terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cana vai sustentar matriz energética

18/08/08 - Nem há porque se dizer que as energias alternativas são consideradas estratégicas para o futuro. Elas são estratégicas para hoje. Pois, além de poupar as hidrelétricas, são menos agressivas ao meio ambiente. No Brasil, o bagaço de cana-de-açúcar é um recurso em potencial, por conta das condições climáticas do País. Uma análise da Frost & Sullivan, empresa internacional de consultoria e pesquisa, estima que a quantidade de energia gerada dessa biomassa irá atingir, até 2014, 12,2 giga walts (GW). Para se ter uma idéia da dimensão, a Usina Hidrelétrica de Itaipu gera 14 GW de energia.

Isso significa que a energia gerada pelo bagaço da cana-de-açúcar pode apresentar um aumento de até quatro vezes, uma vez que, no ano passado, chegou a 3,0 GW. Essa previsão leva em conta o investimento no setor sucroalcooleiro, que tende a implementar caldeiras com maior capacidade de produção. De acordo com o analista da Frost & Sullivan, Jorge de Rosa, o Nordeste precisa ser mais explorado, pois reúne elementos essenciais para esse tipo de geração de energia, que são território, clima e solo.

“Além desses, é preciso investir na estrutura de negócios. A ausência de um cluster dificulta a exploração desse recurso”, avalia. Apesar da pesquisa não dispor de informações do quanto os estados vêm investindo na geração de energia por cana-de-açúcar, o analista revela dados sobre o potencial de cada um. A Bahia ocupa o primeiro lugar, com 30% do potencial de biomassa da Região Nordeste. “Essa posição é facilmente explicada por conta de sua extensão territorial”, explica. O Maranhão surge com uma média de 25% do potencial; em seguida, estão o Piauí, com cerca de 15%, e o Ceará, com 8%. Pernambuco só aparece em quinto lugar nessa lista, com aproximadamente 5% do potencial de todo o Nordeste.

O analista Jorge da Rosa enfatiza que esses dados correspondem a possibilidades, e não ao número de investimentos no momento. “Existem alguns obstáculos que dificultam o alcance dessas porcentagens, como a necessidade de uma regulamentação adeqüada e, conforme já foi ressaltado, de uma estrutura de negócios”, informa. O uso do bagaço de cana-de-açúcar pode, além de fortalecer a matriz energética, motiva a auto-suficiência das usinas, pois estas passam a suprir suas necessidades com a energia gerada pelo seu produto cultivado, e ainda vender o excedente para outras indústrias, gerando renda às propriedades rurais.

Priscila dos Santos
Fonte: Folha de Pernambuco
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