quarta-feira, 23 de julho de 2008

Setor Sucroalcooleiro terá mais álcool para exportar

Favorecido pela quebra da safra de milho dos Estados Unidos, o setor sucroalcooleiro nacional deve superar até dezembro o volume de exportações de etanol registrado no ano passado. Ainda não existem previsões exatas, mas os resultados dos embarques até junho reafirmam a tendência.

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) prevê que os embarques ultrapassarão com vantagem os 3,1 bilhões de litros exportados no ano passado. O país será beneficiado principalmente pela importação prevista pelo mercado dos Estados Unidos, que produzem etanol a partir do milho.

Devido a plantio 10% inferior e devastação de lavouras por inundações, o próximo ciclo norte-americano de milho deve registrar quebra entre 10% e 20% sobre as 355,6 milhões de toneladas observadas no ano passado - a colheita deve começar em setembro.

Oportunidades interessantes

Com a redução da safra, os Estados Unidos terão menos matéria-prima para a produção de etanol. Como o milho apresenta preços elevados no mercado, importar álcool também é uma alternativa economicamente mais interessante. “Dados estes problemas, esperamos que o Brasil tenha em 2008 oportunidades de negócios bem melhores do que no ano passado”, diz o diretor-executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa.

A pressão popular sobre o uso do milho para fabricação de etanol também pode favorecer as exportações brasileiras. Com a safra já quebrada, os Estados Unidos precisariam usar mais 30% do milho plantado para produzir álcool, o que tem gerado reação contrária nos consumidores.

Segundo o executivo, como a safra norte-americana ainda não começou, ainda é prematuro estimar expectativa de exportação. “Mas vai ser bem superior ao ano passado. Deve ter aumento importante. Ainda não falamos esse número porque queremos entender um pouco melhor essa questão”.

Estimativas extra-oficiais apontam que as exportações devem atingir 5 bilhões de litros – 2/3 dos quais (3,2 bilhões) seriam consumidos pelos Estados Unidos, para onde já seguiu a maior parte do etanol embarcado até junho.

O total exportado para os EUA até o último dia 30 alcançou 770 milhões de litros, quantidade 84% superior em relação aos 418 milhões de litros vendidos no mesmo período da safra 2007/08 – os números incluem os volumes embarcados via Caribe, para fugir da taxação de US$ 0,54 por galão.

Considerando todos os países compradores, as exportações totais até junho somaram 1,1 bilhão de litros, o que significa alta de 43,8% em relação à safra anterior – 50% de etanol anidro e 50% de hidratado. Apenas no mês de junho, as saídas atingiram 500 milhões de litros contra 390 milhões de litros do mesmo mês em 2007.

Estimativas da Job Economia e Planejamento apontam que a produção brasileira de álcool, com 27,1 bilhões de litros previstos, deve ser 21,3% superior na safra 2008/09 em relação ao ciclo anterior. O crescimento de fabricação é inferior ao aumento de demanda registrado este ano no Brasil. De acordo com dados mais atualizados da Unica, de janeiro a maio, o consumo de álcool hidratado atingiu 5 bilhões de litros, volume 54,8% superior ao volume demandado no mesmo período de 2007.

Fonte: Jornal A Cidade – Ribeirão Preto/SP
Da Agência

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