sexta-feira, 27 de março de 2009

Preço de exportação de etanol supera o do mercado interno

Os preços do álcool no mercado interno caíram tanto nesta entressafra, que desde o final da semana passada está compensando às usinas venderem ao recessivo mercado americano do que no Brasil. Depois de meses sem negócios, foram fechadas exportações de cerca de 30 milhões de litros aos Estados Unidos entre a última sexta-feira e ontem, a US$ 315 o metro cúbico, o equivalente a R$ 0,708 por litro (ao câmbio de R$ 2,25).

O valor é, pelo menos, 5% maior do que o valor que vinha sendo negociado no mercado interno (R$ 0,67). Mas se considerar o preço da última sexta-feira do indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) (R$ 0,6396), exportar aos Estados Unidos está 10% mais vantajoso do que vender no mercado brasileiro.

A mudança de rumo no mercado de curto prazo do álcool se deveu a uma série de fatores. Segundo Tarcilo Rodrigues, da Bioagência, tradings que realizou as operações de venda aos EUA, a combinação de preços baixos no Brasil com a recuperação das cotações da gasolina nos Estados Unidos, foi decisiva para a abertura antecipada da "janela de exportação", que normalmente ocorre no verão americano, a partir de maio. "Se essa condição persistir, há potencial de exportação de 200 milhões de litros no mês de abril", acrescenta Rodrigues.

Miguel Biegai, da Safras & Mercado, explica que o galão de gasolina (3,785 litros) foi negociado ontem a US$ 1,60 no mercado americano (Nymex), valor 6% acima de 6 de março. Com isso, o etanol também reagiu. De US$ 1,32 na primeira semana do mês, o preço do galão de etanol na Bolsa de Chicago (CBOT) fechou ontem em US$ 1,49, alta de 12,8%.

Apesar da melhora no mercado americano, as expectativas são de menor exportação de etanol neste ano. A estimativa da Bioagência é de cerca de 3,3 bilhões de litros sejam embarcados na próxima safra para Estados Unidos, Ásia, Europa e África.

Por outro lado, em plena entressafra no Centro Sul do Brasil, o álcool no mercado cai interno pela sexta semana consecutiva, queda que só se equipara aos níveis da entressafra de 2004, quando o litro do hidratado chegou a valor R$ 0,32. "Naquele ano, havia uma forte expectativa de que a produção de álcool na safra seguinte seria muito grande, e as usinas começaram a vender o produto com receio de os preços despencarem mais à frente", recorda Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

Com quatro usinas em recuperação judicial e mais de uma dezena em dificuldades financeiras, o setor sucroalcooleiro do Brasil vive séria crise de crédito. Para fazerem caixa, muitas eliminaram a entressafra, não pararam para manutenção e continuaram a moagem de cana e a produção de álcool. Outras anteciparam em mais de um mês o início da nova safra. A estimativa do mercado é de que 16 usinas sequer pararam de moer e outras 20 já iniciaram a safra 2009/10, com mais de um mês de antecedência. A primeira usina do Centro Sul do País a iniciar a safra 2009/10 foi a Pau D‘Alho, de Ibirabema (SP). A usina começou a moer cana em 13 de fevereiro, antes do carnaval, após 45 dias de manutenção em seus equipamentos, tempo que normalmente é de 100 a 120 dias.

Mas, Marcos Jank, presidente da Unica, pondera que, apesar da queda do preço, os fundamentos para o etanol continuam positivos, pois não há um excesso de oferta do produto, mas uma venda excessiva para fazer caixa. Ele espera que a distorção seja corrigida na próxima safra, com a liberação de recursos para estocagem. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou no início do mês a aprovação de uma linha de R$ 2,5 bilhões de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estocagem de 5 bilhões de litros na safra 2009/10. A expectativa do setor é que os recursos estejam disponíveis a partir de maio deste ano. A medida pode até refletir em um equilíbrio maior no mix de produção da próxima safra, que tende a ser mais açucareiro, por conta das altas cotações internacionais desta commodity. "A medida permitirá que a próxima safra não seja tão açucareira, pois passa a ser interessante a estocagem do etanol com financiamento público", diz Jank.

Ainda não foram definidas quais as instituições financeiras que vão operar a linha, mas a expectativa do setor é que não seja somente o Banco do Brasil.


Fonte:

União Européia investirá 1,6 milhões de euros em pesquisa de bioetanol no Brasil

A Novozymes Latin America, fabricante de enzimas industriais, instalada em Araucária – PR, juntamente com a Universidade Federal do Paraná e o Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba – SP, faz parte de um grupo de cinco parceiros que receberão 1,6 milhões de euros para a pesquisa e desenvolvimento do bioetanol de segunda geração. O álcool fabricado a partir do bagaço de cana-de-açúcar, hoje usado somente na produção de energia elétrica. O projeto, que envolve a Novozymes da Dinamarca, dos Estados Unidos e a Universidade de Lund, na Suécia, incluem a construção de um novo laboratório de pesquisa e desenvolvimento na Novozymes de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. O objetivo do contrato de dois anos com a UE é desenvolver uma tecnologia de biocombustível limpo e com boa relação custo-benefício. Esta é a maior ação em pesquisas já feita pela Novozymes, com a participação de cerca de 150 funcionários trabalhando em várias partes do mundo para a conversão da biomassa em etanol.

“Até 2010 a Novozymes vai disponibilizar em grande escala enzimas para fazer a conversão da biomassa obtida de resíduos agrícolas em etanol” declarou Steen Skjold-Jørgensen, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da Novozymes na Dinamarca. “Já estamos bastante adiantados, mas com este apoio da UE iremos trabalhar para obter mais usando menos. Com o atual bioetanol, obtido da cana-de-açúcar nós podemos reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 90%, comparado com a gasolina. Ao utilizarmos o derivado de bagaço, podemos aumentar o rendimento por acre em cerca de 50%”, afirmou Jørgensen.

“Estamos satisfeitos com o interesse e o apoio que a União Européia está dando para este projeto, o que seguramente irá acelerar as nossas metas para a conversão do bagaço de cana-de-açúcar em etanol a preços competitivos”, disse Nilson Boeta, diretor do CTC. “Com o apoio de 160 usinas sucroalcoleiras e 20 mil plantadores de cana-de-açúcar, o projeto pretende desenvolver um processo integrado às plantas existentes já em funcionamento em todo o Brasil, e alavancar o enorme potencial energético que já está disponível naqueles locais”, explicou Boeta.

No ano passado o Brasil produziu 23 bilhões de litros de bioetanol derivado de cana-de-açúcar. Cerca de 3,8 bilhões de litros foram exportados e os 19,2 bilhões restantes foram usados para abastecer o setor de transporte brasileiro. Noventa por cento dos carros novos no Brasil utilizam o sistema flex que permite que os veículos funcionem com misturas que contêm até 100% de bioetanol.

Fonte: Portal Paranashop