O álcool, pouco acreditado nos anos 80, se mostrou uma saída para a indústria automobilística depois do desenvolvimento dos motores flex fuel. A nova tecnologia, inicialmente vista com desconfiança pelos produtores de álcool brasileiros, agora faz do País um campo de provas da indústria automobilística mundial e um líder em produção do biocombustível obtido a partir da cana-de-açúcar.
“Estamos à frente do mundo com uma vantagem muito grande e muito forte”, disse com entusiasmo Francisco Nigro, professor doutor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), durante o Canasul 2008, realizado nesta sexta-feira (22) e sábado (23) no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo.
No total de vendas nos postos de combustíveis brasileiros, a gasolina fica com 27,1%, bem atrás do óleo diesel, com 50,9% do mercado doméstico. O álcool tem 12%. O número é expressivo se comparado ao consumo no mundo em 2005, de apenas 1,5%. Porém, a demanda por biocombustiveis está apenas no começo. A meta de consumo para os Estados Unidos é de 11% em 2017.
Os norte-americanos descobriram as qualidades do biocombustível. Investindo na produção a partir do bagaço do milho, eles podem ameaçar a liderança brasileira. “Eles podem demorar um, dois, quantos anos forem necessários para desenvolver o que eles querem, mas eles conseguem”, analisou Nigro, que avalia o momento como oportuno para estabelecer uma parceria. “O Brasil ganhou um grande parceiro para tornar o etanol um biocombustível global”
Liderança brasileira
Nigro aponta o caminho para o Brasil se manter líder na produção de etanol no mundo. A largada deve ser dada pela sustentabilidade social e ambiental. Nesse aspecto, é importante incentivar a pesquisa de novas variedades de cana-de-açúcar que se adaptem melhor ao solo e ao clima. O pesquisador também fez críticas à demora da obtenção da licença ambiental no País.
O planejamento e adequação da cadeia produtiva é o segundo fator a que o Brasil deve ficar atento. Aperfeiçoar e expandir o mercado interno é o terceiro fator. O pesquisador sugere que o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) seja igual em todos os estados. A regulação de estoques e a melhoria em transporte também se enquadram nesta categoria. Segundo Nigro, “o custo da logística do etanol é muito maior do que o da gasolina também porque a Petrobras já tem muita experiência nisso”.
O mercado internacional é outro fator a ser considerado. Para desenvolver a importância e a presença do etanol brasileiro mundo afora é preciso investir em marketing e promover acordos bilaterais de cooperação.
O quinto e sexto pontos elaborados pelo pesquisador se referem ao desenvolvimento e disseminação de tecnologias e ainda à coordenação entre os segmentos da cadeia de produção de cana. “É preciso trabalhar junto com a indústria e desenvolver talentos”, diz Nigro.
O 2º Canasul é promovido pela Comissão Técnica de Cana-de-açúcar da FAMASUL, Federação das Indústrias de MS (Fiems) e Governo do Estado, e tem o apoio do Sebrae/MS, do Banco do Brasil e da Sew Eurodrive.
Fonte: Sato Comunicação
terça-feira, 26 de agosto de 2008
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