terça-feira, 26 de agosto de 2008

Etanol brasileiro ganha mercado, mas pode esbarrar no protecionismo internacional

25/08/08 - Baixos custos de produção e mão-de-obra fazem do mercado sucroalcooleiro no Brasil um campeão em competitividade. Enquanto o Japão gasta 952,40 dólares para produzir uma tonelada de açúcar, na região centro-sul brasileira o produto custa 216,05 dólares. O resultado da diferença de preços está no gráfico que mostra o crescimento das exportações do País. Nos anos 60, apenas 21% da produção de açúcar era exportada. Hoje, 63,2 % é vendida a várias partes do mundo, principalmente para a Rússia.

As vantagens e os desafios do setor de açúcar e cana foram apresentados aos espectadores do Canasul 2008 por Vânia Di Addario Guimarães, pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O evento continua neste sábado (23) até as 18 horas no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo.

Etanol

O Brasil tem 400 usinas alcooleiras, das quais 187 estão no estado de São Paulo e 14 em Mato Grosso do Sul, estado que, segundo Vânia, deve se beneficiar da maior expansão do setor, ao lado de Goiás. “Norte e Norde! ste não vão ter crescimento”, constata.

O maior incentivo ao crescimento da produção de etanol é o aumento da fabricação dos veículos flex fuel, que habilitam o motor a rodar com álcool ou gasolina. “Em 2015, dos 30 milhões de veículos da frota nacional, 20 milhões terão essa tecnologia”, estima a pesquisadora.

As vantagens do álcool dependem da região onde é vendido e produzido. Em MS, o produto custa em média R$ 1,70 ao consumidor. Os motoristas mato-grossenses pagam R$ 1,14.

Barreiras

O protecionismo internacional, que atrapalha a entrada de produtos brasileiros em outros mercados, se mostra principalmente de duas maneiras. O mais visível é o tarifário, que oneram os produtores nacionais. “As especulações sobre a situação dos trabalhadores no Brasil e a questão da Amazônia acabam servindo como desestímulo à importação dos nossos produtos”, disse Vânia.

“Há um ‘ranço’ na sociedade de que os usineiros são pessoas ruins que escravizam os funcionários. Isso vem lá da época do império”, diz a pesquisadora, e defende os empresários sucrooalcooleiros: “O setor é muito vigiado, a questão trabalhista é altamente fiscalizada. E é muito bom que seja assim”.

Açúcar

Em 2006, o açúcar chegou a ser negociado a 400 dólares. O “ano do açúcar”, como ficou conhecido , teria sido melhor proveitado com um câmbio favorável, como em 2002. “Os produtores têm uma saudade incrível de 2002. Se os preços das commodities de hoje pudesse ser combinado ao câmbio daquela época, seria um ‘céu de brigadeiro’”, afirmou a palestrante.

Vânia acredita que o consumo interno de açúcar está estabilizado e não crescerá. Já o mercado externo oferece boas perspectivas, com o preço a 300 dólares. Quanto à exportação, é importante que o Brasil abra o leque de países compradores, diminuindo sua dependência de grandes clientes como a Rússia. “O açúcar ainda é um ótimo mercado, mesmo que o câmbio não facilite”, finaliza.

O 2º Canasul é promovido pela Comissão Técnica de Cana-de-açúcar da FAMASUL, Federação das Indústrias de MS (Fiems) e Governo do Estado, e tem o apoio do Sebrae/MS, do Banco do Brasil e da Sew Eurodrive.

Fabiane Sato e Carlos Henrique Braga
Fonte: Jornal Dia Dia

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