coroa’, ao lado do pré-sal", ressaltou.

Aumento da frota

De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia, mais 14 milhões de veículos serão adicionados à frota brasileira em dez anos. E, se hoje 30% da frota de 23,2 milhões de veículos são de carros flex, a projeção é que esse índice chegue a 73% de 37 milhões de veículos em 2017.

"O flex fuel dá poder ao consumidor. Hoje, ele vai na bomba e escolhe se vai botar etanol ou gasolina. Hoje, 75% desse conjunto de carros flex fuel abastecem com etanol. Só 25% escolhem gasolina", explica Tolmasquim.

A perspectiva é que, em 2017, 80% de todos veículos de passeio serão abastecidos por etanol. Para que abastecer com álcool seja vantajoso para o consumidor, é necessário que o preço do litro custe até 70% do preço da gasolina. A média nacional hoje, segundo a EPE, é de 59%.

Crescimento 'forte'

"A perspectiva de crescimento da demanda é muito forte. O etanol é muito atrativo para o investidor. Mesmo o barril de petróleo chegando a US$ 75, que é o piso que nós acreditamos que pode chegar, o etanol ainda é competitivo. Portanto, eu acredito que haverá muito investimento e que essa crise internacional não afetará essa perspectiva boa de expansão", explicou.

Já quanto à exportação, a expectativa é que o volume negociado com outros mercados duplique nos próximos dez anos, passando dos atuais 4,2 bilhões para 8,3 bilhões de litros em 2017. Nesse cenário, os Estados Unidos, hoje o principal comprador, perderão espaço para o Japão, cuja demanda pelo etanol deve representar 36,2% das exportações.

Fonte: Gazetaweb.com

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Cana-de-açúcar é a opção de matriz energética limpa e renovável

A cana-de-açúcar responde por 16% da matriz energética brasileira, uma das mais limpas e renováveis do mundo, atrás apenas do petróleo e derivados (37%). Da planta aproveita-se o caldo, o bagaço e a palha da cana para produção de açúcar, etanol, adubo e bioeletricidade, com vantagem de reduzir impactos ambientais e gerar créditos de carbono.

As informações foram prestadas pelo assessor econômico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), Luciano Rodrigues, durante palestra na 1ª Semana do Etanol: compartilhando a experiência brasileira (em inglês, 1st Ethanol Week: sharing the Brazilian experience), nesta terça-feira (2), em Araras/SP. O encontro é promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar),

Rodrigues informou que apenas 20 produtores de petróleo fornecem combustível fóssil para todo o mundo. Ele acredita que mais de cem países poderiam produzir biocombustíveis para 200 nações, utilizando a cana-de-açúcar como matéria-prima.

O setor sucroalcooleiro tem expectativa de que até 2010 mais de 450 unidades produtoras de açúcar e álcool estejam funcionando. Hoje são 410 unidades industriais. Há previsão de investimentos da ordem de US$ 33 bilhões na instalação de novas unidades produtoras até 2012. Neste mesmo período, a participação do capital estrangeiro no setor deverá aumentar de 7% para 12%.

Em relação à produção da cana, o assessor da Única disse que o plantio está concentrado na região centro-sul do País, distante mais de 2,5 mil km da Floresta Amazônica, e o cultivo pode ocupar 25 milhões de hectares das áreas de pastagens degradadas disponíveis.

Participam do encontro em Araras representantes do governo e de empresas privadas de mais de 30 países da América Latina, Caribe e África, como Moçambique, Senegal, Colômbia, Panamá, Argentina, Haiti, Togo e Cabo Verde.

Fonte: Jornal O Serrano - Inez De Podestà

Da:

Brasil estuda processar EUA na OMC por sobretaxar etanol

DEMOROU: O Brasil está estudando a possibilidade de processar os Estados Unidos perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) pela sobretaxa americana às importações de etanol, afirmou hoje o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

"Estamos fazendo uma avaliação jurídica e acreditamos que temos um caso jurídico sustentável. Achamos que temos boas possibilidades de vencer e, por isso, é muito provável que o levemos perante a OMC", disse Amorim em coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro.

"Não há um prazo. Pode ser em um mês, em dois meses. Vai depender da leitura que fizermos da avaliação jurídica e das conversas com os produtores e os advogados", acrescentou.

Os EUA cobram, além da tarifa normal, uma taxa adicional de US$ 0,54 por galão de etanol de cana-de-açúcar importado do Brasil, que é muito mais barato e eficiente que o etanol americano, que é proveniente do milho.

A sobretaxa é considerada como uma medida para proteger os produtores americanos de milho e de etanol e constitui um freio aos planos de expansão do combustível alternativo do Brasil, o maior produtor e exportador mundial de etanol de cana-de-açúcar.

"Consideramos que é uma cobrança indevida. Achamos há algum tempo que se trata de uma taxa ilegal que não tem como ser sustentada", afirmou Amorim.

O possível processo foi anunciado pouco depois de o Brasil solicitar à OMC que retomasse o processo de arbitragem contra os EUA pelos subsídios que esse país dá à produção de algodão.

Fonte:

Da:

Bagaço de cana torna-se um "resíduo" cada vez mais lucrativo

Geração de bioeletricidade, venda de créditos de carbono, alimentação animal e insumo para adubação orgânica. Esses são os atuais usos de um subproduto da indústria de açúcar e álcool que, até o início da década de 90, era considerado um problema e muitas vezes dado de graça pelas usinas: o bagaço de cana.

Hoje, cada vez menos vendido ou cedido a terceiros pela agroindústria canavieira, o bagaço virou o insumo principal para garantir a auto-suficiência energética das usinas.

Nesta safra, não fosse a utilização do bagaço principalmente para geração de energia, pelo menos 140 milhões de toneladas do resíduo - de uma safra prevista pela Conab em 570 milhões de toneladas - estariam abarrotando os pátios das usinas, já que, de cada tonelada de cana sobram 250 quilos de bagaço, conforme o especialista em bioeletricidade Onório Kitayama, da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), que representa 117 usinas produtoras de açúcar, álcool e bioenergia.

ÁLCOOL CELULÓSICO

E o futuro guarda um uso ainda mais nobre para o antes resíduo e agora “co-produto”: a produção do álcool de segunda geração, feito a partir da hidrólise do bagaço. “O mundo inteiro está pesquisando isso”, diz o engenheiro agronômo especialista em usinas de álcool Rodrigo de Campos. No Brasil, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a Dedini trabalham com tais pesquisas. O que vai definir, porém, no futuro, se o bagaço será destinado à queima para gerar bioeletricidade ou à produção de etanol celulósico será o mercado. “A tendência será privilegiar o mais lucrativo”, diz Campos.

PELLETS

Ainda na questão energética, o bagaço tem sido pesquisado também para ser transformado em pellets, exportados para a Europa para geração de energia. “O bagaço é prensado em bloquinhos, mais fáceis de serem transportados”, explica Campos. “Atualmente algumas usinas vendem o bagaço solto para a indústria de suco de laranja, por exemplo. Com pellets, poderiam lucrar mais, pois o bagaço fica concentrado e com maior capacidade de geração de energia.”

Não só o bagaço está na mira da pesquisa para produção do álcool celulósico, mas também a palha, deixada no campo em grandes quantidades após a colheita de cana. Assim, parte da palha continuaria na lavoura, protegendo o solo, preservando a umidade e virando adubo orgânico. Parte seria transformada em álcool ou até poderia ser queimada nas caldeiras, num cenário em que o bagaço fosse destinado à produção de álcool.

Segundo Kitayama, da Unica, caso a palha seja destinada cada vez mais à geração de bioenergia, juntamente com o bagaço, entre 2020 e 2021 o potencial energético do setor passaria para 28.760 megawatts/hora, “o equivalente a duas Itaipus”, compara Kitayama, que finaliza: “A cana não deveria mais ser chamada ‘de açúcar’, pois ela produz álcool e energia. Deveria ser rebatizada de cana bioenergética.”

140 milhões de toneladas - é a quantidade de bagaço de cana que deverá ser produzida nesta safra

8.020 megawatts - será a capacidade de geração de energia das usinas até 2011, segundo a Única

28.760 megawatts - é o potencial de geração de energia pelas usinas até 2021, o equivalente a duas Itaipus

Fonte: - Tânia Rabello e Fernanda Yoneya

Da:

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Petrobras pretende construir pelo menos 15 usinas de etanol até 2012

Rio. A Petrobras pretende construir pelo menos 15 usinas de etanol até 2012, para atingir sua meta de produção, que é de 4,7 bilhões de litros. Segundo o diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa, o projeto seguirá o modelo da parceria com a Mitsui e a Itarumã Açúcar e Álcool realizado para a construção de uma unidade em Goiás, na qual a estatal e a trading detém 20% do capital cada uma. O modelo de participação minoritária nas usinas de etanol também será adotado para o projeto do alcoolduto que ligará Senador Canedo (GO) à Paulínia (SP). Nesta parceria, a participação de cada sócio será dividida igualmente. Assim, um terço caberá à Petrobras, e a mesma fatia para cada um dos demais sócios, a japonesa Mitsui e construtora Camargo Correa.

O transporte de álcool contemplava a maior parte dos investimentos do plano estratégico da empresa para o setor de biocombustível, com 46% do orçamento de US$ 1,5 bilhão.

A empresa busca como mercados prioritários o Japão, a Coréia do sul, Estados Unidos, Europa e Noruega. Neste sentido, pretende utilizar parte da capacidade de estocagem da recém comprada Refinaria de Okinawa para armazenar etanol destinado ao mercado local.O Japão autorizou recentemente a mistura de 3% de álcool à gasolina.

Costa vê com "otimismo" as recentes mudanças regulatórias no mercado americano, que instituiu metas para uso de combustíveis renováveis. Mas na sua opinião "tais metas só poderão ser atingidas caso o governo local reduza as tarifas de importação do etanol brasileiro". Ele falou durante o evento World Refining Biofuel.

Também presente ao encontro, a assessora da diretoria da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Maria Antonieta de Souza, disse que a reguladora vê com bons olhos o pedido dos produtores de álcool para que haja a adoção definitiva do nome etanol no mercado de revenda de combustíveis. Segundo ela a medida facilitaria a transformação do produto em commodity.

Refinaria e pré-sal

Segundo Costa, a Petrobras planeja construir mais uma refinaria até 2020. Sem dar detalhes sobre os valores investidos no projeto ou o volume a ser processado na unidade, ele confirmou que a refinaria se faz necessária devido às novas descobertas no pré-sal. Com esta, serão seis novas unidades anunciadas pela companhia depois de quase 30 anos desde que a última foi inaugurada. Já estão na programação, a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e as unidades de Pernambuco, Maranhão e Ceará, além da transformação da unidade de processamento de GLP no Rio Grande do Norte em refinaria. Todas têm previsão de entrar em operação até 2014, com investimentos de aproximadamente US$ 100 bilhões, segundo informou recentemente o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.

A Petrobras possui hoje 14 refinarias, com capacidade de processamento de 2,167 milhões de barris por dia, sendo que utiliza 90% dessa capacidade, ou 1,946 milhão. O investimento na nova refinaria estudada pela Petrobras, segundo Costa, faz parte do plano estratégico da empresa para o período 2009-2020. Segundo ele, as descobertas do pré-sal também exigiram que a estatal programasse seus investimentos mais a longo prazo.

"A gente já não pode mais pensar na Petrobras apenas num prazo de cinco anos. Com a descoberta do pré-sal e avanço gigantesco na área de biocombustíveis, refino, petroquímica e gás e energia, não dá para olhar só para cinco anos", disse em entrevista após participar de evento no Rio. O plano estratégico deve ser anunciado no início de outubro e segundo o executivo trará aumento substancial nos investimentos da estatal.

Fonte:

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nova fronteira do diamante verde

A notícia de que o Planalto estuda a criação de um comitê de incentivo à produção de biocombustíveis em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul representa um avanço no sentido do reconhecimento da importância estratégica do coração do Brasil para toda a indústria de energia renovável do País. Essa idéia poderá produzir frutos em abundância, caso o comitê seja integrado pela representação legítima da cadeia produtiva do setor e não se transforme num mero aparelho burocrático sem poder decisório.

Com clima e solo de qualidades, Goiás está se transformando rapidamente na maior referência nacional, graças ao seu extraordinário potencial para a produção de energia limpa voltada ao suprimento das demandas por diversificação energética. O nosso Estado possui hoje uma importância fundamental no tocante ao fornecimento de biocombustíveis, principalmente o etanol, para equacionar uma parte significativa do abastecimento mundial de energia, com a substituição dos derivados do petróleo e a conseqüente redução dos danos ambientais.

O fato de o governo oferecer incentivos fiscais e o Estado registrar alta produtividade na cana-de-açúcar, com 80 toneladas por hectare tem atraído pesados investimentos com novos projetos de instalação de usinas e a modernização das unidades já existentes. Somente no ano passado houve acréscimo de 35,5% na produção goiana de cana e incremento de 43,6% na área plantada em comparação com 2006, conforme o IBGE. Dos investimentos previstos no Estado para o período de quatro anos, 86 projetos são de produção de açúcar e álcool e somam R$ 12,76 bilhões, ou 48,74% do total.

Maior produtor e processador de cana-de-açúcar do mundo, o Grupo Cosan, por exemplo, está construindo em Jataí a primeira de três usinas que implantará no Estado, sendo as demais, em Paraúna e Montividiu, totalizando R$ 1,35 bilhão de investimentos. Juntas elas vão ampliar em 25% a atual capacidade de moagem da companhia, que é de 44 milhões de toneladas por safra, passando para 55 milhões de toneladas. Já a Toyota projeta a construção de uma usina de etanol em parceria com a Petrobras e os produtores de cana da região de Itumbiara com investimentos que podem chegar a US$ 200 milhões e previsão de moagem de cerca de 4 milhões de toneladas de cana. Por sua vez, o Grupo São Martinho - segundo maior do setor sucroalcooleiro do País - constrói a Usina Boa Vista, em Quirinópolis com investimento de R$ 406 milhões e previsão de que até 2010 processe, em sua capacidade máxima, 3 milhões de toneladas de cana.

No entanto, esse avanço acelerado na produção de etanol em Goiás deve substancialmente à qualidade da liderança, representada pelo Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool de Goiás (Sifaeg). A entidade tem desempenhado um papel soberbo, tanto na organização profissional do setor, quanto na ação coordenada com o restante do País, visando tornar o etanol efetivamente uma commodity. Ressalte-se ainda os esforços empreendidos de forma continuada, no sentido de equacionar todos os gargalos ainda existentes,

Por outro lado, a construção da ferrovia Norte-Sul, face ao seu auxílio estratégico no escoamento da produção sucroalcooleira tem exercido grande estímulo aos novos investimentos no setor. A propósito, o governo do Estado vem promovendo diversas iniciativas com o objetivo de assegurar maior adensamento econômico na região Norte de Goiás, de forma sustentável, gerando mais cargas para a ferrovia, mais emprego e renda e melhores condições de vida para a população. Não obstante, através do ramal Sudoeste, ela promoverá a integração completa do Estado aos portos exportadores do Norte e do Sudeste do País.

Numa escala menor, porém na mesma tendência de crescimento, a fabricação de biodiesel também ganha força em Goiás. Enquanto a base do etanol é a cana-de-açúcar, o biodiesel produzido em Goiás deriva principalmente da soja, da mamona, do dendê e até mesmo do pinhão-manso, que tem enorme potencial de extração de óleo, mas ainda pouca tecnologia empregada. As três empresas que processam o biocombustível, instaladas em cidades goianas, já respondem por 15% da capacidade de produção nacional, segundo a Agência Nacional do Petróleo.

Portanto, diante da febre mundial do etanol, que certamente deverá virar uma commodity dentro de poucos anos, nesse processo de substituição do petróleo como principal combustível da economia internacional, Goiás se apresenta como o grande celeiro do diamante verde. Precisamos assumir essa condição e nos prepararmos intensamente para os novos desafios dessa matriz energética.

Daniel Messac é secretário extraordinário de Estado e deputado estadual licenciado, e-mail: dmessac@hotmail.com

Diário da Manhã

Ribeirão Preto cresce em meio ao pólo da indústria sucroalcooleira

29/08/08 - Um dos principais municípios do Estado de São Paulo tem base econômica no agronegócio. Ribeirão Preto está no pólo de produção sucroalcooleira no Brasil, e é o grande beneficiado pela produção das cidades vizinhas.

O processo de globalização do Brasil está sendo feito por São Paulo, especialmente pelo interior, e por regiões como a de Ribeirão, por causa da cana.

– A região de Ribeirão Preto vai liderar no Brasil e no mundo a transição da era do petróleo no ângulo da energia para a era da biomassa – prevê o economista Antonio Vicente Golfeto.

Historicamente, Ribeirão Preto depende da produção agrícola. Foi assim no século XIX, com o café, e é agora com a cana-de-açúcar. Mas, curiosamente, Ribeirão não é produtora, como lembra o professor Golfeto, conhecedor da história da região. A cidade, diz ele, é uma consumidora do que a cana fornece:

– A região seria a indústria e agricultura. Ribeirão seria o comércio, a indústria. Ribeirão mostra a região iluminada, mas a produção é da região. O centro de consumo é aqui. E por que ribeirão é importante? Porque acabou a sociedade da produção. Nós estamos na sociedade de consumo, e o consumo ocorre em Ribeirão Preto. Ribeirão não é a capital. Ribeirão tem o capital.

O município tem 577 mil habitantes, 388 mil são eleitores. A renda per capita passa de R$ 18 mil, dinheiro gerado pelo comércio, pelos serviços, mas que tem origem no agronegócio.

Sessenta por cento dos negócios na cidade estão relacionados com a cana-de-açúcar. Ela é a matéria-prima do etanol e do trabalho de profissionais como Marco Antônio Conejero, especialista em bioenergia. Ele é consultor de empresas, e orienta investidores deste mercado já tão competitivo. Em tempos de biocombustíveis, o que não falta é trabalho pra ele em Ribeirao.

– Considerando o cenário de que o biocombustível vem pra ficar, e ele tem uma importância estratégica não só em termo econômicos, mas também financeiro, espera-se que Riberião Preto venha se colocar como um centro de referência na área de biocombustíveis – diz Conejero.

Alguns especialistas dizem que o Brasil está vivendo um dos melhores momentos em termos econômicos, em termos de desenvolvimento, e que esta evolução começa em municípios, como Ribeirão Preto. Aliás, é fácil de perceber: em um bairro da cidade, pelo menos oito prédios estão sendo construídos ao mesmo tempo. As grandes regiões que estão revolucionando a economia brasileira têm relação direta com o agronegócio.

Os economistas prevêem que este crescimento coloque Ribeirão Preto nas primeiras posições no ranking econômico do Estado de São Paulo em, no máximo, cinco anos. O município e a região vão concentrar um pólo econômico diversificado, abrangendo os segmentos financeiro, industrial e comercial, que é hoje o mais expressivo na cidade.

Mônika Bergamaschi, diretora executiva da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), diz que está nas mãos das novas administrações públicas boa parte da concretização disto:

– Nós temos um agronegócio altamente tecnificado. Daqui, sai grande gama de produtos que completam a nossa planta de exportação, ranqueado entre os principais produtos de exportação mundial. É claro que qualquer decisão política que seja tomada em qualquer esfera, isto também nos afeta. Então, é muito importante que os dirigentes estejam em bastante sintonia com o que acontece com o setor, com as necessidades dele, que dialogue também com todas estas pessoas, a fim de que o desenvolvimento, que é um interesse comum, se dê da melhor maneira possível.

Fonte: - Sebastião Garcia

Da Agência