quarta-feira, 23 de julho de 2008

A contribuição do etanol para o bolso do consumidor

É indiscutível a sustentabilidade do etanol, seja do ponto de vista energético ou ambiental. Pelo lado energético, para cada unidade de combustível fóssil utilizada no processo produtivo são geradas 9,3 unidades de energia renovável. Já pelo aspecto ambiental, o etanol reduz em até 90% a emissão de dióxido de carbono (), quando comparado à gasolina.

Pouco se tem discutido, no entanto, sobre a sustentabilidade econômica do etanol ou álcool combustível, que é o tema que vamos abordar.

Enquanto o valor do barril do petróleo sobe diariamente no mercado internacional - já está em torno de US$ 140 -, o que tem levado a diversas altas de produtos em todo o mundo, inclusive dos alimentos, o preço da gasolina no mercado brasileiro não tem sido alterado para o consumidor final desde setembro de 2005, exceto quando o preço do etanol anidro cai no produtor. Mas, afinal, o que provoca este fenômeno?

Hoje, o consumidor brasileiro de combustíveis é, na verdade, fortemente beneficiado pelo uso do etanol, tanto pelos veículos a gasolina (que no Brasil tem uma mistura de 25% do etanol anidro) como pelos veículos a etanol ou os chamados "flex fuel".

Ou seja, atualmente, o preço do litro da gasolina para o consumidor é R$ 0,27 mais baixo do que deveria ser praticado, devido aos aspectos que exporemos a seguir.

Primeiro, porque a gasolina brasileira contém 25% de etanol anidro (que é mais barato do que a gasolina na refinaria em R$ 0,46 por litro), reduzindo o preço do combustível de petróleo para o consumidor em R$ 0,15 por litro. Em segundo lugar, porque a Petrobras pratica no mercado interno preços de gasolina inferiores aos do mercado internacional, para não permitir que o combustível fóssil perca ainda mais sua competitividade para o etanol. Para isso, a Petrobras deixa de cobrar no preço da gasolina outros R$ 0,12.

Um exemplo desses esforços da Petrobras para forçar a competitividade da gasolina foi o que ocorreu no último mês de abril. Apesar do aumento de 10% concedido para a gasolina, o preço final para o consumidor não subiu. A "mágica" para isso veio do governo, que baixou a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidente na gasolina na refinaria, na mesma medida do aumento do combustível.

Preferiu-se, ainda, aumentar o diesel em mais de 8%, do que subir o preço da gasolina, o que elevou, por exemplo, os custos de transporte coletivo e de produção e transporte de alimentos.

As perguntas que fazemos, diante disso, são: por que essa política de preços diferenciada para a gasolina? Será que a gasolina pressiona mais a inflação do que o óleo diesel?

A resposta para esta última questão é, logicamente, não. A preocupação, na verdade, é preservar o mercado da gasolina. Ou seja, um aumento de preço deste produto tornaria o etanol ainda mais competitivo, reduzindo as vendas do combustível de petróleo na refinaria.

E mais: o consumidor precisa saber que quanto mais utiliza etanol, maiores são os benefícios para o seu bolso. Atualmente, o uso de etanol hidratado nos veículos flex, no lugar da gasolina, gera uma poupança anual no Brasil de R$ 4,8 bilhões, que o brasileiro pode gastar com outros produtos. Esta poupança dobraria, atingindo R$ 9,6 bilhões, se as vendas de álcool hidratado fossem iguais às da gasolina, que graças ao uso de etanol e aos outros aspectos mencionados acima, também gera uma poupança, hoje estimada em R$ 6,6 bilhões por ano.

Isto quer dizer que, em termos proporcionais, a economia gerada pelo etanol aos consumidores brasileiros é 1,5 vez maior do que a gerada pela gasolina.

Tendo como base todas essas vantagens apresentadas pelo uso de etanol, tanto para os consumidores como para a economia do País, vale considerar com atenção a oportunidade que se abre com a discussão da reforma tributária, em curso no Congresso Nacional, a qual deverá definir, entre outros aspectos, a nova carga tributária dos combustíveis.

A expectativa é de que seja estabelecida uma tributação que favoreça a independência das fontes fósseis, como a gasolina, e também que seja garantida a competitividade do combustível limpo, renovável e econômico do Brasil, que é o etanol de cana.

Antônio de Pádua Rodrigues

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