sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Brasil e EUA ainda líderes na produção mundial de etanol em 2015

O desenvolvimento do mercado mundial de biocombustíveis dependerá do comportamento futuro e da relação entre fatores como preço do petróleo, disponibilidade de alimentos, ação de políticas governamentais (concessão de subsídios, incentivo ao consumo e metas de mistura), descoberta de novas tecnologias e competição com combustíveis fósseis. Essa é a conclusão do estudo sobre etanol e biodiesel apresentado nesta terça, dia 19, no Conselho de Estudos Ambientais da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).

Elaborada pelo economista Fábio Silveira, da RC Consultores, a análise aponta que essa combinação de fatores em escala global determinará as condições de oferta e demanda dos biocombustíveis no Brasil. De acordo com o estudo, em 2015 a liderança na produção mundial de etanol continuará pertencendo aos Estados Unidos e Brasil, cujos volumes produzidos deverão atingir o patamar de, respectivamente, 56 bilhões de litros e de 50 bilhões de litros.

Conforme a pesquisa, no caso da expansão da oferta norte-americana, ela será sustentada, essencialmente, por incentivos fiscais, já que seu custo de produção é pouco competitivo. O volume produzido pelo Brasil, por sua vez, terá forte incremento, em decorrência de suas nítidas vantagens comparativas (cadeia produtiva bastante integrada, elevada escala operacional, menor custo de produção, avançado domínio tecnológico no âmbito agrícola e industrial, disponibilidade de áreas para plantio e condições climáticas favoráveis).

O economista alertou que para a constituição de um efetivo mercado internacional de etanol, não basta que o Brasil, maior exportador, aumente de forma acelerada suas vendas externas em longo prazo. É necessário também elevar a produção desse biocombustível em diferentes regiões do mundo, ampliando tanto o número de exportadores, como de países aptos à implantação de programas de mistura de etanol à gasolina. Além disso, Silveira ressalta a necessidade do país atuar na promoção de abertura de mercados e inserção de novos produtores no cenário mundial.

Para Fábio Silveira, o crescimento da produção de etanol de milho dos Estados Unidos será menor que o registrado nos últimos anos e, por conseqüência, não terá excedente para a exportação. O economista ressalta que mesmo com tal incremento, o mercado norte-americano deverá comprar etanol brasileiro e acelerar o desenvolvimento do etanol celulósico, fundamental para que o país atinja suas metas de energia.

O presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Fecomercio, José Goldemberg, não acredita que os Estados Unidos tenham o etanol celulósico num curto espaço de tempo.

– Todo mundo que trabalha nessa área sabe que entre a produção de laboratório e a escala necessária para o mercado há uma distância terrível. Não significa que não valha a pena investir no etanol celulósico, mas uma coisa é o experimento em uma bancada de laboratório com tudo limpinho sob controle e outra é fazer isso em escala industrial – alertou Goldemberg.

No que se refere à inserção do etanol brasileiro no mercado norte-americano, o presidente do Conselho de Relações Internacionais da Fecomercio, Mario Marconini, observou que há uma sinalização de que o Congresso norte-americano estenda a atual alíquota ao nosso biocombustível até 2012 ou até por um período maior. Em sua análise, uma mudança de comportamento dos Estados Unidos traria reflexos positivos em todo o mundo.

– Os Estados Unidos poderiam ser um grande aliado brasileiro, não somente no consumo de etanol, mas também em uma possível ‘comodditização’ desse combustível, introduzindo essa cultura no resto do mundo – comentou.

Já sobre a produção do biodiesel, o economista Fábio Silveira defende que o Brasil precisa de uma política clara sobre a produção desse tipo de combustível. Hoje a produção desse combustível biodegradável gira em torno de um bilhão de litros e a expectativa para 2015 é que esse volume triplique. Nesse período, a produção brasileira de biodiesel continuará a ter na soja sua principal matéria-prima. Segundo o economista, essa medida não afetará a oferta de alimentos, pois o país tem uma grande disponibilidade de terras, o que permite tanto aumentar o plantio de soja, como também a expansão das culturas de milho e de cana-de-açúcar.

A avaliação do custo da energia elétrica, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental, é fundamental no atual cenário brasileiro, segundo o presidente do Instituto Acende Brasil, Claúdio Sales. Segundo ele, é preciso tomar cuidado para não aumentar o custo da energia elétrica ao consumidor, que hoje já é muito elevado.

FECOMÉRCIO

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