quinta-feira, 31 de julho de 2008

Unica quer etanol plenamente integrado ao comércio internacional

28/07/08 - Acesso aos principais mercados do mundo para o etanol brasileiro com redução de tarifas, e a inclusão plena do etanol, como qualquer outro produto, no sistema de comércio internacional: essas são as principais expectativas da UNICA - União da Indústria da Cana-de-Açúcar para a atual fase de negociações da Rodada Doha, em Genebra. "O que esperamos que surja agora é a plena integração do etanol ao sistema mundial de comércio. Não deve haver tratamento diferenciado pois o etanol hoje não é considerado produto sensível nem na Europa, nem nos Estados Unidos", afirma o presidente da entidade, Marcos Sawaya Jank.

Ele lembra que a Organização Mundial do Comércio (OMC) desenvolve suas regras para todos os produtos, inclusive o etanol, e não existe o conceito de produto de fora.

Segundo Jank, a questão não envolve cotas, como vem sendo sugerido durante as negociações em Genebra: "Estamos nos referindo a um corte calculado através da aplicação da fórmula que já foi acordada. Deve-se aplicar a fórmula e chegar a um novo valor, reduzido", completou. Como todos os produtos agrícolas, as tarifas européias e norte-americanas de etanol deverão ser reduzidas pela fórmula de redução tarifária acordada.

Segundo o mais recente documento de modalidades da OMC, tarifas acima de 20% e até 50% (banda onde se localiza a tarifa da UE) deverão ser reduzidas em 57% e tarifas acima de 50% e até 75% (banda onde se localiza a tarifa do etanol nos EUA) estarão sujeitas a um corte de 64%. Ao fim dos cinco anos de implementação da Rodada de Doha, a tarifa da UE, de 19,2 euros por hectolitro, deverá cair para 8,25 euros por hectolitro e a americana, de 2,5% + 54 centavos de dólar por galão, terá caído para 0,9% + 19,5 centavos de dólar por galão.

Jank considera que a redução tarifária plena seria a opção ideal, mas se os negociadores optarem por classificar o etanol como produto sensível e concluírem que há espaço para a criação de novas cotas, é preciso que haja compensação. Se os ministros concluírem que vão abrir novos produtos sensíveis, queremos que a compensação seja bastante significativa, muito superior ao 1,75 bilhão de litros anuais que poderiam ser exportados para a Europa segundo proposta da União Européia anunciada esta semana pelo responsável por comércio exterior pela União Européia, Peter Mandelson.

No caso específico dos EUA, Jank comentou que o que se espera é, igualmente, a total integração do etanol enquanto produto, com cortes nas duas tarifas americanas hoje vigentes a ad valorem e a chamada tarifa secundária.

Segundo Jank, a dinamização do comércio mundial de etanol traria uma contribuição significativa para conter a escalada dos preços mundiais das commodities agrícolas. O ideal seria melhorar o acesso a mercados consumidores, com restrita capacidade de oferta e sujeitos a competição entre a produção de etanol e a de alimentos. A redução das tarifas européia e americana permitirá uma ampliação das importações, por países industrializados, de etanol feito a partir de matérias-primas agrícolas mais eficientes, beneficiando os países em desenvolvimento que as produzem e reduzindo a dependência dos que as importam, assim como os altos preços de combustíveis fósseis.

O presidente está em Genebra, acompanhando a fase decisiva das negociações.


Fonte: UNICA
Da Agência

Governo controlará produção de álcool

28/07/08 - Preocupado com sonegação e visando aumentar sua arrecadação, o governo irá controlar a produção nacional de álcool. A Receita Federal fará o monitoramento diário da produção, com medidores de vazão que serão instalados nas usinas de álcool, que chegam a 350 e que produzem 24 bilhões de litros do combustível por ano. Do total de usinas, 170 operam no Estado de São Paulo.

Para tornar o controle eficaz, a Receita Federal alterou as regras de incidência de PIS/Cofins. Os dois tributos, que, de acordo com a Receita, somam 11,85% dos impostos do álcool, incidem sobre o faturamento e passam a ser concentrados nas usinas como forma de conter a sonegação, principalmente entre as distribuidoras e os postos de venda de biocombustível. Hoje eles são cobrados também nos postos.

Os procedimentos vão ser adotados a partir de resolução a ser publicada pela Receita brevemente.

O controle da produção do álcool é estratégico. Combustível que confere competitividade ao Brasil no exterior e que é motivo de discórdia entre os países produtores e os não-produtores, o álcool proveniente da cana-de-açúcar é um do setores com maiores perspectivas de crescimento.

De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), US$ 33 bilhões serão investidos entre este ano e 2012 na construção de novas usinas e na ampliação das já existentes. A meta é elevar a produção para 46,9 bilhões de litros em 2015 e para 65,3 bilhões de litros em 2020.

Arrecadação

O aumento da produção se destina a atender o crescimento do consumo no mercado interno, favorecido pela ampliação da frota de veículos flex, e pelas maiores perspectivas de exportação. E, para a Receita, não passou despercebido que esse forte desenvolvimento vai se refletir na arrecadação.

Segundo a Receita, o segmento de combustível é o segundo maior na arrecadação de PIS/Cofins. No primeiro semestre deste ano, a receita nesse setor foi de R$ 7,485 bilhões, dos quais cerca de 50% devido à venda de álcool.

Embora esse número esteja 13% acima do recolhido em igual período do ano passado, a Receita avalia que o resultado poderia ser melhor se não fosse a sonegação, principalmente entre distribuidores.

O controle da produção de álcool é determinado pela lei nº 11.727, que entrou em vigor no final de junho e que estabelece outubro como mês de início do monitoramento. Assim como já é feito nas indústrias de cigarro e nas fábricas de refrigerantes, os medidores de vazão farão a leitura instantânea da produção de álcool nas usinas, informação que vai ser transmitida de forma simultânea, várias vezes por dia, à Receita.

O fisco irá comparar se o volume produzido nas usinas é compatível com o recolhimento de PIS/Cofins e das notas emitidas pelas distribuidoras e pelos postos.

Apoio

Oficialmente, o setor afirma apoiar as medidas do governo. "No setor, principalmente na distribuição, há empresas clandestinas, que não recolhem impostos, vendem o combustível por preço baixo e depois somem, fecham as portas e abrem outro negócio para começar de novo. Isso é concorrência desleal", diz o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues.

O vice-presidente-executivo do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes), Alísio Mendes Vaz, foi outro que apontou os medidores de vazão e a mudança nos tributos como positivos para inibir companhias clandestinas. "Existem empresas oportunistas que se mantêm à base da sonegação. Em seis meses, algumas conseguem sonegar milhões e, com isso, baixam o preço do álcool nas bombas e alcançam lucros altíssimos", afirmou o dirigente.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é outra entidade que avalia o controle como positivo. Benedito da Silva, diretor de Agronegócio, disse que o controle é necessário para que o álcool tenha a sua produção regulada -visando à intenção de se tornar uma commodity.

Luciana Otoni
Fonte:
Da Agência

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Espanha retoma fabricação de etanol

25/07/08 - A companhia Biocarburantes de Castilla & León (BCyL) retomou a implantação de fábrica de etanol em Babilafuente, na Salamanca, para atender a demanda do biocombustível da Espanha. A partir de 1 de janeiro de 2009, a adição de biocombustível à gasolina será obrigatória, conforme legislação aprovada pelo governo e pelo parlamento espanhóis em julho de 2007.

Sociedade 50% pertencente a Ebro Puleva S.A e 50% a Abengoa Bioenergia, que também atua no mercado de etanol no Brasil, a fábrica de Salamanca estava paralisada desde setembro do ano passado. A desativação da planta foi porque faltava na Espanha uma obrigação legal de uso do bioetanol como carburante e, conforme a assessoria da BCyL, vender o produto em outros mercados europeus mais distantes exigiam custos elevados com logística.

Agora, com a determinação legal de adição de bioetanol à gasolina, a BCyL está confiante no estímulo da demanda nacional pelo combustível. Segundo a empresa, a estabilidade no mercado consumidor permitirá, também, investimentos em bioetanol de segunda geração (etanol celulósico). Atualmente, a planta industrial de Salamanca processa etanol a partir de cereais e vinho destilado. A capacidade produtiva é de 200 milhões de litros por ano.

Fonte:

Brasil não se anima com proposta da Europa para o etanol

25/07/08 - O Brasil recebeu hoje uma proposta para aumentar a venda de etanol para a Europa, mas o chanceler Celso Amorim não ficou entusiasmado com o que foi sugerido.

"Em uma reunião com o ministro brasileiro Celso Amorim, Mariann (Fischer Böel, comissária européia da Agricultura) e eu deixamos claro que estávamos dispostos a explorar um possível acordo que daria um novo acesso significativo às exportações de álcool do Brasil. Surpreendentemente, dada a importância do tema para Brasília, Amorim pareceu minimizar o valor da proposta", disse Peter Mandelson, comissário europeu para o comércio.

Os europeus propuseram um acordo em que o Brasil ganharia mais de dois milhões e quinhentos mil reais até 2020. Em contrapartida, o governo brasileiro teria que ter uma “maior flexibilidade para as nossas exportações”, disse Peter.

Carlos Gabriel Santana Dusse
Fonte:

UE oferece corte de tarifa para importação de etanol

25/07/08 - A União Européia (UE) ofereceu hoje reduzir seu imposto sobre as importações de etanol como parte das negociações da Rodada Doha de comércio multilateral, na Organização Mundial do Comércio (OMC). A proposta prevê o corte de tarifas na importação anual do equivalente a 1,4 milhão de toneladas de etanol até 2020, o que gera uma receita anual de US$ 1 bilhão, de acordo com autoridades da UE.

Segundo a proposta, tarifas menores iriam ser aplicadas em pequenos volumes de etanol importado no início de sua vigência e gradualmente estes volumes iriam crescer até 2020.

Sem as tarifas, a indústria de etanol européia não consegue competir com o produto brasileiro, feito de cana-de-açúcar. Já os produtores europeus utilizam cereais como matéria-prima, o que torna a indústria menos eficiente.

A indústria de etanol européia tem capacidade para produzir cerca 3,5 milhões de toneladas anuais, segundo informação da Associação Européia de Bioetanol Combustível. Este volume deve crescer já que outros 2,7 milhões de toneladas de capacidade estão sendo construídos.

A União Européia também discute uma medida que iria tornar obrigatória a utilização de biocombustíveis em 10% da energia gasta em transporte no bloco econômico, formado por 27 países europeus, até 2020. A UE elaborou seu plano para os biocombustíveis para apoiar o desenvolvimento de tecnologias para produção de etanol e biodiesel dentro do bloco, na expectativa de torná-lo mais auto-suficiente em combustível. As informações são da Dow Jones.

Fonte:

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Holanda começa a vender gasolina com etanol brasileiro

Nesta semana, a Holanda começou a vender etanol brasileiro pela primeira vez. A boa notícia se deve, pois uma empresa desenvolveu tecnologia que permite o uso do álcool hidratado - o tipo produzido no Brasil - misturado à gasolina. A mistura, conhecida como hE15 biosuper, inclui um porcentual de 15% de etanol brasileiro à gasolina.

Apesar de o país ter a tarifa mais alta de importação para o produto dentro do bloco europeu, o etanol brasileiro começou a ser vendido nos países baixo.

Cerca de seis ou sete postos de gasolina já oferecem uma mistura de etanol considerada menos poluente, mas normalmente ela inclui com uma proporção de apenas 6% proveniente de beterraba e outros produtos produzidos na Europa.

A rede de abastecimento TankService Damsigt começou a oferecer a mistura em quatro postos de gasolina na Holanda, e pretende expandir a venda para 165 postos em dois anos. Há também planos de expandir a venda em postos na Bélgica e Alemanha.

Na Holanda, as cidades de Voorburg, Barendrecht, Spijkenisse e Roosendaal já dispõem de postos de gasolina da rede TankService Damsigt, que vendem o produto.

Estima-se que, dentro de dois anos, os 165 postos vão precisar de aproximadamente 23 milhões de litros de etanol, levando-se em conta que a proporção de etanol na gasolina deverá aumentar para 20%.

O embaixador do Brasil na Holanda, José Artur Denot Medeiros afirmou que "esta primeira iniciativa comercial usando o etanol brasileiro é uma vitória e fruto da visita de Estado do presidente Lula à Holanda, em meados de abril". Na ocasião, Lula disse aos empresários e governo holandeses que o etanol brasileiro utiliza apenas 1% das terras aráveis para a plantação de cana-de-açúcar, e que a produção do etanol não ameaça a Amazônia, nem os pequenos proprietários.

Fonte:

Petrobras produzirá energia a partir da cana-de-açúcar

A Petrobras irá ingressar na produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar, revelou hoje a diretora de Gás e Energia da estatal petrolífera, Maria da Graça Foster. A companhia pretende colocar em operação até 2012 o projeto da térmica a biomassa Britarumã, com 60 megawatts (MW) de potência instalada e localizada no Estado de Goiás. "Começamos modestamente, mas temos uma meta de alcançar entre 1 mil MW a 1,5 mil MW de geração de eletricidade a partir do bagaço da cana", afirmou.

A entrada da Petrobras na co-geração integra a estratégia de diversificar a carteira de projetos em geração de energia. Até 2012, a meta é adicionar ao seu parque gerador 1,774 mil MW de capacidade instalada. Desse volume, 548 MW virão de térmicas a gás natural, 904 MW em usinas a óleo e 262 MW de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), além dos 60 MW da térmica a biomassa. "Com isso, a Petrobras se apresenta ao mercado como um gerador de eletricidade de fontes diversificadas", disse a executiva. Esses novos empreendimentos demandarão R$ 3,2 bilhões de investimentos da estatal.

Segundo Maria da Graça, a expansão da capacidade instalada da companhia permitirá que a Petrobras se consolide como a sétima maior geradora de energia do País. Atualmente, a estatal possui 20 usinas em operação, entre térmicas e PCHs, o que totaliza uma potência total de 4,53 mil MW. A empresa é a maior produtora de eletricidade a partir de térmicas a gás natural.

Fonte:

Da:

Demanda por etanol impulsiona produção de cana-de-açúcar a patamar recorde

A crescente demanda por etanol no mercado brasileiro levou a estimativa de produção para a safra de cana-de-açúcar deste ano a nível recorde. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de cana deve atingir 588 milhões de toneladas em 2008, volume 14% superior ao colhido no ano passado.

Em relação à estimativa de maio, a produção será 0,4% maior, enquanto a área colhida subiu 0,5% nesta mesma comparação. A variação positiva da estimativa foi conseqüência de novas informações sobre a produção em Goiás, além de alterações em Minas Gerais e Paraná.

O maior produtor nacional de cana continua sendo São Paulo, que deverá colher 57,3% do total previsto até o começo de setembro, quando termina a colheita iniciada em maio.

O ´boom´ do etanol explica esse resultado, já que a maior parte da cana produzida destina-se à produção de álcool , frisou Mauro André Andreazzi, gerente do LSPA.

O técnico lembra ainda que a queda de 0,5% na estimativa da safra de grãos em junho, na comparação com maio, foi conseqüência principalmente dos efeitos das geadas de junho sobre as lavouras.

Andreazzi ressaltou que os efeitos do frio ainda poderão ser sentidos na próxima estimativa e que, só depois dela, é que haverá uma garantia de novo recorde na safra de grãos brasileira. Para este ano, o IBGE estima uma safra de 143,6 milhões de toneladas, 7,9% acima dos 133,1 milhões de toneladas colhidos no ano passado, mas abaixo das 144,3 milhões de toneladas estimadas em maio.

Segundo Andreazzi, além da geada, a segunda safra do milho, a terceira safra do feijão e o resultado da produção de trigo ainda podem ter impacto nos números gerais estimados para 2008. De acordo com os dados de junho, o IBGE espera que a soja represente 41,6% do total produzido, enquanto o milho ficaria com 39,9% e o arroz com outros 8,5%, fechando o grupo dos três produtos que respondem por 90% da safra nacional.

Rafael Rosas

Fonte:

Da:

A contribuição do etanol para o bolso do consumidor

É indiscutível a sustentabilidade do etanol, seja do ponto de vista energético ou ambiental. Pelo lado energético, para cada unidade de combustível fóssil utilizada no processo produtivo são geradas 9,3 unidades de energia renovável. Já pelo aspecto ambiental, o etanol reduz em até 90% a emissão de dióxido de carbono (), quando comparado à gasolina.

Pouco se tem discutido, no entanto, sobre a sustentabilidade econômica do etanol ou álcool combustível, que é o tema que vamos abordar.

Enquanto o valor do barril do petróleo sobe diariamente no mercado internacional - já está em torno de US$ 140 -, o que tem levado a diversas altas de produtos em todo o mundo, inclusive dos alimentos, o preço da gasolina no mercado brasileiro não tem sido alterado para o consumidor final desde setembro de 2005, exceto quando o preço do etanol anidro cai no produtor. Mas, afinal, o que provoca este fenômeno?

Hoje, o consumidor brasileiro de combustíveis é, na verdade, fortemente beneficiado pelo uso do etanol, tanto pelos veículos a gasolina (que no Brasil tem uma mistura de 25% do etanol anidro) como pelos veículos a etanol ou os chamados "flex fuel".

Ou seja, atualmente, o preço do litro da gasolina para o consumidor é R$ 0,27 mais baixo do que deveria ser praticado, devido aos aspectos que exporemos a seguir.

Primeiro, porque a gasolina brasileira contém 25% de etanol anidro (que é mais barato do que a gasolina na refinaria em R$ 0,46 por litro), reduzindo o preço do combustível de petróleo para o consumidor em R$ 0,15 por litro. Em segundo lugar, porque a Petrobras pratica no mercado interno preços de gasolina inferiores aos do mercado internacional, para não permitir que o combustível fóssil perca ainda mais sua competitividade para o etanol. Para isso, a Petrobras deixa de cobrar no preço da gasolina outros R$ 0,12.

Um exemplo desses esforços da Petrobras para forçar a competitividade da gasolina foi o que ocorreu no último mês de abril. Apesar do aumento de 10% concedido para a gasolina, o preço final para o consumidor não subiu. A "mágica" para isso veio do governo, que baixou a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidente na gasolina na refinaria, na mesma medida do aumento do combustível.

Preferiu-se, ainda, aumentar o diesel em mais de 8%, do que subir o preço da gasolina, o que elevou, por exemplo, os custos de transporte coletivo e de produção e transporte de alimentos.

As perguntas que fazemos, diante disso, são: por que essa política de preços diferenciada para a gasolina? Será que a gasolina pressiona mais a inflação do que o óleo diesel?

A resposta para esta última questão é, logicamente, não. A preocupação, na verdade, é preservar o mercado da gasolina. Ou seja, um aumento de preço deste produto tornaria o etanol ainda mais competitivo, reduzindo as vendas do combustível de petróleo na refinaria.

E mais: o consumidor precisa saber que quanto mais utiliza etanol, maiores são os benefícios para o seu bolso. Atualmente, o uso de etanol hidratado nos veículos flex, no lugar da gasolina, gera uma poupança anual no Brasil de R$ 4,8 bilhões, que o brasileiro pode gastar com outros produtos. Esta poupança dobraria, atingindo R$ 9,6 bilhões, se as vendas de álcool hidratado fossem iguais às da gasolina, que graças ao uso de etanol e aos outros aspectos mencionados acima, também gera uma poupança, hoje estimada em R$ 6,6 bilhões por ano.

Isto quer dizer que, em termos proporcionais, a economia gerada pelo etanol aos consumidores brasileiros é 1,5 vez maior do que a gerada pela gasolina.

Tendo como base todas essas vantagens apresentadas pelo uso de etanol, tanto para os consumidores como para a economia do País, vale considerar com atenção a oportunidade que se abre com a discussão da reforma tributária, em curso no Congresso Nacional, a qual deverá definir, entre outros aspectos, a nova carga tributária dos combustíveis.

A expectativa é de que seja estabelecida uma tributação que favoreça a independência das fontes fósseis, como a gasolina, e também que seja garantida a competitividade do combustível limpo, renovável e econômico do Brasil, que é o etanol de cana.

Antônio de Pádua Rodrigues

Fonte:

Da:

Conexão de usinas de bioeletricidade ao sistema de transmissão será viabilizado

A assinatura de um Protocolo de Intenções deve viabilizar a conexão das centrais paulistas de co-geração de bioeletricidade ao sistema de transmissão. O documento foi firmado na tarde desta quinta-feira (10/07/2008) pela secretária de Estado de Saneamento e Energia, Dilma Seli Pena, e pelo Governador em exercício e também secretário de Estado de Desenvolvimento, Alberto Goldman.

O diretor-executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, disse que o programa de bioeletricidade exige um grande esforço de coordenação que envolve as usinas produtoras a conexão e a distribuição de energia. “Este protocolo vai exatamente nesta direção e representa mais um importante passo deste processo, que culminará com os leilões de energia de reserva que se iniciam no final deste mês”, acrescentou Leão, que participou do evento ao lado do coordenador da Comissão Estadual de Bioenergia, professor José Goldemberg.

Para Carlos Roberto Silvestrin, consultor de bioeletricidade da UNICA, o protocolo favorecerá os investimentos em bioeletricidade. “O documento servirá para aperfeiçoar os investimentos na rede de transmissão de energia para a conexão compartilhada das centrais geradoras, as usinas, gerando maior qualidade e confiabilidade no sistema elétrico”.

Onorio Kitayama, especialista em bioeletricidade da UNICA, disse que este protocolo serve para gerar uma “vontade política” de se resolver as indefinições do setor elétrico para a bioeletricidade. “Demonstra a vontade das partes em encontrar soluções para o problema das conexões”, afirmou Kitayama.

O protocolo regulamenta o acesso das usinas, com base nos mesmos conceitos das ICGs (Instalações de Transmissão de Interesse Exclusivo de Centrais de Geração para Conexão Compartilhada), recentemente instituídas pela ANEEL, que, por sua vez, farão a conexão com a rede básica do sistema de transmissão da energia elétrica paulista.

“O protocolo é uma iniciativa da secretária Dilma Pena para encontrar soluções que facilitem o acesso das centrais geradoras à rede básica de energia”, explicou Silvestrin. “A partir de agora, as usinas terão duas opções para se conectar a esta rede de transmissão: estabelecer contratos de conexão de transmissão (CCT), através da ISACTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), que também subscreveu o protocolo, ou por iniciativa própria, conforme estabelece a regulamentação da ANEEL”.

A assinatura deste protocolo sinaliza um avanço enorme para o setor, na opinião de Silvestrin. “Os novos projetos serão melhor avaliados e poderão escolher qual solução é mais adequada para a conexão. Antes, não havia estas alternativas. Isso demonstra o quanto o setor elétrico está se estruturando para agregar a bioeletricidade, como fonte complementar das hidrelétricas”.

Fonte:

Bagaço deve gerar energia, não etanol, diz especialista

O uso do bagaço de cana para produção de mais etanol não deve ser prioridade para o Brasil, segundo o especialista Luiz Augusto Horta Nogueira, da Universidade Federal de Itajubá. Muito mais valioso para o País, segundo ele, é o aproveitamento da biomassa para produção de eletricidade, como já é feito em muitas usinas. "O Brasil, hoje, precisa muito mais de energia elétrica do que de combustível líquido", afirmou Nogueira, em palestra na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas.

A tecnologia para produzir etanol de celulose, presente no bagaço de cana e outras formas de biomassa, já existe há décadas, mas ainda não é economicamente viável. Países desenvolvidos, principalmente os EUA, estão investindo pesado em pesquisas para aprimorar a técnica da hidrólise, que permite a quebra da celulose para fermentação alcoólica.

Muitos cientistas alertam que o Brasil poderá ficar atrasado nessa tecnologia, chamada de "etanol de segunda geração". Segundo Nogueira, porém, não há motivo para preocupação. "O Brasil já tem o etanol de segunda geração: é o etanol de cana, 100% renovável", disse. "Esse discurso de que a celulose é a segunda geração nos impinge como colonizados."

A hidrólise, segundo ele, traria um aumento apenas marginal na eficiência energética da cana, que já atende à demanda por biocombustível no País.

"A hidrólise é muito mais importante para outros países", concordou o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa Informática, que moderou o debate sobre o tema. Ele citou o caso dos EUA, onde o etanol é produzido com base no milho, muito menos eficiente do que a cana. "A opção por energia elétrica talvez seja, de fato, muito mais viável para nós."

Muitas usinas já usam o bagaço para produção interna de energia elétrica, queimando-o em caldeiras para produzir vapor e movimentar turbinas, que é consumida na própria linha de produção. Algumas até vendem o excedente para a rede elétrica - mais de 1 milhão de quilowatts só no Estado de São Paulo, segundo o físico José Goldemberg, especialista em energia. Mas é possível produzir muito mais: "Temos uma Itaipu adormecida nos canaviais", afirmou, em entrevista coletiva.

Fonte:

Setor Sucroalcooleiro terá mais álcool para exportar

Favorecido pela quebra da safra de milho dos Estados Unidos, o setor sucroalcooleiro nacional deve superar até dezembro o volume de exportações de etanol registrado no ano passado. Ainda não existem previsões exatas, mas os resultados dos embarques até junho reafirmam a tendência.

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) prevê que os embarques ultrapassarão com vantagem os 3,1 bilhões de litros exportados no ano passado. O país será beneficiado principalmente pela importação prevista pelo mercado dos Estados Unidos, que produzem etanol a partir do milho.

Devido a plantio 10% inferior e devastação de lavouras por inundações, o próximo ciclo norte-americano de milho deve registrar quebra entre 10% e 20% sobre as 355,6 milhões de toneladas observadas no ano passado - a colheita deve começar em setembro.

Oportunidades interessantes

Com a redução da safra, os Estados Unidos terão menos matéria-prima para a produção de etanol. Como o milho apresenta preços elevados no mercado, importar álcool também é uma alternativa economicamente mais interessante. “Dados estes problemas, esperamos que o Brasil tenha em 2008 oportunidades de negócios bem melhores do que no ano passado”, diz o diretor-executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa.

A pressão popular sobre o uso do milho para fabricação de etanol também pode favorecer as exportações brasileiras. Com a safra já quebrada, os Estados Unidos precisariam usar mais 30% do milho plantado para produzir álcool, o que tem gerado reação contrária nos consumidores.

Segundo o executivo, como a safra norte-americana ainda não começou, ainda é prematuro estimar expectativa de exportação. “Mas vai ser bem superior ao ano passado. Deve ter aumento importante. Ainda não falamos esse número porque queremos entender um pouco melhor essa questão”.

Estimativas extra-oficiais apontam que as exportações devem atingir 5 bilhões de litros – 2/3 dos quais (3,2 bilhões) seriam consumidos pelos Estados Unidos, para onde já seguiu a maior parte do etanol embarcado até junho.

O total exportado para os EUA até o último dia 30 alcançou 770 milhões de litros, quantidade 84% superior em relação aos 418 milhões de litros vendidos no mesmo período da safra 2007/08 – os números incluem os volumes embarcados via Caribe, para fugir da taxação de US$ 0,54 por galão.

Considerando todos os países compradores, as exportações totais até junho somaram 1,1 bilhão de litros, o que significa alta de 43,8% em relação à safra anterior – 50% de etanol anidro e 50% de hidratado. Apenas no mês de junho, as saídas atingiram 500 milhões de litros contra 390 milhões de litros do mesmo mês em 2007.

Estimativas da Job Economia e Planejamento apontam que a produção brasileira de álcool, com 27,1 bilhões de litros previstos, deve ser 21,3% superior na safra 2008/09 em relação ao ciclo anterior. O crescimento de fabricação é inferior ao aumento de demanda registrado este ano no Brasil. De acordo com dados mais atualizados da Unica, de janeiro a maio, o consumo de álcool hidratado atingiu 5 bilhões de litros, volume 54,8% superior ao volume demandado no mesmo período de 2007.

Fonte: Jornal A Cidade – Ribeirão Preto/SP
Da Agência

terça-feira, 22 de julho de 2008

OCDE se rende ao Etanol Brasileiro

O uso de etanol produzido no Brasil a partir de cana-de-açúcar permite a redução entre 70% e 90% das emissões de CO2 em comparação com os combustíveis fósseis, aponta o estudo Avaliação Econômica das Políticas de Apoio ao Biocombustível apresentado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no último dia 16 em Paris.

Segundo o estudo, o etanol feito nos Estados Unidos a partir de milho diminui as emissões de CO2 entre 20% e 50%, ficando na maioria dos casos abaixo dos 30%. No caso do biodiesel produzido a partir de óleos vegetais, como é comum na União Européia, a economia em relação à produção convencional varia entre 40% e 55%.

A redução das emissões é a principal justificativa para as políticas de incentivo aos biocombustíveis, mas o seu efeito é mínimo, salienta o estudo. Em 2006, por exemplo, os incentivos – com subvenções –, teriam custado 6,9 bilhões de euros. Se não houver mudanças políticas, até 2015 este valor deverá aumentar em 15,7 bilhões de euros ao ano, avalia a OCDE.

Ainda segundo o estudo, o biodiesel e o bioetanol contribuem muito pouco para a preservação do clima. Se União Européia, Estados Unidos e Canadá mantiverem sua política atual, a diminuição das emissões de CO2 no setor dos transportes em 2015 será de no máximo 0,8%. Neste contexto, a OCDE critica as subvenções, as barreiras alfandegárias e as cotas de adição de biocombustível ao combustível fóssil praticadas por esses países.

APELO À ECONOMIA DE ENERGIA

O relatório aponta que os incentivos à produção de biocombustíveis variam entre 600 e 1.100 euros por tonelada de CO2 que deixa de ser emitida na atmosfera. A OCDE assinala que, no comércio de emissões da UE, a tonelada custa 30 dólares (o que corresponde a 19 euros).

Há maneiras muito mais eficientes de fazer algo pela proteção climática,alerta o diretor de Comércio e Agricultura da OCDE, Stefan Tangermann. "A Europa e a América do Norte entraram juntas neste barco e agora deveriam deixá-lo juntas", sugere. Como alternativa, a OCDE aconselha os governos a incentivarem a economia de energia.

A esperança de que os biocombustíveis poderiam ser uma alternativa economicamente viável aos combustíveis fósseis acabou não se concretizando, escreve a OCDE. Para muitos tipos de combustíveis, a diferença de preço em relação ao diesel e à gasolina acabou não compensando devido ao aumento vertiginoso dos preços de produtos agrícolas.

A polêmica sobre a relação entre a produção de biocombustíveis e a crise de alimentos levou a União Européia a desistir de sua meta de chegar progressivamente ao percentual de 10% de mistura de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis até 2020.

Há duas semanas, os ministros da Energia dos países-membros decidiram ampliar o conceito para "10% de energia produzida por fontes renováveis", o que seria atingido, por exemplo, com o incentivo a veículos elétricos ou movidos a hidrogênio.

Fonte:

sábado, 19 de julho de 2008

Votorantim desenvolve cana trangênica

O Brasil poderá ser um dos líderes da Biotecnologia em um futuro próximo.Temos recursos humanos, empresas instaladas no país e uma bagagem considerável de conhecimento na área agrícola. Agora precisamos que a regulamentação existente no país favoreça o crescimento na área de biotecnologia. Duas empresas, uma Nacional e a outra Multinacional, mais uma vez fecham acordo para que ambas tragam para a sociedade os benefícios de variedades agrícolas modernas.

A Alellyx e a CanaVialis, duas empresas de biotecnologia da Votorantim Novos Negócios (VNN), formaram, no ano passado, uma parceria inédita na América Latina com a multinacional Monsanto, grande multinacional norte-americana, mesma empresa que fabrica o fungicida do Roundup Ready®.

Com a parceria, os genes RR (usado na soja transgênica) e Bt (usado em algodão transgênico), de propriedade da multinacional foram licenciados para a Alellyx implantá-los em novas variedades Trangênicos: Mentira Ideológica de cana-de-açúcar. O plano é ter os primeiros cultivares comerciais de cana com os novos genes em 2009.

Quando esses produtos estiverem sendo utilizados, as empresas prevêem redução dos custos de produção nos canaviais, uma vez que vários agroquímicos deixarão de ser aplicados, tanto para o controle de ervas daninhas como para o controle de insetos.

A cana com tecnologia Bt seria resistente à Broca-do-colmo (Diatraea saccharalis), um inseto cuja larva se alimenta do sulco da planta. Essa é uma das principais pragas da gramínea, que atualmente é combatida por meios químicos e biológicos. O mesmo gem poderia combater também a cigarrinha, outra "praga" cultura, insetos esses que tendem a aumentar com a gradativa redução das queimadas da palha.

A tecnologia RR, conhecida como RR GA21 (tolerante ao herbicida glifosato), no caso da cana RR, ela poderia ser bastante útil nas plantações que irão se desenvolver em áreas de pastagens degradadas. A cana resistente ao herbicida poderia ser eficiente em áreas que têm o capim Braquiária, de difícil combate atualmente. Hoje essa erva é retirada de plantações de cana por meio da capina ou por uma cuidadosa aplicação do herbicida. "Com a cana resistente, o glifosato pode ser aplicado sem problemas".

O acordo, de mão dupla, insere as empresas da Votorantim Novos Negócios no mercado internacional de genes funcionais, um mercado em que o Brasil começa a alcançar apenas agora e que pode gerar bilhões de dólares em royalties. O valor desta troca tecnológica não foi divulgado, apenas o fato de que as empresas dividirão os royalties obtidos com a comercialização das variedades transgênicas, mas o percentual que caberá a cada uma das companhia são confidenciais.

Pelo acordo, a Alellyx, que tem a tecnologia de implantar o gem alterado na cana, vai utilizar em um primeiro momento os gens desenvolvidos pela Monsanto. E quem vai comercializar o produto para as usinas após a aprovação é a CanaVialis, que já desenvolve variedades não-transgênicas para usinas - atualmente a empresa tem acordo com 52 usinas, e suas plantas já estão em mais de 1 milhão de hectares (um sexto da área nacional).

A Monsanto, por outro lado, poderá ter acesso a gens desenvolvidos pela Alellyx, que poderão ser implantados em culturas com as quais a empresa é especializada, como milho, canola, soja, algodão e hortaliças.

A Alellyx terá uma vantagem adicional nesta parceria. Ela poderá se beneficiar de um acordo entre a Monsanto e a Basf, que juntaram os esforços em descobrir funções para genes em todo o mundo. Ambas as empresas investem juntas agora US$ 1,5 bilhão por ano nestas pesquisas, o que gera todos os anos vários genes funcionais que poderão ser agora acessados pela Alellyx para desenvolver melhores variedades para cana, laranja e eucalipto, as três culturas foco da empresa.

A Alellyx já desenvolveu, por exemplo, um gem para a cana que aumenta em 80 por cento a sacarose por hectare. Essa variedade já foi aprovada pela CTNBio para pesquisa de campo, que deve durar pelo menos mais dois anos. Caso seja aprovada, poderia significar um aumento na produção de açúcar em 80% e de 45% de álcool na mesma área atualmente ocupada pela cana.

Um fator que deve colaborar para a aprovação comercial das canas RR e Bt o fato de essas mesmas tecnologias já terem sido aprovadas pela CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança para a soja e algodão, respectivamente.

Fonte: Fontes Diversas

Prioridade na Safra 2008/09 é o álcool

A UNICA - União da Indústria de Cana-de-açúcar divulgou nesta semana mais um balanço sobre o andamento da safra de açúcar e álcool no Centro-Sul, desta vez com dados atualizados até o dia 30 de junho. O volume de cana moída cresceu 4,39% até a data, assim como a produção de álcool total, que aumentou 7,18%. No entanto, a produção de açúcar recuou 13,17% até 30 de junho, com as usinas priorizando o álcool, que está com uma parcela de 61,07% no "mix" produtivo, restando apenas 38,93% para o açúcar.

De acordo com a Unica, apesar da forte redução na incidência de chuvas desde o final de maio nas principais áreas produtoras de cana da região Centro-Sul, gerando condições mais favoráveis à colheita e a maturação da cana-de-açúcar, houve apenas uma pequena recuperação na moagem, verificada na segunda quinzena de junho. O crescimento no volume de cana processada foi de 3,74% em relação à mesma quinzena da safra passada, mas houve uma redução de 4,94% na quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana moída.

As saídas de etanol para o mercado interno em junho somaram 1,607 bilhões de litros, principalmente em função do aumento no envio de etanol para o abastecimento da região Nordeste do País. Já as exportações, do início da safra até o final de junho, cresceram 43,8% em relação à safra anterior, totalizando 1,1 bilhão de litros até o final de junho 50% de etanol anidro e 50% de hidratado. Apenas no mês de junho, as exportações atingiram 500 milhões de litros contra 390 milhões de litros em junho de 2007. Cerca de 70% do total de etanol exportado na safra 2008/09 até o final de junho seguiu para os Estados Unidos. O total exportado até o final de junho, já incluído o etanol que segue para o mercado americano via Caribe, chegou a 770 milhões de litros, um aumento de 84% sobre os 418 milhões de litros exportados no mesmo período da safra 2007/08.

A receita diária média obtida com as exportações brasileiras de açúcar foi de US$ 9,722 milhões na segunda semana de julho (dias 07 a 13). Assim, a média diária acumulada em julho caiu para US$ 12,854 milhões, significando uma desvalorização de 37,4% frente ao mesmo mês do ano anterior, quando fora de US$ 20,527 milhões. Com relação a junho/08, quando a média diária de exportações de açúcar atingira US$ 24,052 milhões, há uma desvalorização de 46,6% na receita média de exportações de julho, conforme os dados acumulados entre os dias 01 e 13. Os dados partem do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e foram divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Fonte:

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Publicada portaria de recomposição da Câmara Setorial de Açúcar e Álcool

A portaria nº 660, que trata da recomposição da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool, foi publicada nesta quarta-feira (16), no Diário Oficial da União (DOU). A partir de agora, a presidência será exercida pelo diretor do Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre Strapasson. Esta é a primeira vez que um membro do governo assume esse tipo de cargo. O objetivo é harmonizar procedimentos com o setor privado. A câmara é composta por representantes de 23 entidades e deverá se reunir a cada três meses.

Confira a íntegra da Portaria:

Nº 660 - Recomposição da Câmara Setorial de Açúcar e Álcool

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Noble Group investirá US$ 300 milhões em nova usina de álcool

O Noble Group, trading de commodities com sede em Hong Kong, vai investir US$ 300 milhões na construção de uma nova usina de açúcar e álcool em São Paulo, com capacidade de esmagar 8 milhões de toneladas anuais.

A informação foi dada pelo vice-presidente do Noble, o indiano Harry Banga, em passagem pelo Brasil na semana passada. A nova planta, prevista para entrar em funcionamento dentro de 18 a 24 meses, produzirá principalmente etanol.

"O Brasil está no topo das nossas prioridades de investimento", disse Banga. A Noble, que faturou US$ 23 bilhões em 2007 e prevê uma receita de US$ 40 bilhões neste ano, é uma gigante do comércio mundial, presente em 40 países. Administra, por exemplo, uma frota de 400 navios, entre próprios (leasing) e de terceiros. Embora tenha nascido como uma trading, partiu para a verticalização e hoje participa da produção, transporte e até a distribuição dos produtos a granel nos mercados consumidores.

"Nossa estratégia é fazer a ligação entre os países produtores do hemisfério Sul e os países consumidores do hemisfério Norte. E o Brasil tem um papel importantíssimo nisso", observou.

Com a nova usina, os os investimentos previstos e os já realizados pela Noble no país chegará a US$ 600 milhões. Como trading, a companhia já está presente no país há quase vinte anos. É dos grandes exportadores de café e soja, atividades nas quais atua financiando os produtores e fornecendo insumos. No ano passado exportou 8 milhões de sacas de café e 2,6 milhões de toneladas de soja. Foi em 2007 que o Noble Group passou a fazer investimentos em produção e logística por aqui.

Em janeiro do ano passado, adquiriu cinco armazéns de grãos no Mato Grosso e Paraná, por US$ 18 milhões. Em fevereiro, comprou a Usina Petribu Paulista, no interior paulista, com capacidade de esmagamento de 2,5 milhões de toneladas. Depois disso, foram investidos US$ 150 milhões para dobrar a capacidade da usina e também implementar melhorias. Por último, em meados do ano, o Noble fechou a compra, por R$ 120 milhões, de 30% da mineradora Mhag, que agora prepara a sua abertura de capital.

Banga disse que o grupo está muito confiante na implementação do plano de expansão da Mhag, que pode elevar a produção a 30 milhões de toneladas no longo prazo. "E estamos tranquilos em relação a nossa capacidade de comercializar isso tudo."

Aqui no Brasil, ainda na área de mineração, a Noble trabalha na exportação de alumínio e importação de coque. "E no ano passado transportamos 10 milhões de toneladas de ferro de produção da Vale do Rio Doce", contou o executivo.

Há cerca de quatro anos, a Noble começou a investir na produção de etanol de milho nos Estados Unidos, por meio da aquisição de participações minoritárias de usinas. Hoje, o grupo acompanha com atenção toda a polêmica em torno do etanol no mundo. Banga disse que o grupo tomou a decisão de migrar o foco da sua atividade do etanol de milho para o etanol de cana-de-açúcar. "É mais sustentável e comercial a longo prazo", afirmou ele.

Fonte:

Álcool combustível chega ao Uruguai

O Uruguai, apesar de ser um pequeno país no continente sul-americano, nunca aceitou o papel de coadjuvante, mesmo encravado entre o Brasil e a Argentina, dois protagonistas no mercado agrícola internacional.

Fortemente dependente do petróleo, o país colhe este ano sua primeira safra de cana-de-áçucar para a produção de álcool combustível, sem qualquer ajuda do Brasil, seu parceiro no Mercosul com maior expertise no assunto.

O governo Uruguai dá mostras de que não veio para brincar, mesmo sendo baixos os volumes de produção de álcool, cerca de 15 milhões de litros. De imediato, integrou no seu projeto sucroalcooleiro, centenas de agricultores da região norte do país, que se dedicavam unicamente à agricultura de subsistência,

Pela lei, a mistura de álcool na gasolina no país está estipulado em 5% até dia 31 de dezembro de 2014; o biodiesel em 2%, como mínimo, entre 1º de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2010, para mesclar com gasolina e diesel. Depois, passa para 5% até 2012.

As energias não-renováveis do Uruguai representam 64% do total da matriz energética do país, com base no consumo de petróleo e gás. As renováveis respondem pelos 36% restantes. Do total, 16,2% são o uso de biomassa, 16,8% são hidroelétricas e energia importada, e 3% gás natural.

Segundo o representante do governo Uruguaio, como não dispôem de reservas de combustíveis fósseis, a possibilidade de incorporaração de energias renováveis, como eólica, biomassa e biocombustíveis, permitirá ao país reduzir sua dependência do petróleo, gerando novas oportunidades ao setor agrícola.

A meta inicial do programa é atingir uma área de 10 mil hectares com cana para açúcar e álcool. O Brasil ocupa 6,5 milhões de hectares de área com cana para a mesma finalidade, sendo 63% para álcool.

Fonte:

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O etanol e a solidão das vaquinhas brasileiras

De todas as críticas que se erigiram nos últimos cinco ou seis meses ao álcool combustível de cana-de-açúcar, a mais renitente é aquela que se refere à competição com a produção de alimentos. No que segue, vamos demonstrar que há muita ignorância e uma certa dose de má-fé no alicerce desses argumentos. Afirmam os especialistas que a população do globo deverá estacionar entre 9 bilhões e 10 bilhões de habitantes. Como todo mundo sabe, a máquina biológica humana consome em média 2.000 kcal por dia. Isso corresponde a aproximadamente 600 gramas de cereal por dia, o que, para um vegetariano, é suficiente.

O Homo sapiens, porém, pode usar o dobro: para cada quilo de carne, consome entre 7 kg (gado confinado) e 2 kg (frango de granja) de cereal. Supondo um consumo individual de 40 kg a 60 kg de carne por ano (frutos do mar etc. vão de lambujem), podemos deduzir que mais 600 gramas de cereal serão necessários por dia.

Com isso, a humanidade, para viver saudavelmente, deverá consumir anualmente, direta e indiretamente, entre 4 bilhões e 5 bilhões de toneladas por ano de cereais, o que demandaria uma área de cerca de 800 milhões de hectares com tecnologias atuais (produtividades entre 10 toneladas/ha por ano, que é o caso do milho, e 4 toneladas/ha por ano -arroz, trigo, soja- são correntes).

Para substituir todo o combustível fóssil consumido hoje por etanol, incluídas tecnologias que aproveitassem integralmente os resíduos lignocelulósicos da produção de álcool e cereais, seriam necessários entre 300 milhões e 400 milhões de hectares. Ora, a FAO informa que o total de terras cultivadas é de 1,5 bilhão de hectares, havendo ainda uma disponibilidade adicional de terras cultiváveis de 3,5 bilhões de hectares.

Ou seja, não será preciso ampliar a área cultivada para suprir a humanidade de toda a comida e energia de que precisa hoje e precisará no futuro, mesmo que o consumo de energia dobre e a população do globo atinja o limite superior. Bastaria usar tecnologias atuais que aumentam a produtividade. E ainda há terra disponível, aquela atualmente não cultivada, para uma população extra de 30 Chinas ou 4,5 vezes a população final da humanidade. Ainda bem que os chineses ainda não perceberam essa abundância de terras cultiváveis.

Outra fantasia criada pela mente mórbida dos ecoidiotas transnacionais e ecoada por nossos verdolengos com e sem colete propõe uma espécie de mecanismo dominó. Assim, a expansão da cultura da cana-de-açúcar estaria impelindo a soja para o norte, que, por sua vez, estaria empurrando o gado, que, como conseqüência, estaria invadindo a floresta amazônica. Ora, a invasão da Amazônia pela soja e por pastagens ocorreu antes de qualquer aumento de produção de cana. Vamos, todavia, ver por que esse ecobesteirol, além de ser pura fantasia inconsistente, é fruto de má-fé.

A cultura da cana ocupa cerca de 6,5 milhões de hectares (aproximadamente metade para o álcool, metade para o açúcar), a soja ocupa 22 milhões, e as pastagens, 200 milhões. Dobrando a produção do álcool e mantidas as mesmas deficiências tecnológicas atuais, seriam ocupados menos que 2% da área de pastagens. Nosso rebanho tem cerca de 200 milhões de cabeças (uma vaca por hectare). Ou seja, a distância média intervacas, que é de 100 metros, seria reduzida para 98 metros. Seria um transtorno muito grande para as pobres vaquinhas ou, ao contrário, contribuiria para a redução da solidão em que se encontram essas senhoras?

Como não é possível acreditar que os ecofestivos brasileiros sejam incapazes de uma aritmética tão elementar como a aqui utilizada, só nos resta crer que não se vexam de utilizar argumentos pífios e de má-fé. Ai, que saudades da Marina! Então, como se explica a onda neomalthusiana que abala os alicerces das políticas de biocombustíveis, inclusive a do álcool de cana-de-açúcar? Há certamente várias vertentes.

Em primeiro lugar, um inequívoco jogo de interesses comezinhos de nações, empresas e políticos. Em segundo, uma imensa e indesculpável ignorância de fatos corriqueiros e de aritmética elementar. E o que há de mais extraordinário é que essa militância pseudoconservacionista se põe a serviço de inconfessáveis interesses de empresas de petróleo e especuladores no setor de alimentos.


Rogério Cezar De Cerqueira Leite
Fonte: Folha de S. Paulo

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Banco Mundial culpa etanol Americano pela alta nos preços dos alimentos

Os biocombustíveis fizeram com que os preços dos alimentos subissem 75% no mundo todo, segundo um relatório confidencial do Banco Mundial filtrado pelo jornal britânico The Guardian que "absolve o etanol brasileiro". O relatório precisa que os biocombustíveis derivados da cana-de-açúcar, uma especialidade do Brasil, não tiveram um impacto tão forte como os do milho e de outros produtos. Esses dados desmentem as afirmações do governo norte-americano de que os combustíveis de origem vegetal contribuem menos de 3% para a falta de alimentos, assinala o jornal. Segundo algumas fontes, o relatório, concluído em abril, não foi publicado até agora para não colocar em apuros o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que atribuiu esse encarecimento fundamentalmente à alta do consumo de alimentos na China e Índia, e para evitar tensões entre a Casa Branca e o Bird. O texto explica que "o rápido crescimento da renda nos países em desenvolvimento não se traduziu em um forte aumento do consumo de cereais e não contribuiu de modo importante à alta dos preços". Até mesmo as secas na Austrália tiveram um pequeno impacto nesse fenômeno, assinala o texto, que atribui o maior impacto à forte demanda por biocombustíveis na Europa e Estados Unidos. "Sem o aumento da demanda por biocombustíveis, as reservas mundiais de trigo e milho não teriam caído sensivelmente, e os aumentos de preços devidos a outros fatores teriam sido moderados", afirma o documento. O relatório confidencial do Banco Mundial se torna conhecido em um momento crítico para as negociações multilaterais sobre a futura política mundial em matéria de combustíveis. A escassez de alimentos pode ser um dos temas discutidos na próxima cúpula do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais industrializados do mundo e a Rússia), na próxima semana, em Hokkaido (Japão). Segundo Robert Bailey, analista da fundação Oxfam, "os políticos parecem empenhados em esconder e ignorar as claras provas da importante contribuição dos combustíveis para as recentes altas dos preços dos alimentos". O preço da cesta de alimentos examinada no estudo do Banco Mundial subiu 140% entre o ano 2000 e fevereiro deste ano. Segundo o relatório, o encarecimento da energia e dos adubos contribuiu apenas 15% para esse aumento, enquanto 75% correspondem aos biocombustíveis. "Esta claro que alguns biocombustíveis têm um enorme impacto no preço dos alimentos, comentou ontem à noite o ex-principal assessor científico do Governo britânico, David King. "Ao apoiar os biocombustíveis, subvencionamos a alta dos preços dos alimentos em favor da mudança climática", disse King.

Fonte: midia max news

Exportação de álcool sai do papel e Petrobras investe

03/07/08 - A Petrobras e a japonesa Mitsui anunciaram ontem que vão produzir 200 milhões de litros de etanol por ano no município de Itarumã, em Goiás. Trata-se do primeiro projeto de produção de etanol pela petroleira estatal, anunciado em um momento de mudanças nas expectativas do setor, que vem de um período de frustração provocado pelos baixos preços do combustível no Brasil. Agora, as projeções são de aumento no volume de exportações, por conta dos altos preços do milho no mercado norte-americano.

A primeira usina de etanol com participação da Petrobras será feita por meio da Participações em Complexos Bioenergéticos S.A. (PCBios), parceria entre a estatal e a Mitsui na tentativa de criar um mercado firme para o álcool brasileiro no exterior. O investimento, que será controlado pela Itarumã Participações, chega a US$ 227 milhões. A unidade terá uma área plantada de 32 mil hectares de cana e usará o bagaço para gerar energia.

A Petrobras tem parceria com a estatal japonesa Nippon Alcohol Banhai para avaliar o mercado local de etanol. A expectativa é que os embarques regulares comecem em 2010, mas até agora há alguma frustração com relação ao acesso aos mercados internacionais. O baixo nível de exportações nos últimos anos jogou para baixo o preço do álcool no mercado interno, levando alguns grupos nacionais a reduzir o ritmo de projetos de expansão.

Fonte:

Da Agência

Japão vai aumentar compra de etanol brasileiro

03/07/08 - Enquanto a Europa e os Estados Unidos tentam criar barreiras à exportação de biocombustíveis pelo Brasil, o Japão, terceira maior economia mundial, atrás dos EUA e da China, vêem a energia renovável brasileira como saída para a dependência do petróleo e outras fontes de energia poluentes e que causam as mudanças climáticas. Brasil e Japão assinaram nesta-quarta-feira, em Brasília, acordos nas áreas de biomassa e biotecnologia, que prevê o aumento da compra de etanol brasileiro e pesquisas para baratear a produção de álcool a partir de bagaço e da palha da cana.

A parceria foi assinada pela Rede Bioetanol do Ministério de Ciência e Tecnologia, representado pelo Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e o Centro de Pesquisas em Biomassa do Japão, informa a repórter Débora Pinheiro, ministério. Os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, encontraram-se com o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Akira Amari, que considerou a parceria como uma demonstração de compromisso do Brasil na busca de novas tecnologias e na consolidação do País no mercado mundial de bioetanol.

Brasileiros e japoneses destacaram que o etanol produzido no Brasil descarta danos ambientais e em nada ameaça a produção de alimentos. Rezende disse que o plnatio de cana usa apenas 1% das terras cultiváveis do País. E Akira Amari acrescentou que o Japão reconhece o caráter sustentável do etanol brasileiro e seu governo vê com muito interesse a perspectiva de importar esse produto também por causa da estabilidade do preço com relação ao petróleo.

Um acordo comercial entre a empresa Copersucar e a japonesa Japan Biofuels Supply LLP que prevê o fornecimento anual de 200 milhões de litros de etanol ao Japão. O produto será utilizado na fabricação de bio-ETBE, mistura de etanol à gasolina.

O Japão, país de alto desenvolvimento tecnológico, se esforça para cumprir as metas de redução de gases de efeito estufa previstas no Protocolo de Kyoto. Recentamente, o país foi obrigado a desligar parte de suas usinas nucleares, após um terremoto, tendo de recorrer a fontes mais poluentes de geração de energia. Com isso, especialistas estimam que os japoneses terão de comprar mais 20 milhões de toneladas em crédito de carbono até 2012, para alcançar suas metas. E o etanol brasileiro pode contribuir com a redução dessas emissões, tanto como combustível para veículos como na produção industrial.

Fonte: Redação Terra

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Justiça derruba lei que limita área de cana em Rio Verde/Goiás

As usinas de álcool de Goiás derrubaram na Justiça uma lei que restringia a plantação de cana-de-açúcar a 10% do território agricultável no município de Rio Verde, principal pólo produtor de grãos do Estado. A decisão abre caminho para que outras regiões do país, como sul do Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro, consideradas novas fronteiras canavieiras, retirem a delimitação de área para a cultura.

Embora o município de Rio Verde tenha argumentado que a limitação para cana tem como objetivo assegurar o desenvolvimento propiciado pela soja na região, o órgão especial do Tribunal de Justiça de Goiás considerou inconstitucional a sua lei. Ganhou o argumento de que a imposição de limites à propriedade é atribuição da União e não das prefeituras. A decisão pode ser questionada nos tribunais superiores, como STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal).

O principal raciocínio foi de que a livre iniciativa em prol dos canaviais é tema de interesse nacional por se tratar de "assunto de repercussão geopolítica e estratégica mais ampla, mormente com a anunciada falência da matriz energética global baseada nos combustíveis fósseis e a assunção pelo Brasil de liderança no mercado internacional de biocombustíveis, com destaque para o etanol" .

A região de Rio Verde concentra importante produção de aves e suínos. Lá a Perdigão tem seu maior complexo agroindustrial. O grupo teme que a expansão da cana ocorra sobre as áreas plantadas com grãos, matéria-prima da ração dos animais.

O prefeito de Rio Verde, Paulo Roberto Cunha, afirma que, com a limitação, a cana teria 50 mil hectares no município. Hoje os canaviais ocupam 17 mil hectares, mas prometem avançar mais com a instalação de duas novas usinas. Ele diz querer manter a região como forte produtora de grãos. "Essa produção [de grãos] tem dado desenvolvimento econômico e social ao município. A cana, ao contrário, só ocupa as pessoas durante o corte e torna-as dependentes da cultura. Isso gera desemprego e despesas à saúde pública."

A decisão de Rio Verde levou vários municípios do país a tomarem a mesma iniciativa. Segundo Cunha, mais de 100 municípios de vários Estados pediram cópias e informações sobre a lei. A 60 quilômetros de Rio Verde, a cidade de Jataí, também forte pólo de grãos, decidiu que apenas quatro usinas de açúcar e álcool poderiam se instalar na cidade, restringindo a cultura canavieira a entre 15% e 20% da área agricultável, explica o prefeito da cidade Fernando Peres, ao Valor. Ele diz que não abre mão de manter os projetos sucroalcooleiros a apenas quatro unidades para evitar confronto com outras culturas. Em Dourados, pólo de grãos do Mato Grosso do Sul, a área para cana está restrita a 30% do total.

Mas o Sindicato das Indústrias de Álcool de Goiás (Sifaeg) argumenta que, no caso de Rio Verde, a lei resultou de uma "canofobia" resultante da defesa dos interesses da produção de soja e da Perdigão.

Com investimentos projetados em R$ 1,1 bilhão para o Estado, concentrados sobretudo no sudoeste goiano, a Perdigão depende dos produtores de grãos de Jataí, Mineiros e Rio Verde para abastecer os animais que serão abatidos em suas unidades . "O grupo não fez lobby para que a lei de Rio Verde fosse aprovada. A empresa manifestou preocupação em relação à expansão canavieira nas áreas plantadas com grãos", diz Ricardo Menezes, diretor de relações institucionais do grupo.

Segundo André Rocha, presidente do Sifaeg, a lei foi aprovada como uma tentativa de combate à monocultura, mas o que domina atualmente o município de Rio Verde é a soja, seguida pelo milho. "A cana seria a quarta ou quinta atividade do município e contribuiria para a diversificação econômica da região", diz. Para ele, é legítimo o município ter intenção de fomentar determinada atividade econômica. "Isso deve ser feito por meio de incentivos aos segmentos que ser estimular, com benefícios fiscais ou logísticos, por exemplo. Mas não pode ser feito com restrição a uma outra atividade."

O prefeito de Rio Verde afirma que irá recorrer da decisão judicial que derrubou a lei do município. "Vamos também organizar o uso de outras medidas, como as ações populares", revela. Esse tipo de ação judicial pode ser proposta por qualquer cidadão que queira questionar na Justiça o que considera um ato lesivo ao patrimônio público ou ao meio ambiente.

O secretário de Agricultura de Goiás, Paulo Martins, tenta se manifestar de maneira neutra. "Em princípio os municípios são autônomos para definir o uso e a ocupação do solo, mas o Estado considera a cana bem-vinda e vê a chegada da indústria canavieira como uma oportunidade para impulsionar a região com os biocombustíveis." A idéia, porém, é respeitar casos de municípios que já possuem um perfil agroindustrial definido.

Goiás tem 86 projetos de novas usinas, com investimentos estimados em R$ 12 bilhões. Mas só cerca de 50 unidades deverão sair do papel. A expectativa é de que a produção de cana salte dos atuais 20 milhões para 60 milhões de toneladas em 2012.

No início do ano, as indústrias de álcool de Goiás já tinham ido à Justiça contra uma lei de Quirinópolis que pretendia regular a compra da cana. A lei obrigava as usinas a comprar parte da cana de produtores que não tivessem vínculo com os sócios das usinas até a terceira geração de parentesco, explica o advogado que representa o Sifaeg, Luiz Augusto Filho, do escritório Augusto, Asprino, Blanche, Camazano, Carraro e Nazima.

O sindicato obteve uma liminar suspendendo os efeitos da lei de Quirinópolis, informa o presidente da entidade. O Sifaeg estuda os impactos de uma nova lei do município de Santa Helena de Goiás, que faz divisa com Rio Verde. Mais voltada para a questão ambiental, a lei delimita o plantio da cana a distâncias mínimas de reservas nativas, margens de rios e córregos. Também proíbe canaviais num raio de dois quilômetros do perímetro urbano e estabelece um cronograma de restrição à queima a determinadas distâncias do centro da cidade. Para os canaviais já instalados nas áreas proibidas há prazo até 2018 para a retirada. Santa Helena é cidade natal do governador de Goiás, Alcides Rodrigues Filho. O município tem como prefeita Raquel Rodrigues, que também é a primeira-dama do Estado.

Na região do Triângulo Mineiro, as usinas do Estado conseguiram derrubar a decisão dos municípios de Guaranésia e Uberaba, que restringiam o plantio de cana em 30%, segundo Luiz Cotta Martins, do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Minas (Siamig).

A preocupação do governo federal é estabelecer o zoneamento nacional da cana para evitar que a cultura avance em regiões do bioma amazônico e no Pantanal. "Esse zoneamento ficará pronto no final de julho", diz Manoel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura.

Marta Watanabe
Mônica Scaramuzzo

Fonte:
Data: 02/07/2008

Ibama autua usinas de Pernambuco sem licença

02/07/2008 - O Ibama autuou ontem em R$ 120 milhões as 24 usinas de açúcar e álcool de Pernambuco por falta de licenças ambientais e supressão de áreas de preservação permanente e reserva legal. Os resultados da operação "Projeto Engenho Verde" desencadeada no Estado - o segundo maior produtor de cana do Nordeste - foram anunciadas, em Brasília, pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e pelo presidente do Ibama, Roberto Messias Franco. Segundo o Ibama, além do pagamento de multa, os usineiros responderão à Ação Civil Pública para recuperação da área degradada e também serão autuados por crimes ambientais relacionados à poluição por efluentes, queimadas e danos em áreas de conservação. O Estado tem apenas 2,7% de remanescente da cobertura original de Mata Atlântica, a floresta mais atingida pela expansão da cana.

"As usinas pernambucanas têm um passivo florestal de 80 mil hectares", afirma o superintendente do Ibama em Pernambuco, João Arnaldo. "A questão mais urgente é recuperar a mata ciliar (de beira dos rios). Sem ela, a água acaba, a cana acaba", diz.

A notícia preocupa especialmente no momento em que a União Européia estuda sanções ecológicas contra o biocombustível brasileiro [ver ao lado]. Segundo Arnaldo, a degradação ambiental gerada pelas usinas na região pode criar barreiras externas para o etanol produzido no país, comprometendo o setor como um todo. "É um caso pontual, mas pode se voltar contra nós".

De acordo com o superintendente, o setor sucroalcooleiro reuniu-se com as autoridades ambientais do Estado há dois anos, quando foram apresentados problemas e sugestões para a regularização do passivo das propriedades rurais. "Tentamos explorar ao máximo os canais de negociação, mas não se chegou a nenhum entendimento", diz ele.

Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), diz que a ação do Ibama "é uma inversão de valores" e que o órgão "quer criar um factóide". Segundo ele, as usinas do Estado assinaram em julho de 2007 um protocolo de termo de compromisso ambiental, no qual cada usina se compromete a recuperar seis hectares e plantar 130 mil mudas por ano. O acordo foi fechado entre a Secretaria de Meio Ambiente, usinas e Universidade Federal de Pernambuco. "O Ibama foi convidado a participar, mas não se manifestou." O Sindaçúcar informou que vai entrar com defesa administrativa contra a autuação do Ibama.

"Os usineiros encontraram um subterfúgio no Estado, que não tinha os dados acumulados de passivo e entendeu se tratar de uma agenda positiva com o setor", rebate o superintendente. "A proposta de recuperar seis hectares por ano não atende nem a 1% do passivo que eles têm."

Com uma produção de quase 20 milhões de toneladas por ano, o Pernambuco é atualmente o maior exportador de açúcar refinado do país. Com custos de produção superiores ao da região centro-sul, os produtores de cana do Estado e também do Nordeste estão pedindo ao governo federal para incluir os fornecedores no Pepro, um programa de equalização de preços. O Ministério da Agricultura ainda estuda se incluirá o setor no programa.

Bettina Barros
Mônica Scaramuzzo
Fonte:

Crise americana pode levar a suspensão de tarifa do álcool

02/07/08 - A crise atual dos alimentos e do petróleo nos EUA pode levar o governo e o Congresso americanos a um acordo inédito: diminuir ou mesmo suspender por tempo determinado a tarifa cobrada ao álcool brasileiro, atualmente de 54 centavos de dólar por galão, ou 24 centavos de real por litro. Segundo a recém-aprovada lei agrícola do país, a taxa teve sua validade renovada por mais dois anos.

Mas cada vez mais congressistas apontam o contra-senso da medida neste momento. Nos últimos dias, antes de o Congresso entrar em seu recesso de verão, dois representantes (deputados federais) democratas apresentaram medida que pede que a tarifa seja diminuída até alcançar o novo subsídio dado pelo governo aos produtores de álcool locais, de 45 centavos por galão.

A idéia original do subsídio e da tarifa, argumentam Mark Udall e Ed Perlmutter, do Colorado, era que um anulasse o outro. Com a nova lei agrícola, o comprador norte-americano tem a percepção de que está pagando mais do que antes pelo mesmo produto, já que o valor do crédito fiscal que receberá caiu nove centavos de dólar.

A proposta segue linha de medida apresentada há algumas semanas no Senado pelos democratas Dianne Feinstein (Califórnia) e Maria Cantwell (Washington) e o republicano Judd Gregg (New Hampshire). "A proposta faz ajustes de senso comum que podem ajudar o bolso dos consumidores no curto prazo e diversificar nossa carteira de energia no longo prazo", disse Udall.

Agora, outro peso-pesado do Senado entra na história. Em discurso previsto para ser feito na manhã de hoje no centro de estudos American Enterprise Institute, em Washington, o republicano Richard Lugar (Indiana) exortará o presidente George W. Bush a aproveitar a reunião do G8 para "demonstrar liderança e suspender a tarifa sobre o álcool brasileiro".


Fonte:

Da Agência

Venezuela e Cuba têm interesse no modelo de produção brasileira de etanol de cana-de-açúcar

02/07/08 - Conhecer mais profundamente a experiência brasileira e a participação do governo e da iniciativa privada na produção de etanol de cana-de-açúcar no País. Este é o objetivo de uma delegação formada por 20 pesquisadores cubanos e venezuelanos em viagem ao Brasil durante duas semanas, e que fizeram a sua primeira visita institucional à sede da UNICA, em São Paulo, na manhã desta segunda-feira (30/06/08), assistindo uma apresentação da relações públicas da entidade, Carolina Costa.

Questões envolvendo a sustentabilidade na cadeia produtiva brasileira foram as principais dúvidas geradas pelos técnicos da companhia estatal venezuelana de petróleo (PDVSA) presentes durante a apresentação na UNICA. O papel governamental na formação de preços e políticas para o setor sucroalcooleiro no Brasil foi o questionamento mais comum dentre os técnicos cubanos que, atualmente, assessoram produtores de etanol na Venezuela.

“Em nosso país, já existe um programa voltado para o etanol de cana. Mas precisamos incrementar esta produção, e o Brasil é referência em alguns pontos”, observa o gerente agrícola de desenvolvimento da Venezuela, Julio Boissiere, explicando que recentemente, o governo destinou 80 mil hectares de terra para a plantação de cana-de-açúcar em quatro cidades; Portuguesa, Trujillo, Cojedes e Barrinas. “A expectativa é aumentar a produção diária de etanol, atualmente em 10 mil toneladas”, observou.

Com isso, a Venezuela, onde o etanol é adicionado em 10% à gasolina (E10), irá reduzir a sua dependência externa do álcool combustível, principalmente do Brasil, que desde 2001 exporta para aquele país.

O diretor de relações internacionais do Ministério do Açúcar de Cuba (MINAZ), Rafael Suarez, acompanhará a missão de estrangeiros durante toda a sua estada no Brasil. “A UNICA, pela sua representatividade no setor sucroalcooleiro no Brasil, foi a nossa primeira parada no cronograma de visitas institucionais”, ressalta Suarez. Nos próximos dias, a delegação conhecerá a usina São Martinho, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana).


30/06
Fonte: UNICA

Da Agência

Uso de biocombustível na UE é ainda motivo de controvérsia

02/07/08 - O uso de biocombustível no bloco não é mandatório. O que há é uma indicação aos países de que o ideal seria um percentual de 5,75%. Mas entre as emendas há propostas de eliminar esse percentual, tem que não defenda esse ponto, e há outras que propõem níveis menores, de 6% e 8%.

Um outro ponto da proposta de lei refere-se ao local de produção do biocombustível. Por exemplo, pode ficar definido em que tipo de áreas deve ser plantada a cana-de-açúcar para o combustível não ser barrado na UE. O bloco argumenta que busca garantir regiões de alta biodiversidade.

Ocorre que alta biodiversidade pode ser um conceito elástico, portanto, precisa levar em conta aspectos nacionais dos produtores como o Brasil para não se transformar em barreira comercial, diz Desplechin. Definir questões como o uso da água no processo produtivo, desconhecendo que a cana de açúcar não é irrigada,

Há pelo menos um ponto da proposta em que o Brasil pede mais rigor. É o que diz que o biocombustível a ser usado na UE deverá economizar 35% em emissão de gases de efeito estufa na comparação com a gasolina. "Estamos dizendo que esse percentual é muito baixo", diz Desplechin. Nesse teto, qualquer produto hoje feito no mundo poderia entrar na UE. Há propostas de emenda para percentuais maiores, de até 60% de uma só vez, ou gradual, começando em 35% e subindo para 50% em 2015. O etanol brasileiro economiza 90%, mas o Brasil não defende esse patamar, porque deixaria o produto brasileiro praticamente sozinho no mercado europeu e essa é uma situação que coloca riscos ao país.

A UE importou do Brasil cerca de 1 bilhão de litros em 2007, o equivalente a 32% das exportações brasileiras. O etanol brasileiro responde por 30% do consumo no bloco. Por isso, a Unica diz que os europeus não podem fazer uma lei que atinja um fornecedor do porte do Brasil. A movimentação tem dado resultados, porque já se conseguiu mostrar que algumas palavras e conceitos precisariam ser alterados no texto, diz a embaixadora.

Hoje o Brasil consegue uma fatia de 30% mesmo pagando tarifa de 19,2 euros por hectolitro, o que equivale a uma taxa de 60% - a Suécia cobra menos. Evitar esse tipo de exceção é um dos objetivos da lei. Reduções desse percentual estão em discussão na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio. Faz parte da agenda, paralisada, da discussão para um acordo entre o Mercosul e a UE.

A lei de biocombustível se deve a uma decisão do Conselho da UE relacionada à mudança climática e não energética. Em janeiro deste ano, cumprindo mandato do conselho, a Comissão européia fez a proposta a ser aprovada pelo parlamento e pelo conselho. A expectativa é de que tudo seja finalizado até o final do ano, porque o mandato é de que a aprovação ocorra até junho de 2009, mas no próximo ano haverá troca de parlamentares e novos comissários, mudanças podem atrasar o processo. Os próximos passos da lei é a aprovação pelo comitê de sustentabilidade e a votação, esperada para setembro. Depois o tema vai a plenário. E o conselho da UE também precisa aprovar o documento.

O Brasil está buscando defender seus interesses e está do lado da industria de etanol da Europa, por exemplo. Mas também tem quem faça pressão do lado oposto, caso da indústria de alimentos, empresas petrolíferas e montadoras, que mesmo quando têm a tecnologia do etanol no Brasil, querem evitar adequações que levem, por exemplo, a ter de importar partes e peças de automóveis de fora do bloco, as quais hoje são feitas na Europa.

Fonte:

Lei do biocombustível da UE pode conter "armadilha ecológica" para Etanol do Brasil

02/07/08 - Considerado uma energia limpa, o etanol brasileiro pode ser vítima de uma armadilha ecológica que está sendo armada nos projetos de regulamentação dos biocombustíveis na União Européia.

Pressões brasileiras para mudar o documento ainda em debate em uma das comissões do Parlamento europeu estão sendo feitas pela indústria e governo para clarificar regras que podem ser potencialmente danosas para o etanol.

No dia 16, a Comissão de Indústria e Energia fará uma votação preliminar do texto. Ele estabelece que biocombustíveis produzidos em determinadas áreas não serão considerados para efeito de obtenção das metas para substituir em 10% o uso de combustíveis fósseis em veículos por biocombustíveis.

A União Européia reconhece que a combinação de produção local e importação dará conta das metas. Os critérios para verificação da utilização, porém, têm restrições suficientemente amplas para limitar as compras do produto.

Uma das condições que constam do projeto diz que o produto "não poderá ser feito com matéria-prima obtida em terras com reconhecido valor de alta diversidade".

A definição dos termos tem o poder de colocar sob suspeição o plantio feito em terras do cerrado brasileiro, temem fontes que acompanham de perto as discussões. Entre as áreas consideradas de alta biodiversidade encontram-se as "florestas não submetidas a significativa atividade humana" ou áreas de preservação, "a menos que haja evidência de que a produção não interfira neste propósito".

Outra restrição amplia os termos da anterior. Ela veta benefícios fiscais ou a inclusão na contagem das metas de terras com alto estoque de carbono, como "pastagens de alta biodiversidade" - aquela que é rica em espécies, não fertilizada e não degradada.

Entram também nas áreas virtualmente proibidas as terras úmidas, isto é, "as saturadas de água permanentemente ou por uma parte significativa do ano". O documento toca nestes pontos várias vezes, de diversas formas. Afirma, por exemplo, que o uso crescente dos biocombustíveis não deve encorajar a destruição de terras com alta biodiversidade, atitude que o "consumidor europeu considera moralmente inaceitável".

Se aprovado o projeto, a UE estabelecerá critérios próprios para áreas geográficas que preencham as condições desejadas. Neste sentido, o bloco buscará acordos multilaterais e bilaterais que estejam adequados às novas regras.

As exigências ecológicas não são as únicas. Há a ameaça de que cláusulas sociais sejam aprovadas, entre elas a que considera como critério que o país tenha ratificado dez convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma condição radicalmente exagerada. O Brasil não ratificou uma delas, sobre representação sindical, porque a Constituição não permite - os Estados Unidos não ratificaram nenhuma. O conteúdo da cláusula é um ponto que está sendo discutido com representantes da UE, diz a embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues, chefe da missão brasileira para as Comunidades Européias, em Bruxelas.

Outra das cláusulas do projeto prevê uma economia mínima de 35% nas emissões de gases que provocam o efeito estufa, uma barreira que o etanol poderá saltar com alguma facilidade, mas há quem peça um teto maior para considerar o biocombustível adequado ao uso na União Européia. Entretanto, o uso do subproduto , o bagaço de cana, para a geração de energia, que poderia contar ainda mais a favor do etanol, não será considerado no cálculo.

O Brasil articula com outros países a assinatura de carta endereçada ao Parlamento europeu solicitando que os países interessados sejam ouvidos a respeito de todos os pontos restritivos. A intenção pode não ser protecionista, mas seu efeito será inegavelmente este se não forem consideradas as especificidades locais. Uma crítica ao projeto é a de que ele tenta colocar um figurino único para todo o mundo, o que prejudica o esforco brasileiro de exportar uma fonte de energia mais limpa.

A disputa de fontes alternativas de energia também coloca o Brasil em desvantagem na Europa, embora a taxação seja um obstáculo de grande peso. Ela é de ? 19,2 por hectolitro, o que corresponde a 60% do custo do etanol, diz Emmanuel Desplechin, consultor que desde abril foi encarregado pela Unica (União das Indústrias da Cana-de-Açúcar) de atuar em Bruxelas junto ao Parlamento europeu.

Ele vê riscos nas discussões que estão sendo feitas nas comissões, embora acredite que eles ainda não se consumaram. O Brasil exporta cerca de um terço do consumo de biocombustíveis europeus, e as vendas não devem crescer muito porque a maioria dos veículos do continente sao movidos a diesel. Na semana passada, o Brasil exportou US$ 115 milhões de etanol para a Suécia, país onde o sistema flexfuel foi implantado. Para isso, a Suécia obteve um "waiver" da UE e reduziu a taxação para 6,5%.

Outros críticos das posições européias apontam ainda como adversários de uma expansão do etanol brasileiro a indústria automobilística, atualmente mais voltada para encontrar soluções alternativas para o diesel e que não tem mostrado grande interesse pelo sistema flex.


José Roberto Campos
Fonte:

terça-feira, 1 de julho de 2008

Governo na contramão do Etanol

Pelo menos cinco ministérios estão muito longe de fazer, na prática, o que prega o discurso mundial do Brasil em favor dos combustíveis renováveis. Apesar de, pouco a pouco, os carros flex ampliarem a participação na frota federal, três pastas diretamente ligadas ao projeto brasileiro de tornar o etanol uma commodity internacional não dão o exemplo. No Ministério do Meio Ambiente, 73,08% dos 26 automóveis utilizados por seus servidores rodam a gasolina ou diesel. À disposição da chancelaria, no Itamaraty, 59 dos 85 carros (69,41%) usam fontes poluentes. O percentual cai a 55,56% - 20 de 36 - na Agricultura.

O levantamento do "Globo", feito em 15 dos 23 ministérios e na Presidência da República, coloca ainda os ministérios da Defesa - com 73,02% dos carros a gasolina ou diesel - e dos Transportes - 55,17% - entre os maus alunos da Esplanada.

O grande uso de veículos poluidores por essas pastas encontra correspondência na frota de carros de passeio que trafegam pelas ruas de Brasília. De acordo com o Detran do Distrito Federal, 68,2% dos carros da cidade são movidos a diesel ou gasolina. Situação semelhante à do estado de São Paulo, que lidera o ranking nacional em número de automóveis e comerciais leves abastecidos com combustíveis poluentes. São 6,9 milhões de unidades, pouco mais de 70% do total. No Estado do Rio, 65% dos cerca de 4 milhões de veículos usam diesel ou gasolina. E apenas 17% deles consumem fontes renováveis.

Apesar do mau exemplo em Brasília, muitos ministérios estão em dia com o dever de casa. O campeão é a pasta do Desenvolvimento, onde 14 dos 17 automóveis (tanto da frota própria quanto da terceirizada) podem utilizar fonte limpa, um recorde que seria ainda maior caso o Papa-Móvel, de 1980 e movido a diesel, não fizesse parte de seu patrimônio. Também diretamente ligada à produção de biocombustíveis, a pasta de Minas e Energia tem 12 de seus 16 veículos (75%) flex ou movidos a etanol.

O Ministério da Fazenda também dá exemplo. Na frota de 52 veículos, 67,3% (35) usam fonte renovável - são flex ou movidos a álcool. O restante usa gasolina ou diesel. E no Palácio do Planalto, a frota que serve ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua "entourage" é composta por 96 carros. Destes, 64 - ou 66,67% do total - são abastecidos como álcool (46) ou são flex (18).

Mônica Tavares

Fonte:

Da:

Álcool usa mais de 60% da produção brasileira de Cana


Dados divulgados hoje pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) confirmam a safra 2008/09 como uma das mais alcooleiras já registradas no Brasil. Até 15 de junho, 61,87% da cana-de-açúcar processada foi utilizada na produção de etanol (álcool combustível), ficando 38,13% para a produção de açúcar. Em igual período da safra 2007/08, o aproveitamento de cana para a produção de álcool era de 56,69%. A produção de etanol cresceu 7,01% no período em relação à safra 2007/08.

Segundo a Unica, as condições climáticas observadas até 15 de junho foram favoráveis ao desenvolvimento da cana-de-açúcar, mas negativas para a maturação da planta, o que contribuiu para nova redução no conteúdo de açúcar obtido por tonelada de cana esmagada. A produção de açúcar caiu 13,84%.

Consumo interno

O volume de álcool hidratado (o que é utilizado diretamente nos veículos) consumido no Brasil de janeiro a maio de 2008 atingiu a marca dos 5 bilhões de litros, contra 3,23 bilhões de litros no mesmo período de 2007, um crescimento de 54,8%, segundo os dados da Única. Em nove Estados, este crescimento ultrapassou 100%, com destaque para Mato Grosso, onde o consumo cresceu em 219,7%.

O diretor técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues, afirma que nas últimas semanas, em 92% do mercado brasileiro, o álcool nos postos de combustíveis registrou uma relação de preço inferior a 65% do preço do litro da gasolina, o que significa ganhos expressivos para quem está utilizando o combustível renovável.

As vendas de etanol para o mercado externo também registraram aumento. Até 15 de junho, a saída de etanol das usinas para exportação totalizou 854 milhões de litros, superando em 64% o volume embarcado no mesmo período da safra 2007/08.

Eduardo Magossi
Fonte:

Da