sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mandioca doce é nova opção para etanol

A Embrapa identificou, em meio às suas pesquisas como fontes alternativas de energia, uma variedade de mandioca ideal para a produção de etanol, mas que hoje não é produzida em escala comercial. Nativa da região amazônica, a variedade é conhecida como mandioca doce e tem como diferencial o fato de produzir açúcar em vez de amido.

No país, algumas empresas realizam tentativas com o etanol de mandioca. Entre 1978 e 1983, a Petrobras produziu o combustível em uma destilaria no Maranhão, que hoje produz álcool a partir do babaçu. Empresários pernambucanos também anunciaram neste ano investimento em micro-destilarias com álcool de mandioca naquele Estado.

De acordo com Manuel Cabral, coordenador-geral da Embrapa Recursos Energéticos e Biotecnologia, as indústrias adotam um processo químico para quebrar as moléculas de amido da mandioca e convertê-las em açúcar para, em seguida, fazer a fermentação, que converte o açúcar em álcool. "Esse processo exige o uso de enzimas que são muito caras. A vantagem da mandioca doce é que ela dispensa a primeira etapa e, por isso, o custo industrial é menor".

A variedade, mais arredondada e com aparência similar à batata-doce, é pesquisada pela Embrapa desde 1999. Neste ano, a estatal iniciou os testes de campo em diferentes regiões do país para avaliar a sua adaptabilidade a diferentes condições de clima e solo. "Em laboratório, já produzimos o melaço, que é bastante semelhante ao melaço da cana. Agora vamos produzir o etanol em laboratório", diz. A expectativa , segundo ele, é obter os primeiros resultados dos testes de campo já no próximo ano. "Como é uma variedade nativa e não-transgênica, a liberação para uso comercial será simples".

Ainda na área de energia limpa, a Embrapa desenvolve variedades de cana-de-açúcar transgênicas resistentes à seca e tolerantes a insetos e pragas. A expectativa da estatal é que as novas variedades cheguem ao mercado dentro de seis anos.

Além da mandioca e da cana, a Embrapa negocia com países da África a importação de oleaginosas que apresentam resistência natural à seca. O objetivo é avaliar a sua adaptação no Brasil para a produção de matérias-primas voltadas a biocombustíveis.

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